
Cinco construtoras divulgaram na noite de quinta-feira (10) seus dados operacionais do primeiro trimestre de 2025 (1T25), com destaque para os números da Direcional (DIRR3), que foram considerados ligeiramente positivos pelo Itaú BBA.
Os analistas do BBA deram ênfase a geração de caixa de R$ 100 milhões da companhia (incluindo a venda de uma SPE). No entanto, a construtora teve que amortizar seu passivo de cessão, resultando em um consumo de caixa de R$ 15 milhões no trimestre.
O mercado já antecipava um consumo leve neste período, e o BBA prevê que a geração de caixa comece de fato no segundo semestre de 2025.
Os lançamentos da Direcional somaram R$ 802 milhões, 7% acima das estimativas do BBA, enquanto as vendas totalizaram R$ 1,1 bilhão, 5% abaixo do projetado. Ambos os números apontam para uma aceleração na comparação anual, mas uma leve desaceleração frente ao 4T24 — o que está em linha com a estratégia da companhia de concentrar lançamentos no segundo semestre.
Com a ação da Direcional negociando a 7,4 vezes Preço/Lucro para 2025, o BBA segue enxergando espaço para reavaliação positiva.
Na visão da XP Investimentos, a Direcional reportou dados operacionais resilientes, mas que não devem desencadear uma reação significativa do mercado.
Os destaques positivos, conforme XP, se baseiam no aumento da participação em projetos mais novos, o que levou a uma expansão positiva do lançamento (%Co), apesar da menor concentração de projetos esperada no primeiro trimestre, e na manutenção de níveis resilientes de VSO, especialmente em Riva, dada sua maior participação em projetos fora do MCMV.
No entanto, embora esperasse uma geração de caixa sazonalmente menor no início do ano, a XP ainda vê espaço para a Direcional melhorar seus níveis de geração de caixa operacional no futuro.
O BTG, por sua vez, avalia que a construtora registrou sólidos números de vendas no primeiro trimestre, reforçando sua excelente execução.
Os analistas do BTG acreditam que a Direcional está bem-posicionada para surfar o forte momento do MCMV e espera uma boa evolução dos lançamentos, das vendas e do ROE (retorno sobre patrimônio líquido) durante 2025. Diante disso, manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 27, com base em um valuation atraente (7 vezes P/L para 2025).
O BBI destaca que a Direcional vem apresentando um desempenho operacional forte e consistente nos últimos anos, e a probabilidade de um dividendo de R$ 800 milhões a 1 bilhão está aumentando, embora observe que a geração de caixa futura deve depender da venda de recebíveis, uma vez que vê a geração de caixa operacional atingindo o mesmo nível de amortização de recebíveis em 2025.
A Direcional reportou vendas acima do esperado pelo Goldman Sachs, totalizando R$ 1,3 bi (100%) e R$ 1,1 bi (participação da empresa), superando as estimativas em 19% e 10%. Os lançamentos vieram em linha, mas as vendas superaram os lançamentos, reduzindo o estoque para 8,5 meses.
Já a Riva teve queda de 12% nas vendas, mas com aumento de 12% no preço médio por unidade (R$ 451 mil), indicando poder de precificação, na visão do Goldman Sachs. A recomendação segue compra e preço-alvo de R$ 37, com expectativa de margens fortes e expansão do ROE.
Cyrela (CYRE3) registra lançamentos sólidos
A Cyrela também apresentou uma prévia ligeiramente positiva, na avaliação do Itaú BBA. Os lançamentos atingiram R$ 3,383 bilhões em VGV (coparticipação), superando as estimativas do banco em 13%, o que reforça a projeção de R$ 11 bilhões em lançamentos para 2025. O papel CYRE3 caía 2,91%, cotado a R$ 24,03.
Por outro lado, as vendas líquidas registraram queda de 40% frente ao 4T24, somando R$ 2,112 bilhões — movimento já esperado pelo BBA.
