
Começou nesta segunda-feira (7) a campanha nacional de vacinação contra a gripe. A meta é imunizar 90% dos chamados grupos prioritários, que incluem crianças de 6 meses a menores de 6 anos, idosos e gestantes.
De acordo com o Ministério da Saúde, o imunizante distribuído na rede pública protege contra um total de três vírus do tipo influenza e garante uma redução do risco de casos graves e óbitos provocados pela doença.
Em 2025, a dose contém as seguintes cepas: H1N1, H3N2 e B. A administração, de acordo com o ministério, pode ser feita junto com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.
De acordo com Rosana Richtmann, médica infectologista e consultora em vacinas da Dasa, a principal novidade da campanha de vacinação neste ano é justamente a inclusão da vacina no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos.
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“Isso significa que esses grupos prioritários terão acesso à vacina durante todo o ano, e não apenas no período da campanha sazonal, o que amplia a proteção e facilita o acesso ao imunizante”, destaca.
A vacina contra a gripe também pode ser tomada na saúde privada, cuja distribuição é realizada em clínicas especializadas ou em farmácias, por exemplo. A infectologista explica que a diferença do imunizante oferecido na rede privada é que são vacinas quadrivalentes, ou seja, que protegem contra as mesmas três cepas da trivalente (disponível na rede pública), mais uma linhagem adicional do vírus B (Yamagata), oferecendo uma cobertura mais ampla.
“Há ainda a vacina contra Influenza de alta dose deve ser a opção preferencial para pessoas com 60 anos ou mais. O imunizante, disponível no sistema privado de saúde, contém quatro vezes mais antígenos do que a versão padrão e oferece maior proteção para uma população que apresenta resposta imunológica reduzida devido ao envelhecimento”, esclarece Rosana.
Especialistas alertam que a vacinação contra a gripe é uma das formas mais eficazes de prevenir a doença, que pode evoluir para quadros graves, especialmente entre a população idosa.
Gripe é diferente de resfriado?
Segundo Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a gripe é uma infecção respiratória transmissível que costuma provocar sintomas como:
- coriza,
- febre,
- dor de cabeça,
- dores no corpo,
- tosse,
- mal-estar.
Em geral, os casos leves duram de três a cinco dias, mas não é possível prever como cada pessoa irá evoluir. Por isso, alerta o médico, é um erro encarar a gripe como uma simples indisposição.
“O vírus Influenza pode desencadear um processo inflamatório sistêmico no organismo. Em grupos mais vulneráveis, como os idosos ou pessoas com doenças crônicas, isso pode levar a complicações sérias, como pneumonia viral, e favorecer eventos cardiovasculares, como infarto e AVC, devido à resposta inflamatória e às alterações na coagulação sanguínea”, explica o infectologista.
De acordo com o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) em 2024 as hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causadas pela gripe em pessoas com 60 anos ou mais subiram 189%, com crescimento de 157% nas mortes e taxa de letalidade de 21,7%. Em média, um em cada cinco idosos internados por gripe não resistiu.
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O especialista explica que a vacina contra a gripe é composta por vírus inativo, ou seja, não tem capacidade de causar a doença. “O que pode acontecer é a pessoa se vacinar e nesse intervalo ser exposta a outro vírus respiratório que esteja em circulação. Mas a gripe não é causada pela vacina”, esclarece Piastrelli.
Os efeitos adversos da vacina são leves e passageiros, como dor no local da aplicação, febre baixa, dor de cabeça e no corpo, e afetam cerca de 1% das pessoas vacinadas. As contraindicações são raras e incluem reações alérgicas graves a doses anteriores ou ao ovo.
Conscientização
Apesar da segurança e eficácia da vacina, a adesão entre adultos ainda é afetada pela desinformação. “Sites como o do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) oferecem as informações mais precisas. Além disso, profissionais de saúde bem-informados têm maior probabilidade de recomendar vacinas da forma correta e combater a desinformação entre seus pacientes”, acrescenta Piastrelli.
A geriatra e presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatra e Gerontologia (SBGG), Maisa Kairalla, também ressalta que é preciso haver um trabalho coletivo de conscientização, envolvendo diferentes frentes – e a comunicação está entre as principais.
A médica salienta que além das campanhas já existentes, o médico precisa explicar de uma maneira mais simples para todos entenderem a importância da vacinação e os sérios riscos da gripe, uma vez que a população tende a tratar essa doença como algo simples.
“É importante ficar claro que gripe não é resfriado. Os resfriados são outros vírus e a gripe não é ‘simples’ de tratar como o resfriado. A gripe é grave e provoca o aumento da incidência de internações hospitalares, inclusive problemas cardiovasculares e infecções bacterianas.”
Maisa reforça ainda a importância da vacinação não apenas da população 60+, assim como de todas as pessoas que fazem parte do dia a dia da pessoa idosa, como filhos, netos e cuidadores.
“Em 2024, houve uma queda da taxa vacinal, o que provocou o aumento de mais de 150% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que é algo bastante preocupante. E essa queda da vacinação ocorreu em um momento em que as pessoas voltaram a se aglomerar, o que agrava ainda mais a situação”, comenta a especialista.
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Ainda segundo a geriatra, o ideal é as pessoas se vacinarem em abril, meses antes do início do inverno, para que na estação mais fria do ano tenha-se menos vírus circulando.
“Vacina boa é aquela que está no braço. Então, qualquer uma que combata a gripe vale a pena e pode ser encontrada nas Unidades Básicas de Saúde”, atesta, ao comentar que o mesmo cuidado vale para idosos com doenças como HIV, diabetes e câncer.
Campanha na saúde pública
Em março, o Ministério da Saúde começou a distribuir 35 milhões de doses da vacina. No primeiro semestre, serão distribuídas 67,6 milhões para as quatro regiões. No segundo, mais 5,9 milhões de doses para a região Norte, alinhando a estratégia de imunização com o período de maior circulação do vírus em cada região. O valor total do investimento é de R$ 1,3 bilhão. O público-alvo total é de 81,6 milhões de pessoas.
A campanha fica dividida em dois momentos:
- Primeiro semestre: vacinação nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste;
- Segundo semestre: vacinação na região Norte, durante o chamado “Inverno Amazônico”, quando há maior circulação do vírus.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a vacina contra a gripe é capaz de evitar entre 60% e 70% dos casos graves e óbitos. É contraindicada apenas para crianças menores de 6 meses e pessoas com histórico de anafilaxia grave após doses anteriores.
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A infectologista Rosana Richtmann alerta que quem estiver com febre ou doença aguda moderada ou grave deve adiar a vacinação até a recuperação. “Para que não haja confusão entre sintomas da enfermidade e eventuais reações adversas à vacina”, diz.
Para além dos grupos prioritários que já fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação, como crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos, o público-alvo da estratégia também é formado por:
- Trabalhadores da Saúde
- Puérperas
- Professores dos ensinos básico e superior
- Povos indígenas
- Pessoas em situação de rua
- Profissionais das forças de segurança e de salvamento
- Profissionais das Forças Armadas
- Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade)
- Pessoas com deficiência permanente
- Caminhoneiros
- Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso)
- Trabalhadores portuários
- Funcionários do sistema de privação de liberdade
- População privada de liberdade e adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).
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