
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, recuou parcialmente na ofensiva que vinha promovendo pela votação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e passou a adotar uma estratégia de negociação na Câmara dos Deputados. A mudança ocorre após críticas à postura agressiva da sigla e resistência do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que se recusou a pautar o projeto sob alegação de evitar “crises institucionais”.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), retirou a orientação de obstrução às pautas e comissões da Casa — medida que vinha sendo usada para pressionar o avanço do requerimento de urgência da proposta. Segundo ele, a decisão foi um gesto político: “Foi para dar uma oxigenada, mostrar que não somos tão radicais”, disse ao jornal O Globo. A legenda afirma já ter recolhido 201 das 257 assinaturas necessárias para protocolar o pedido de urgência.

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Nos bastidores, parlamentares do Centrão avaliaram que o PL “errou na mão” ao intensificar a pressão e ameaçar divulgar a lista dos deputados que não assinaram o requerimento. A ameaça gerou incômodo entre partidos de centro e foi vista como contraproducente. A avaliação de lideranças é de que Hugo Motta, apesar da pressão pública, não deve ceder neste momento.
Ação nas redes e nos corredores
Desde o início da semana, o PL tem promovido ações dentro e fora da Câmara para ampliar o número de assinaturas. Além das abordagens diretas a parlamentares, a sigla contratou mobilizadores para atuar no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, com camisetas estampando “Anistia Já” e QR Codes que direcionam ao link do requerimento no sistema Infoleg Parlamentar.
Mesmo que o PL atinja o número mínimo de assinaturas, a decisão de pautar a urgência cabe exclusivamente ao presidente da Câmara. O requerimento sinaliza apoio, mas não obriga a votação.
Enquanto isso, Hugo Motta priorizou nesta terça-feira (8) a votação de urgência para quatro projetos relacionados à estrutura do Poder Judiciário — incluindo criação de cargos no STF e STJ. Para aliados, o gesto representa uma sinalização direta às cortes superiores em meio às discussões sobre os atos antidemocráticos.
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