Em nota comemorando o golpe de 64, Clube Militar ataca STF

O Clube Militar divulgou sua tradicional mensagem sobre o 31 de março, aniversário do golpe militar de 1964, e criticou o Supremo Tribunal Federal (STF). No texto, intitulado “A Nação e suas instituições”, o grupo afirma que os militares foram responsáveis por fazer as instituições funcionarem durante o regime.

“Deflagrada para evitar que o Brasil se decompusesse na anarquia, na corrupção e na guerra uma vez cumprido seu papel reformador, pôde restaurar a normalidade civil, a Revolução de 1964, democrática porque respeitou, preservou e consolidou as instituições do País”, diz a nota.

O texto ainda diz que o Congresso Nacional funcionou normalmente durante o regime, o STF “permaneceu intocado” no período, as eleições ocorreram normalmente e “a imprensa era livre o bastante para criticar” o governo e medidas tomadas à época.

O Clube Militar é uma associação fundada em 1887 com integrantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O texto foi publicado após a prisão de um general de quatro estrelas, Walter Braga Netto, e uma decisão do STF que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados réus por tentativa de golpe de Estado.

A publicação do texto gerou discussão na associação e uma ala defendeu que a mensagem não fosse publicada, segundo a CNN Brasil. Nos bastidores, no entanto, oficiais admitiram estar incomodados com as decisões recentes do Supremo e avaliaram que ficar em silêncio poderia gerar prejuízos à imagem militar.

Por conta das discussões, o Clube Militar decidiu criticar as instituições, mas sem citar nenhuma nominalmente, e defender que elas não atuem com posicionamento político.

“A rememoração da Revolução de 31 de marco de 1964 reitera o compromisso dos Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica com o Brasil e a sua democracia, o farol que guiou os veteranos aqui reunidos ao longo de suas carreiras a serviço da Pátria. E lembra que não há Nação sem instituições e que elas devem atender as demandas para as quais foram criadas, acima de interesses, partidos e ideologias, em prol de todos os brasileiros”, finaliza o texto.

Leia a carta na íntegra:

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