
Um juiz federal dos Estados Unidos determinou nesta terça-feira (8) que a Casa Branca restaure o acesso total de jornalistas e fotógrafos da agência Associated Press (AP) ao Salão Oval, ao avião presidencial Air Force One e a outros espaços reservados à imprensa.
A decisão ocorre após o presidente Donald Trump suspender esse acesso, em fevereiro, como retaliação ao uso do termo “Golfo do México” — em vez de “Golfo da América”, como ele decretou — em uma reportagem da AP.
A sentença foi proferida pelo juiz distrital Trevor McFadden, nomeado pelo próprio Trump. Segundo ele, impedir o trabalho da AP configura violação da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante a liberdade de expressão e de imprensa.
“Se o governo abre suas portas para alguns jornalistas, ele não pode fechá-las para outros com base em suas opiniões”, afirmou o magistrado, ao ordenar que a Casa Branca revogue imediatamente a restrição.
A Associated Press entrou com uma ação judicial logo após a proibição. Durante a audiência realizada em março, o advogado da agência, Charles Tobin, classificou a medida como “retaliação abjeta” e criticou a decisão da Casa Branca de adotar um novo sistema de rodízio para limitar o acesso da imprensa, excluindo deliberadamente a AP da cobertura presencial.

De acordo com a defesa da agência, o novo sistema rompe com uma tradição de quase 100 anos, na qual eram os próprios jornalistas que determinavam, em conjunto, os membros do corpo de imprensa que cobrem a presidência.
O governo, representado pelo advogado do Departamento de Justiça, Brian Hudak, alegou que tanto a Casa Branca quanto o presidente têm autoridade para decidir quem integra a equipe de cobertura presidencial. A justificativa, no entanto, foi rejeitada pelo juiz McFadden.
O episódio teve início após a Associated Press manter em seu guia de estilo o termo “Golfo do México” — usado há mais de quatro séculos — mesmo após o decreto de Trump que tentou renomear a área como “Golfo da América”.
A AP publicou um editorial informando que continuará utilizando a nomenclatura histórica, reconhecendo apenas que houve uma tentativa de mudança, válida apenas dentro dos Estados Unidos. Países vizinhos, como o México, além de organizações internacionais, não reconhecem o novo nome.
Fundada em 1846, a Associated Press é uma das principais agências de notícias do mundo, fornecendo conteúdo jornalístico para veículos nos Estados Unidos e no exterior.
O governo Trump vem colecionando derrotas no judiciário americano: os excessos do extremista republicano vêm sendo coibidos por juízes de primeira instância em casos que envolvem desde a revogação de cidadanias já concedidas pelos EUA até a suspensão da interrupção da atividades da Usaid.
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