
A realidade de transformar a camisa de futebol em um verdadeiro outdoor começa a não ser mais exclusividade dos times. As federações perceberam nos últimos anos um espaço para também lucrar com a venda de patrocínios nos uniformes da arbitragem.
Com valores que começam na casa dos R$ 500 mil por mês e chegam até a R$ 1 milhão, a monetização dos homens do apito tem sido cada vez mais comum não só no Brasil, mas também na América do Sul.
No Campeonato Paulista, que teve sua decisão entre Corinthians e Palmeiras na Neo Química Arena, a publicidade nos uniformes dos árbitros teve marcas como Smart Fit, HiperCap e Unisa. Neste caso, até a cabine do VAR recebeu espaço para ativações comerciais com a presença de BIS.
Um dos principais intermediadores desses contratos é a Wolff Sports, cujo sócio-diretor, Fábio Wolff, destaca o impacto desse tipo de exposição.
“A arbitragem possui grande evidência durante o jogo, especialmente com a criação do VAR. Isso torna os uniformes dos juízes atraentes para marcas que desejam investir em publicidade esportiva”, analisou o especialista.
No ano passado, cinco empresas distintas tiveram seus logotipos estampados nos uniformes dos árbitros, incluindo Quartzolit, Brasilit, Placo, FutFanatics, OdontoCompany e Poty.
O Campeonato Mineiro também segue essa tendência, com Gerdau, 7K, Ses Senat e Uniube aparecendo na camisa dos juízes. Neste caso, os negócios foram feitos pela Heatmap, que tem Renê Salviano como CEO.
“A repercussão dessas imagens em programas esportivos e redes sociais potencializa o impacto das marcas. Nosso trabalho é viabilizar parcerias que gerem resultados para todas as partes envolvidas”, destacou Salviano.
Em âmbito nacional, o Brasileirão fez uma parceria com a marca italiana Macron para fornecer o uniforme para seus árbitros desde 2023, o que coloca o Nacional ao lado das principais competições europeias. A empresa substituiu a Kappa em acordo que valorizou a CBF.
Na Copa Libertadores, a TCL investiu em um patrocínio milionário, garantindo sua presença não apenas em placas e outdoors, mas também nos uniformes dos árbitros. Anteriormente, a Bridgestone e a DHL também já estiveram ocupando esses espaços.
Mas será que a autoridade que faz as regras do jogo serem cumpridas deveria receber patrocínios? E os possíveis conflitos de interesse que envolvem juiz e equipes sendo patrocinados pelas mesmas empresas?
Essa não é uma preocupação de Reginaldo Diniz, CEO da End to End, agência que traz soluções de marketing esportivo. “Os árbitros fazem parte do espetáculo e as empresas perceberam que podem se conectar ao público através deles, sem que isso interfira na percepção da performance dos juízes.”
Para Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM, essa preocupação também não existe e ele ainda destaca que o mercado pode evoluir.
“Hoje, a arbitragem é vista como um espaço publicitário, mas as marcas poderiam ir além, criando histórias que conectem os profissionais do apito ao torcedor de maneira mais autêntica”, finaliza.
The post De olho no apito: federações transformam juízes em garotos-propaganda appeared first on InfoMoney.