Jogo vira e Marisa (AMAR3) reverte prejuízo com lucro de R$ 5,8 milhões no 4T24

Marisa

A Marisa (AMAR3) apresentou ao mercado nesta segunda-feira (31) os resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 (4T24), registrando um lucro líquido de R$ 5,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 112 milhões obtido no mesmo período do ano anterior (4T23).

É uma reviravolta para a varejista de moda que, em 2023, se viu encurralada com sérias dificuldades financeiras por causa das recessões de 2015 e 2016, somadas à pandemia de covid-19, que impactaram severamente as finanças do público em geral e limitaram o crescimento das empresas varejistas, incluindo a Marisa. Em 2020, a companhia registrou um prejuízo líquido de mais de R$ 400 milhões, seguido por perdas adicionais de mais de R$ 70 milhões em 2021 e mais de R$ 200 milhões em 2022.

A receita líquida da companhia no 4T24 alcançou R$ 468,4 milhões, um aumento de 13% em relação ao mesmo trimestre de 2023, quando somou R$ 413,9 milhões. No acumulado do ano, a receita líquida somou R$ 1,39 bilhão, uma queda de 15% frente aos R$ 1,64 bilhão registrados em 2023.

O lucro bruto da Marisa no 4T24 foi de R$ 246,8 milhões, uma alta de 7% em comparação aos R$ 230,8 milhões do quarto trimestre de 2023. A margem bruta recuou 3 pontos percentuais, passando de 56% para 53%. No consolidado do ano, o lucro bruto somou R$ 683,6 milhões, uma redução de 15% frente ao resultado de R$ 809,5 milhões em 2023.

As despesas com vendas, gerais e administrativas caíram 23% no 4T24, totalizando R$ 170,4 milhões, ante R$ 222,3 milhões no 4T23. A relação entre as despesas e a receita líquida apresentou queda de 18 pontos percentuais, passando de 54% para 36%.

A empresa também diz no balanço financeiro que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado pós-IFRS16 (International Financial Reporting Standard 16) foi de R$ 120,2 milhões no 4T24, revertendo o prejuízo de R$ 55,3 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o Ebitda ajustado somou R$ 122,8 milhões, contra um resultado negativo de R$ 80,4 milhões em 2023.

Apesar da recuperação no trimestre, o ano de 2024 encerrou com prejuízo líquido de R$ 315,8 milhões, frente aos R$ 520,8 milhões negativos registrados em 2023.

Estratégia

A volta por cima da Marisa tem o dedo de um reposicionamento estratégico para fortalecer sua conexão com o público feminino e consolidar sua presença no mercado de moda, diz o CEO da companhia, Édson Garcia, em entrevista ao InfoMoney. Segundo ele, o movimento tem como foco capturar oportunidades nas classes B2 e C1-C2, com um olhar especial para adaptar os estilos de vida (lifestyles) às preferências da classe C. Para isso, a empresa realiza um trabalho profundo de reposicionamento, buscando oferecer produtos mais aderentes ao perfil dessa clientela.

“O foco da Marisa está em atender uma mulher com orçamento mais apertado, oferecendo moda casual acessível, que se encaixa no dia a dia de forma versátil, atendendo a diversas ocasiões. A marca aposta em peças que misturam praticidade e custo-benefício, com preço acessível, mas sem abrir mão da qualidade e durabilidade. Esse reposicionamento é para atender a uma demanda crescente por opções que combinem estilo e funcionalidade, alinhando-se às necessidades do público feminino em um contexto de maior atenção ao orçamento”, explica Garcia.

O segmento feminino, afirma ele, continua sendo o carro-chefe da rede, e a empresa identifica diferentes perfis dentro desse público. Entre eles estão jovens mais velhos, jovens com estilo romântico, mulheres adultas casuais e mulheres com estilo mais pulsante, além de nichos específicos como esportivo, linha de movimento e linha jeans.

“Cada um desses perfis passou por pesquisas detalhadas com clientes para entender as percepções atuais e os ajustes necessários. Somos uma marca em que a cliente tem orgulho de comprar porque tem a cara dela, porque cabe no bolso “, completa Garcia.

Conforme a companhia, quatro missões principais orientam o trabalho de reposicionamento e fortalecem a participação feminina, que já representa uma parcela grande das vendas. O segmento de moda íntima e calçados também ganha reforço, com o objetivo de consolidar ainda mais a presença da marca nesse universo.

Na organização das lojas, a Marisa implementou mudanças no layout para facilitar a experiência de compra. O segmento infantil agora está posicionado próximo à entrada, enquanto o setor feminino ocupa o lado esquerdo do espaço. A empresa explica que essa configuração considera o hábito de consumo das mulheres, que, ao realizar compras para as crianças, também costumam adquirir peças para si mesmas.

Os acessórios e calçados, que possuem forte apelo tanto para o público feminino quanto para o infantil, também recebem atenção especial. Garcia diz que a empresa busca aumentar a atratividade e proporcionar uma experiência de compra mais completa.

Atualmente, 84% dos consumidores da Marisa são mulheres, enquanto os homens, que representam 16%, costumam acompanhar suas parceiras nas compras. O segmento masculino, embora ampliado quando comparado aos trimestres anteriores, permanece com participação reduzida, mas a companhia já planeja melhorias pontuais para tornar o portfólio mais jovem e casual.

Crescimento

Para a restruturação dar certo, o executivo pontua que a Marisa equilibra crescimento e controle de custos em sua gestão, apostando na ampliação do portfólio e na implementação de tecnologias para otimizar processos. “Isso quer dizer que a empresa entende que cortar custos não é suficiente para alcançar resultados sustentáveis, sendo necessário também adotar estratégias de crescimento. Para isso, a Marisa investe na diversificação de produtos e na adoção de ferramentas inteligentes que aprimoram a gestão de demanda e abastecimento”, diz.

Segundo a companhia, uma parceria estratégica permitiu desenvolver uma solução de previsão de demanda que utiliza inteligência artificial para tornar o processo mais ágil e eficiente. A Marisa estruturou uma árvore mercadológica com cerca de 800 categorias de produtos, distribuídas em seis áreas principais: feminino, masculino, infantil, calçados, acessórios e outros.

Cada área possui subcategorias específicas, o que possibilita um planejamento detalhado e redução de erros. Atualmente, a empresa diz que realiza esse processo de forma manual, mas está em fase de implementação de uma ferramenta que garantirá um abastecimento mais inteligente para suas 233 lojas.

No controle de despesas, a Marisa conta com uma estrutura de controladoria que realiza análises detalhadas e revisões constantes. A empresa pontua que realiza reuniões semanais para avaliar as posições de vendas e ajustar planos de ação sempre que necessário.

A gestão de custos é feita de forma colaborativa entre os diretores, com foco em ajustes pontuais que garantam equilíbrio financeiro ao longo dos meses. Para a Marisa, a estratégia de crescimento passa pela qualificação da equipe e pela busca de margens mais elevadas, sem perder de vista a eficiência operacional.

Com as mudanças estratégicas e estruturais implementadas, a Marisa registrou aumento no fluxo de clientes ao longo de 2024. Segundo Garcia, as lojas receberam cerca de 15 milhões de visitantes no primeiro trimestre, número que subiu para quase 18 milhões no segundo trimestre. No terceiro trimestre, o fluxo chegou a quase 21 milhões de clientes, enquanto no quarto trimestre atingiu 27 milhões. A empresa afirma que os indicadores de clientes novos e resgatados praticamente dobraram ao longo do ano, evidenciando uma recuperação constante.

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