
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Taurus (TASA4) espera que sua produção de armas nos Estados Unidos ajude a companhia brasileira a minimizar os impactos das sobretaxas de importação impostas pelo governo de Donald Trump na véspera, afirmou o presidente da companhia, Salesio Nuhs.
A Taurus, uma das maiores fabricantes de armas no mundo, tem instalações produtivas no Brasil e nos EUA, e, conta com uma capacidade diária de 10 mil armas, sendo 7 mil no Brasil e 3 mil em território norte-americano.
Atualmente a maior parte da produção brasileira (85%) vai para os EUA, disse o executivo. “Estamos de olho nas consequências do tarifaço”, afirmou Nuhs à Reuters na quarta-feira, durante a feira de produtos militares Laad, no Rio de Janeiro, e antes do anúncio das sobretaxas de Trump.
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Na quarta-feira, Trump anunciou uma tarifa básica de importação de 10% sobre todas os produtos enviados aos EUA e taxas mais altas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país, em uma medida que intensificou a guerra comercial iniciada por ele em seu retorno à Casa Branca neste ano.
A Taurus anunciou na terça-feira um memorando de entendimento sobre uma possível aquisição da fabricante de armamentos Mertsav, da Turquia, aliada dos EUA.
Segundo Nuhs, a Taurus espera concluir a aquisição da Mertsav no segundo semestre, o que deverá tornar a companhia brasileira a uma das poucas no mundo a oferecer uma ampla variedade de armamentos.
“Seremos a única empresa no mundo com oferta e um cardápio diverso, do calibre 22 até a .50”, afirmou o executivo. “A compra da empresa turca pode acelerar nossa decisão que já está tomada que é fazer a (metralhadora) .50.”
O negócio com a Mertsav, que Nuhs não citou valores, pode abrir pra a Taurus o mercado na Arábia Saudita, um dos alvos da estratégia de internacionalização da fabricante brasileira.
Segundo o executivo, uma joint venture pode ser firmada com uma empresa saudita e uma proposta já foi apresentada ao governo da Arábia Saudita e está em fase de análise. A provável compra da empresa turca pode ajudar a atender a demanda saudita que mira a aquisição desse tipo de armamento de guerra.
Para Nuhs, ter uma arma .50 no portfólio deve “mudar o rumo da companhia (Taurus) na indústria”.
“Acho que vai dar tudo certo. É uma empresa enxuta (Mertsav) e não esperamos encontrar nenhuma cabeça de burro enterrada ou esqueleto no armário”, afirmou.
Além da Arábia Saudita, a Taurus também está de olho no mercado indiano.
A empresa brasileira tem uma joint venture na Índia com a Jindal Defence chamada de JD Taurus que produz armas leves. A parceria está de olho em uma concorrência do governo indiano que pretende adquirir milhares de armas de fogo nos próximos anos.
A concorrência já está na segunda fase em que, segundo Nuhs, ainda participam mais cinco empresas além da Taurus. Segundo o executivo, a demanda indiana seria de até 425 mil armas pesadas em cinco anos.
“O resultado deve sair em quatro a seis semanas. E temos expectativas positivas porque somos competitivos e já passamos por muitos testes. Há exigência conteúdo nacional, sendo 40% no primeiro ano chegando a 100%” nos anos seguintes, afirmou.
DRONE ARMADO
Na feita, a Taurus apresentou um drone que pode ser equipado com fuzil e metralhadora, chamado de Taurus Tatical Air Soldier (Taurus Soldado Tático Aéreo).
O equipamento, tem sistema de disparo com câmera com resolução 4K estabilizada em 3 eixos, mira laser, e “inteligência artificial embarcada para identificação de alvos”.
A arma custa R$1 milhão, mas ainda precisa de aprovações regulatórias para ser utilizada, afirmou a companhia.
A ideia, segundo a Taurus, é usar o TAS como um substituto de helicópteros em “ações de progressão, reduzindo o risco às equipes em solo, eliminando o risco à equipe aérea e minimizando danos materiais em casos de alvejamento ou quedas do equipamento”.
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