Boletim Focus, discurso de Galípolo e do Fed: os destaques desta 2ª

Os investidores acompanham dados relevantes no Brasil e nos Estados Unidos nesta segunda-feira (7). Às 8h25, o Banco Central divulga o Boletim Focus, com as projeções do mercado para inflação, juros, câmbio e crescimento. Nos EUA, o Índice de Tendência de Emprego de março será publicado às 11h, e os dados de crédito ao consumidor de fevereiro saem às 16h (horário de Brasília). Esses números devem influenciar os próximos passos do mercado, que já reage aos desdobramentos da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Na sexta-feira (4), o dólar disparou, registrando a maior alta percentual diária desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. A moeda norte-americana subiu 3,72% e encerrou o dia cotada a R$ 5,8382, acumulando um avanço de 21 centavos em apenas uma sessão. A valorização foi atribuída à reação do mercado externo à retaliação chinesa às tarifas impostas pelos Estados Unidos, o que aumentou as preocupações com a economia global.

O Ibovespa acompanhou o movimento negativo dos mercados internacionais e caiu 2,96%, aos 127.256 pontos, na pior queda diária desde 18 de dezembro do ano passado. Apenas três ações encerraram o dia em alta. A bolsa brasileira oscilou entre 131.139 e 126.465 pontos, com um volume financeiro negociado de R$ 31,8 bilhões. A aversão ao risco ganhou força após a China anunciar tarifas de 34% sobre produtos norte-americanos e controles sobre a exportação de terras raras, o que elevou as tensões comerciais.

O que vai mexer com o mercado nesta segunda

Agenda

Nesta segunda-feira, o presidente Lula cumpre agenda em Montes Claros (MG) pela manhã, onde, às 10h20, participa de visita e cerimônia de anúncio de expansão da fábrica da Novo Nordisk. Às 13h30, embarca para São Paulo, com chegada prevista às 14h45 no Aeroporto de Congonhas. Às 15h30, participa de visita e cerimônia de anúncio de investimentos e contratações do Mercado Livre.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, particpa às 8h de audiência com Joesley Batista, acionista da J&F Investimentos S.A. Em seguida, às 9h, faz o discurso de abertura do evento de premiação anual Rankings Top 5 2024, promovido pelo Banco Central. Às 9h30, recebe Rubens Menin, presidente do conselho do Banco Inter, João Vitor Menin, CEO, e Alexandre Riccio, CEO Brasil, para tratar de assuntos institucionais. Por fim, às 10h30, tem audiência com executivos do Banco Safra, incluindo José Olympio Pereira, Rafael Werner e Alberto Monteiro de Queiroz.

Às 11h30, nos Estados Unidos, a diretora do Federal Reserve, Adriana Kugler, realiza discurso.

Brasil

8h25 – Boletim Focus

EUA

11h – Índice de Tendência de Emprego (março)

16h – Crédito ao Consumidor (fevereiro)

Zona do Euro

6h – Vendas no varejo (fevereiro)

Internacional

Manifestação contra Trump

Mais de mil cidades nos EUA e no exterior registraram protestos contra o presidente Donald Trump no sábado (5), segundo a agência de notícias AFP. As manifestações, que aconteceram em locais como Washington, Nova York e Londres, foram as maiores desde seu retorno ao poder. Os protestos criticaram cortes em serviços públicos e tarifas que afetam os trabalhadores. O lema “Tire suas mãos” foi amplamente adotado. Capitais europeias também expressaram oposição ao governo republicano. Uma faixa gigante foi estendida perto da Casa Branca em repúdio às políticas. Apesar da mobilização, a Casa Branca disse que Trump mantém apoio de sua base.

Sobre as tarifas

Trump classificou a atual guerra comercial como uma “revolução econômica” e voltou a criticar a retaliação da China às tarifas impostas por Washington. Em publicação na Truth Social, ele afirmou que a batalha “não será fácil, mas o resultado final será histórico”, prometendo: “Nós venceremos”. Desde quarta-feira (2), apelidada por Trump de “Dia da Libertação”, os EUA aplicam tarifas recíprocas a vários parceiros, incluindo uma taxa de 34% sobre produtos chineses.

