
A Microsoft demitiu duas funcionárias que protestaram publicamente contra contratos da empresa com o Exército de Israel durante as comemorações do 50º aniversário da companhia, realizadas na última sexta-feira (4), no campus de Redmond, em Washington (EUA).
As informações são do grupo No Azure for Apartheid, formado por trabalhadores da empresa contrários ao uso de tecnologia militar. A primeira a se manifestar foi Ibtihal Aboussad, engenheira de software baseada no Canadá, que interrompeu um discurso de Mustafa Suleyman, novo chefe de inteligência artificial (IA) da Microsoft.
Durante o protesto, que estava sendo transmitido ao vivo, Aboussad acusou a empresa de “vender armas de IA para o Exército israelense” e afirmou que a Microsoft tem “sangue nas mãos”. Ela foi retirada do palco por seguranças.
Mais tarde, durante um painel com o CEO Satya Nadella, o cofundador Bill Gates e o ex-CEO Steve Ballmer, a funcionária Vaniya Agrawal também protestou contra os contratos da Microsoft com o governo israelense. Ela já estava em aviso prévio de demissão, mas foi desligada imediatamente após o episódio.
Segundo o grupo de ativistas, Aboussad foi comunicada da demissão na segunda-feira (6), por meio de uma carta em que a empresa a acusa de má conduta e de agir com o objetivo de “ganhar notoriedade” e causar “a maior interrupção possível”.

Em nota oficial, a Microsoft declarou que apoia a liberdade de expressão, mas que manifestações devem ocorrer sem comprometer o funcionamento dos negócios. “Estamos comprometidos com os mais altos padrões em nossas práticas comerciais”, afirmou a empresa.
Durante sua fala, Aboussad se dirigiu a Suleyman gritando: “Você diz se importar em usar a IA para o bem, mas a Microsoft vende armas de IA para o Exército israelense. Cinquenta e cinco mil pessoas morreram, e a Microsoft alimenta esse genocídio em nossa região”.
Ela ainda chamou o executivo de “war profiteer” (quem lucra com a guerra), lançou um keffiyeh — símbolo de solidariedade ao povo palestino — no palco e foi retirada por agentes de segurança.
Uma investigação da Associated Press, divulgada em fevereiro, revelou que modelos de inteligência artificial da Microsoft e da OpenAI teriam sido utilizados por Israel em programas militares para seleção de alvos em ataques aéreos, especialmente em Gaza e no Líbano.
Além das manifestações recentes, outros episódios de protestos internos já ocorreram. No início do ano, cinco funcionários da empresa também foram retirados de uma reunião com Satya Nadella após se posicionarem contra os contratos com o governo israelense.
Confira o vídeo:
Duas funcionárias muçulmanas da Microsoft foram demitidas após interromperem um evento corporativo para protestar contra os contratos da empresa com Israel. pic.twitter.com/b20U88Lgzz
— Gazeta do Mundo (@gazetadomundo) April 8, 2025
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