Homenagem às mulheres aponta os muitos desafios ainda a serem enfrentados

editorial

Na série de entrevistas em homenagem às mulheres, a Tribuna, na edição de domingo, apresentou a comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Jordana de Oliveira Filgueiras Daldegan, primeira mulher a ocupar o topo da cadeia de comando da corporação. Não foi uma tarefa fácil. Após o início da carreira, marcado por situações nas quais as mulheres sentem a pressão de comprovar que dão conta do recado, ela, como destaca a repórter Sandra Zanella, aos 44 anos, entra para a história ao comandar uma corporação que chega aos 113 anos com pleno prestígio pelo trabalho que seus profissionais prestam à população.
De fato, foi uma quebra de paradigma, e é importante destacar que o governador Romeu Zema também fez história ao romper velhas tradições. A comandante não é a primeira a ocupar o topo de uma corporação. A delegada Letícia Gamboge Reis, desde maio do ano passado, é a delegada-geral da Polícia Civil de Minas. Resta apenas à Polícia Militar fazer a mesma inflexão, o que não deve demorar.
A participação das mulheres na estrutura militar sempre encontrou resistências não apenas do velho corporativismo, mas também da sociedade. E nas polícias – civil, militar e federal – a ocupação de cargos de comando ainda é um tabu, respeitadas as exceções, como é o caso de Minas Gerais.
Nas forças militares – Exército, Marinha e Aeronáutica -, ainda são poucas as mulheres na mais alta patente. Há, pois, um longo caminho a ser trilhado.
Mas, ao mesmo tempo em que se celebra essa ascensão, na política, as mulheres enfrentam as mesmas resistências, a despeito do avanço experimentado nas últimas décadas. O país já teve uma presidente mulher, mas os mineiros ainda não colocaram nenhuma governadora como sua principal liderança. Juiz de Fora quebrou o tabu ao eleger e reeleger a professora Margarida Salomão.
No entanto, no Congresso, ainda faltam vários passos. Não é de hoje que as mulheres brigam por mais espaços nos Legislativos, obtendo um mínimo de respaldo com a criação da cota de 30% das candidaturas. Foi uma concessão sem resultados, pois os partidos continuam tangenciando a legislação com a indicação de candidaturas laranjas. A Justiça Eleitoral tem feito ações importantes, mas não resolve a questão.
A alternativa seria a criação de um quórum mínimo para as vagas no Legislativo. Em princípio, falou-se em 30% das cadeiras, mas a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal vota, nesta quarta-feira, uma mudança no Código Eleitoral estabelecendo que 20% das cadeiras da Câmara e do Senado devem ser ocupadas por mulheres.
O relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), dá com uma mão e tira com a outra, pois desobriga os partidos de cumprirem a cota de 30% de candidaturas. A discussão não é definitiva, precisando, ainda, passar pelo plenário e pela Câmara Federal.

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