Negociações

Mais de 50 países procuraram a Casa Branca para iniciar negociações comerciais após o anúncio de novas tarifas pelos EUA, segundo Kevin Hassett, assessor econômico de Trump. Em entrevistas no domingo (6), autoridades do governo defenderam as medidas, apesar da queda de 10% nas ações americanas desde a adoção das tarifas. Hassett negou que a estratégia visa pressionar o Fed a cortar juros, como sugerido por um vídeo compartilhado por Trump. Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, minimizou os riscos de recessão, citando crescimento do emprego.

Economia

Encontro

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reuniu-se no sábado (5), em São Paulo, com líderes dos maiores bancos privados do país. Segundo o BC, o encontro faz parte de reuniões periódicas com o Sistema Financeiro Nacional para discutir a estabilidade financeira, e foi agendado para conciliar as agendas dos participantes. A reunião ocorreu em meio à operação de compra do Banco Master pelo BRB, tema central do encontro, segundo o Estadão. Estiveram presentes os presidentes do Itaú, Bradesco, Santander, BTG Pactual, além do presidente do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), Daniel Lima. O negócio entre BRB e Banco Master ainda depende de aval regulatório.

Balança comercial

A balança comercial brasileira fechou março com superávit de US$ 8,154 bilhões, o segundo maior da série histórica para o mês. O resultado foi alcançado graças ao início das safras agrícolas e pelo aumento nas exportações de carnes, café e minério de cobre. As exportações totalizaram US$ 29,177 bilhões, alta de 5,5% em relação a março de 2024. As importações também cresceram, somando US$ 21,023 bilhões. Destaque para a compra de máquinas, motores e fertilizantes. No setor agropecuário, o volume embarcado cresceu 10,8%. Já a indústria extrativa teve queda nas exportações por conta da manutenção de plataformas.

Imposto de Renda

Em quase três semanas, a Receita Federal recebeu 8,2 milhões de declarações do IRPF 2025, o que representa 17,75% do total esperado. O prazo vai até 30 de maio. A declaração pré-preenchida teve atraso por causa da greve dos auditores, mas já foi utilizada por 2,8 milhões de contribuintes. A expectativa é receber 46,2 milhões de documentos neste ano, 7% a mais que em 2024. Devem declarar quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888 ou teve receita rural superior a R$ 169.440. Quem ganhou até dois salários mínimos está isento, salvo exceções.

Política

Avaliação

A percepção negativa sobre a economia brasileira avançou dez pontos percentuais desde o fim do ano passado e atinge agora 55% da população, segundo o Datafolha. É a primeira vez, no terceiro mandato de Lula (PT), que a maioria dos brasileiros diz ver piora no cenário econômico.

Líder

Pesquisa Datafolha divulgada no sábado (5) mostra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderando todos os cenários testados para 2026. Contra Jair Bolsonaro (PL), Lula tem 36% das intenções de voto, contra 30%. Em disputa com Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula aparece com 35%, e o governador paulista, com 15%. Contra Michelle Bolsonaro, Lula também lidera com 35%, ante 15% da ex-primeira-dama. Mesmo com vantagem nas intenções de voto, a rejeição ao governo Lula segue elevada: 38% o consideram ruim ou péssimo. A aprovação é maior no Nordeste e menor entre evangélicos, homens e moradores do Sul. A pesquisa ouviu 3.054 pessoas em 172 cidades.

Esvaziada

A manifestação organizada por Jair Bolsonaro no domingo (6), na Avenida Paulista, reuniu cerca de 44,8 mil pessoas, segundo estimativa da USP, marcando uma grande queda em relação ao ato de fevereiro de 2024, que contou com 185 mil. O ex-presidente voltou a pedir anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. A mobilização esvaziada teve a intenção de chamar atenção para o projeto de perdão que tramita na Câmara. Ao microfone, o pastor Silas Malafaia atacou o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “covarde” e “ditador da toga”. Criticou o STF, dizendo que virou um tribunal de “injustiça e politicagem”. Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) chamou Alexandre de Moraes de “covarde” e Barroso de “debochado”, e acusou o STF de usar o 8 de Janeiro para “amedrontar” a oposição.