Apesar disso, segundo BBA, os indicadores operacionais se mantêm saudáveis: a velocidade de vendas do estoque subiu de 11% para 15%, e a velocidade de vendas dos lançamentos, embora menor que os fortes 57% do trimestre anterior, segue robusta em 33%.
O BBA ainda comenta que os números reforçam o bom momento operacional da Cyrela e seu ganho de participação em São Paulo. Mesmo com a valorização de 50% no ano, o banco vê potencial adicional e reitera nossa recomendação de compra.
Já o BTG avalia que a Cyrela apresentou resultados operacionais sólidos, apesar da deterioração do cenário macroeconômico.
O BTG reiterou sua visão cautelosa sobre imóveis de média e alta renda (uma vez que as taxas de juros estão subindo), mas a Cyrela tem superado consistentemente as expectativas do mercado devido a seus projetos de alta qualidade e exposição ao MCMV (que é mais defensivo). Dessa forma, o banco manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 32.
O Bradesco BBI também avalia os resultados da Cyrela como bons, com os principais destaques sendo lançamentos e vendas crescendo 183% e 34% ano contra ano no trimestre, respectivamente; e (ii) VSO em 12 meses ainda forte de 53% (aumento anual de2,1pp).
Em 2025, o BBI espera que a Cyrela continue apresentando números fortes, impulsionados pelo resiliente segmento de alta renda e pela crescente exposição ao programa Minha Casa Minha Vida.
O BBI reiterou sua visão positiva, pois não descarta que a ação continue se beneficiando de sua posição como a principal alternativa beta do setor devido à sua liquidez e maior correlação com as taxas de longo prazo, enquanto negocia a um valuation atraente de 5,0 vezes P/L estimado para 2025.
Já o Goldman Sachs comenta que o segmento de alto padrão foi destaque, representando 66% dos lançamentos. No entanto, apenas 33% dos lançamentos foram vendidos no trimestre — abaixo da média histórica (50%), o que pode gerar questionamentos sobre o ritmo de vendas. Analistas consideram prematuro falar em desaceleração, dado o perfil mais lento de projetos de luxo. O Goldman manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 35, com expectativa de valorização via crescimento do ROE e poder de precificação.
Plano&Plano (PLPL3): ausência de lançamentos e distratos pressionam resultado
O Itaú BBA avalia a prévia da Plano&Plano como ligeiramente negativa. “A construtora não realizou lançamentos no 1T25 devido a atrasos na aprovação de projetos pela prefeitura — o que, embora não preocupante no curto prazo, contribuiu para a piora de indicadores”, comentam analistas. A ação da Plano&Plano recuava 1,59%, a R$ 11,79.
As vendas somaram R$ 246 milhões (coparticipação), queda de 33% frente ao trimestre anterior e 12% na comparação anual. Isso reduziu a velocidade de vendas de 12% para 9%, e elevou a duração do estoque para 23 meses — o maior patamar entre as companhias sob nossa cobertura.
Outro ponto de atenção foram os distratos, que atingiram R$ 68 milhões (+28% t/t e +25% a/a), representando 27% das vendas líquidas. O BBA pontua que a empresa entregou R$ 899 milhões no 4T24, o que pode ter influenciado esse aumento pontual nos cancelamentos.
Mitre (MTRE3) tem prévia neutra
Para BBA, a Mitre apresentou uma prévia operacional neutra, com R$ 291 milhões em lançamentos (coparticipação), alta de 35% na base trimestral, mas ainda abaixo dos R$ 845 milhões do 4T24. A ação da construtora caía 1,40%, a R$ 3,53.
As vendas líquidas chegaram a R$ 324 milhões, queda de 14% na comparação trimestral, mas crescimento de 32% na base anual. A velocidade consolidada de vendas ficou estável em 15%, e a duração do estoque recuou de 18 para 16 meses.
