Brasil pode taxar filmes de Hollywood, carros e alimentos em resposta a Trump

Letreiro de Hollywood representa a maior indústria cinematográfica do mundo. Foto: reprodução

O governo do presidente Lula (PT) trabalha em duas frentes diante do anúncio de novas medidas protecionistas pelos Estados Unidos, previsto para a próxima quarta-feira (15). Enquanto negocia um acordo para proteger suas exportações, o Brasil também avalia possíveis retaliações caso as tarifas estadunidenses afetem produtos do país.

Entre as opções em estudo estão a elevação de impostos sobre importações dos EUA, a taxação de dividendos de filmes de Hollywood e até a quebra de patentes de medicamentos, sementes e defensivos agrícolas.

Segundo o jornal O Globo, fontes do governo brasileiro afirmam que qualquer retaliação seria um “último recurso”, mas listam como possíveis alvos:

Produtos importados: óculos de sol, fones de ouvido, cerejas, batatas e automóveis poderiam ter tarifas aumentadas.
Propriedade intelectual: bloqueio temporário de remessas de royalties e dividendos de filmes, músicas e livros americanos.
Patentes: cassação emergencial de medicamentos não controlados e sementes, com base em regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Se é para retaliar, tem que ser em algo que preocupe o outro lado, sem afetar o Brasil”, disse um interlocutor do governo.

Apesar das opções, há cautela. Aumentar tarifas pode encarecer insumos para a indústria nacional e pressionar a inflação. Já a quebra de patentes, embora seja eficaz como pressão política, poderia desestimular investimentos em inovação.

Donald Trump, presidente dos EUA, tem implementado uma guerra tarifária por protecionismo. Foto: reprodução

O Brasil já sinalizou que recorrerá à OMC se as tarifas forem aplicadas unilateralmente. A estratégia ganharia força se outros países afetados, como China e membros da União Europeia, aderirem à disputa.

Segundo a colunista Miriam Leitão, do jornal O Globo, o governo Trump deve divulgar novas tarifas país por país, variando entre 10% e 25%, sobre produtos como aço, alumínio, madeira, fármacos e etanol. Ainda não está claro se as medidas valerão imediatamente ou terão prazo de implementação.

Uma possibilidade é que os EUA adotem taxações lineares, afetando todos os exportadores, e não apenas o Brasil. Outro cenário seria a reciprocidade tarifária – por exemplo, elevando a alíquota do etanol brasileiro para 18%, mesma taxa que os EUA enfrentam aqui.

Em conversas com representantes estadunidenses, o governo Lula destacou que a balança comercial bilateral (US$ 80 bilhões em 2023) é favorável aos EUA, com superávit de US$ 200 milhões para os EUA.

Além disso, oito dos dez principais produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos já têm tarifa zero. O governo brasileiro também argumenta que as economias são complementares, sendo que o Brasil vende matérias-primas, não produtos acabados que competem com a indústria local.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Adicionar aos favoritos o Link permanente.