Volta Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou no domingo (6), que a anistia é uma pauta urgente porque é necessário “pacificar o País”. Segundo o ex-ministro do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, é preciso “discutir o que interessa”. Nessa seara, Tarcísio citou a inflação e o preço dos alimentos para afagar seu padrinho político: “Se está tudo caro, volta Bolsonaro”.

Contra soltura

Pesquisa Genial/Quaest divulgada no domingo (6) mostra que 56% dos brasileiros são contra a soltura dos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Apenas 34% defendem a anistia, sendo 18% por acharem que os réus nunca deveriam ter sido presos. Entre eleitores de Lula, 77% são contra o perdão; entre os de Bolsonaro, 61% são a favor, mas 32% também rejeitam a medida. A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre 27 e 31 de março. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

PEC da Segurança

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se reúne nesta terça-feira (8) com líderes da Câmara para discutir a PEC da Segurança Pública. O encontro, articulado por Gleisi Hoffmann, será na casa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e contará com a presença de opositores como Paulo Bilynskyj (PL-SP). A proposta, considerada prioridade de Lewandowski, enfrenta resistência no Congresso, inclusive entre petistas, que veem pouco efeito prático na percepção de segurança. Após críticas, o texto foi modificado para garantir autonomia dos governadores e incluir o papel das guardas municipais. A proposta deve ser enviada ainda neste mês.

Sigiloso

Servidores da Abin entregaram à Casa Civil um projeto de lei para atualizar a legislação que rege a agência de inteligência, buscando dar respaldo legal às suas operações sigilosas. A minuta propõe autorizar explicitamente o uso de técnicas como vigilância, monitoramento de alvos e ferramentas tecnológicas intrusivas — práticas já adotadas, mas sem regulamentação clara. Também propõe transferir do GSI para o diretor-geral da Abin o poder de compartilhar dados e garantir sigilo sobre a identidade dos agentes. A iniciativa surge após denúncia de espionagem envolvendo o Paraguai, e a Casa Civil avalia que ainda não é o momento político ideal para avançar com o projeto.

Verba do Judiciário

O STF formou maioria para excluir as receitas próprias do Judiciário federal do limite de despesas do novo arcabouço fiscal. A decisão atende à ação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O relator, Alexandre de Moraes, defendeu que a medida preserva a autonomia dos Poderes. A maioria dos ministros acompanhou o voto. A regra fiscal continua válida para recursos repassados pela União. A AGU e a PGR divergiram sobre a exclusão. O novo arcabouço limita o crescimento dos gastos com base na arrecadação.

Primeira-dama

A Advocacia-Geral da União (AGU) publicou um parecer que orienta a atuação dos cônjuges de presidentes da República, após críticas sobre os gastos da primeira-dama Janja. O texto reconhece que a atuação deve ser voluntária, sem remuneração, com transparência nas viagens e uso de recursos públicos. A AGU recomenda divulgação de agenda e despesas no Portal da Transparência. A medida vem após revelações de gastos, como R$ 203,6 mil em Paris e R$ 34,1 mil em passagens para Roma, além de discussões sobre o papel não oficial, mas ativo, da primeira-dama no governo Lula.

Proposta

O Brasil vai propor à Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) uma candidatura única da América Latina e Caribe para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ficará vago em 2026 com o fim do mandato de António Guterres. A ideia é reforçar a rotatividade regional, já que o último latino-americano no cargo foi Javier Pérez de Cuéllar, nos anos 1980. O Itamaraty também pretende sugerir um nome feminino, com destaque para Mia Mottley e Michelle Bachelet. A proposta será discutida na próxima reunião da Celac, em Honduras. A escolha do chefe da ONU passa pelo Conselho de Segurança e deve evitar vetos das grandes potências.

(Com Reuters, Agência Brasil e Estadão)

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