Nem pinguins escaparam: até ilhas remotas e desabitadas sofrem tarifas de Trump

Por mais improvável que pareça, até ilhas desabitadas e recobertas por geleiras foram atingidas pela nova onda de tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump. A nova política tarifária, baseada em um cálculo de saldo comercial, incluiu regiões praticamente isoladas do planeta, consideradas “ameaças” tarifárias apesar de não terem exportações formais, comércio ativo com os EUA ou sequer população.

Entre os alvos está o território australiano de Heard Island e McDonald Islands, um arquipélago vulcânico próximo à Antártida, sem habitantes e com acesso apenas por uma viagem de barco de duas semanas saindo de Perth. Ainda assim, o local entrou na lista da Casa Branca como um “país” sujeito a tarifa de 10% sobre exportações para os EUA.

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O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, reagiu com ironia: “Norfolk Island recebeu uma tarifa de 29%. Não tenho certeza de que Norfolk Island, com todo respeito, seja uma concorrente comercial da gigantesca economia dos Estados Unidos. Mas isso apenas mostra que em nenhum lugar do planeta se está seguro.”

A lista também trouxe surpresas como Norfolk Island, outro território externo da Austrália com pouco mais de 2 mil habitantes. A ilha recebeu uma tarifa de 29%, bem acima dos 10% aplicados ao restante da Austrália.

Segundo dados oficiais, em 2023 Norfolk exportou US$ 655 mil aos EUA, majoritariamente calçados de couro. Mas o administrador da ilha, George Plant, contestou esses números: “Não há registros de exportações conhecidas de Norfolk Island para os Estados Unidos, nem tarifas ou barreiras comerciais aplicáveis a produtos vindos da ilha”, declarou ao Guardian.

Mais inusitado ainda é o caso de Heard Island. Apesar de não ter infraestrutura, nem população fixa, dados do Banco Mundial indicam que os EUA importaram US$ 1,4 milhão em produtos de lá em 2022 — principalmente na categoria de “máquinas e eletrônicos”. A origem e destino reais dessas mercadorias não são conhecidos.

(com The Guardian e Wall Street Journal)

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