Em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo, comandado por Mariana Amaro, Fernando Bueno, CEO da Philips Walita, relembrou momentos decisivos de sua trajetória profissional e pessoal, incluindo um período sabático que, segundo ele, foi essencial para se reconectar com valores e prioridades.
Antes de assumir o comando da operação latino-americana da Versuni — empresa que detém as marcas Philips e Philips Walita —, Bueno passou por cargos de liderança em grandes companhias. Um dos marcos foi a vice-presidência comercial da Johnson & Johnson no Brasil. “Na época, o Brasil era a segunda operação mais importante da Johnson no mundo, tamanho o peso do nosso mercado”, afirmou.
Após três anos na multinacional, Bueno decidiu dar uma pausa. “Foi um dos momentos mais importantes da minha vida”, disse. Com receio e dúvidas no início, ele optou por um ano sabático — decisão que, mais tarde, consideraria essencial para sua evolução pessoal e profissional.
“Eu estava emocionalmente desgastado. Meus valores — ética, transparência e doação — estavam comprometidos. Percebi que já não tinha energia nem para sair de casa”, relatou. O executivo conta que aproveitou o desligamento da empresa e viajou com a família por três meses. “Meu investimento foi em mim e nos meus — não fui fazer curso, nem empreender. Fui viver.”
O contato mais profundo com as filhas e a redescoberta de pequenas dinâmicas familiares que antes passavam despercebidas foram transformadores. “Antes, eu ia em festa infantil, conversava um pouco e acabava dormindo num sofá. Estava esgotado. O sabático me permitiu resgatar o Fernando que eu havia deixado para trás.”
Limite claro entre trabalho e vida pessoal
Hoje, o executivo preserva um limite claro entre trabalho e vida pessoal. “Depois das 21h, quando minhas filhas dormem, volto ao modo ‘on’. Antes disso, sou 100% delas.”
Questionado sobre a ascensão ao cargo de CEO, Bueno disse que houve planejamento, ainda que com espaço para o inesperado. “A jornada precisa ser pensada, sim, mas o planejamento não pode virar prisão. A gente muda, e nossa equação de valor também. O que você valoriza aos 25 anos não é o mesmo aos 40.”
Comparando a carreira a um jogo de xadrez, ele destacou a importância de enxergar movimentos futuros, desenvolver habilidades e se cercar de aliados. “Você precisa entender quem decide sobre sua carreira além de você. E saber convencer quem ainda não está do seu lado.”
A ansiedade por promoções, segundo ele, pode ser uma armadilha. “Uma chefe me disse que seis meses não fazem diferença na trajetória. Na hora eu não entendi. Mas, com o tempo, vi que ela tinha razão. Às vezes, mudar de área ou dar um ‘passo de lado’ é o que te prepara para o salto real.”
Bueno encerrou reforçando a importância de olhar para o longo prazo e manter o foco no que realmente importa. “O que você vive e aprende nesse caminho é o que molda quem você vai ser. E isso, no fim, é o que mais conta.”
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