A empresa entregou R$ 50 milhões no trimestre e prevê pipeline de R$ 1,6 bilhão em entregas para 2025, concentrado principalmente no 3T25.
O BTG comenta que os resultados operacionais do primeiro trimestre foram decentes devido às vendas sólidas, apesar dos lançamentos abaixo do esperado. Os bancos aumentaram as taxas de hipoteca em ~150bps no acumulado do ano, impactando a acessibilidade do setor imobiliário.
Apesar de as ações da Mitre estarem sendo negociadas a um valuation descontado (0,4 vezes P/VP), o BTG reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7 devido à fraca dinâmica dos lucros.
O BBI, por sua vez, destaca que a Mitre registrou bom faturamento de R$ 324 milhões, com crescimento de 10pp da VSO em 12 meses.
O BBI também ressalta a queda dos estoques e dos distratos no período.
Lavvi (LAVV3): fraco volume de lançamentos, mas fundamentos seguem controlados
Na avaliação do BBA, a Lavvi também teve uma prévia neutra. Os lançamentos somaram R$ 113 milhões — bem abaixo da expectativa de R$ 670 milhões do BBA e com forte retração (80%) nas bases trimestral e anual. O Carnaval atrasou o lançamento de um projeto de alto padrão, agora previsto para o 2T25. O papel da LAVV3 tinha desvalorização de 1,83%, a R$ 9,11.
Durante o trimestre, foram lançados um projeto MCMV (Novvo Marajoara) e outro de médio padrão em parceria com a Cyrela (Aura Pacaembu). As vendas líquidas somaram R$ 259 milhões, com desaceleração da velocidade de vendas para 15% contra 36% no 4T24 e 30% no 1T24.
Apesar disso, a duração do estoque permaneceu controlada em 9 meses. A Lavvi entregou R$ 331 milhões no trimestre e elevou seu banco de terrenos para R$ 5,6 bilhões, com a aquisição de um terreno de alto padrão no Itaim Bibi (R$ 630 milhões em VGV, coparticipação).
A Lavvi teve desempenho abaixo do esperado pelo BTG, com vendas líquidas de R$365 milhões (-53% a/a) e velocidade de vendas de 15%. Os lançamentos totalizaram R$187 milhões (-76% a/a), com boa absorção (45% vendidos), mas a empresa teve consumo de caixa de R$47 milhões devido à aquisição de terrenos. Apesar disso, o BTG destaca que a Lavvi permanece praticamente sem dívida. Com isso, BTG manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 12, destacando o valuation atrativo (4 vezes P/L 2025).
Na avaliação do BBI, os resultados operacionais da Lavvi foram neutros em geral, com os principais destaques sendo a velocidade de vendas dos últimos 12 meses aumentando para 60%, queima de caixa de R$ 47 milhões devido a aquisições de terrenos e entrega do empreendimento Wonder Ipiranga com R$ 41 milhões em VGV e 88% vendidos. Assim, o banco manteve recomendação de compra para Lavvi, negociando a 4,4 vezes o múltiplo P/L esperado para 2025.
Even registra números fracos
Para BTG, a Even (EVEN3) apresentou resultados operacionais fracos no primeiro trimestre, com zero lançamentos e vendas fracas. O cenário macroeconômico é difícil, e as taxas de hipoteca subiram muito recentemente, portanto, o banco espera uma desaceleração no segmento de imóveis de média e alta renda.
O BTG manteve recomendação Neutra para a Even (negociada a 0,65 vezes P/VP) e preço-alvo de R$ 7, pois enxerga outras ações com uma relação de risco/retorno melhor.
Segundo BBI, os números operacionais foram modestos, devido a vendas mais fracas (queda anual de 13%), com VSO caindo 3 pp ano contra ano para 12%; (ii) nenhum lançamento no trimestre, embora não vejamos isso como um problema, pois a empresa tende a lançar projetos maiores durante os próximos trimestres; e (iii) distratos ligeiramente maiores.
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