Irã e EUA iniciam conversas em Omã sobre programa nuclear de Teerã

DUBAI (Reuters) – O Irã e os Estados Unidos iniciaram neste sábado conversas em Omã para acelerar as negociações sobre o rápido avanço do programa nuclear de Teerã,  com o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçando agir militarmente se não houver acordo.

O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, liderava a delegação iraniana, enquanto o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, liderava a delegação norte-americana. As negociações foram as primeiras entre o Irã e um governo Trump, incluindo seu primeiro mandato, de 2017 a 2021.

“Conversas indiretas entre o Irã e os Estados Unidos, com a mediação do ministro das Relações Exteriores de Omã, começaram”, publicou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghaei, na plataforma X.

Cada delegação tinha uma sala separada e trocava mensagens por meio do ministro das Relações Exteriores de Omã, disse Baghaei.

“O foco atual das negociações será aliviar as tensões regionais, trocas de prisioneiros e acordos limitados para aliviar as sanções (contra o Irã) em troca do controle do programa nuclear iraniano”, disse uma fonte omanense à Reuters.

Baghaei negou esse relato, mas não especificou o que era falso.

Omã tem sido um intermediário entre as potências ocidentais e o Irã há muito tempo, tendo intermediado a libertação de vários cidadãos estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade detidas pela República Islâmica.

Teerã abordou as negociações com cautela, cético de que elas poderiam resultar em um acordo e desconfiado de Trump, que ameaçou repetidamente bombardear o Irã se o país não interrompesse seu crescente programa de enriquecimento de urânio — visto pelo Ocidente como um possível caminho para armas nucleares.

Embora ambos os lados tenham mencionado as chances de algum progresso, eles permanecem distantes em uma disputa que se arrasta há mais de duas décadas. O Irã nega há muito tempo buscar armas nucleares, mas países ocidentais e Israel acreditam que o país esteja secretamente tentando desenvolver meios para construir uma bomba atômica.

As conversas deste sábado, por enquanto, parece que seriam apenas indiretas, como o Irã havia buscado, e não cara a cara, como Trump havia exigido.

Antes das negociações, Araqchi se encontrou com o Ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, em Muscat para apresentar os “principais pontos e posições de Teerã a serem transmitidos ao lado norte-americano”, informou a mídia estatal iraniana.

Araqchi havia dito anteriormente que era muito cedo para comentar sobre a duração das negociações. Mas, logo após o início das negociações, Baghaei disse à TV estatal: “realmente não esperamos que esta rodada de negociações seja longa”.

“Este é um começo. Portanto, é normal, nesta fase, que os dois lados apresentem um ao outro suas posições fundamentais por meio do intermediário omanense”, disse Baghaei.

Ainda não houve nenhuma informação sobre as negociações do lado norte-americano.

Sinais de progresso podem ajudar a acalmar as tensões em uma região inflamada desde 2023 com guerras em Gaza e no Líbano, disparos de mísseis entre Irã e Israel, ataques Houthi contra navios do Mar Vermelho e a derrubada do governo na Síria.

Altos riscos

No entanto, um fracasso agravaria os temores de uma conflagração mais ampla em uma região que exporta grande parte do petróleo mundial. Teerã alertou os países vizinhos que possuem bases americanas de que enfrentariam “consequências severas” se estivessem envolvidos em qualquer ataque militar norte-americano ao Irã.

“Há uma chance de entendimento inicial sobre futuras negociações se a outra parte (EUA) entrar nas negociações com uma posição igual”, disse Araqchi à TV iraniana.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final em questões importantes do Estado, deu a Araqchi “autoridade total” para as negociações, disse uma autoridade iraniana à Reuters.

O Irã descartou negociar suas capacidades de defesa, como seu programa de mísseis balísticos.

Nações ocidentais dizem que o enriquecimento de urânio pelo Irã, uma fonte de combustível nuclear, foi muito além das exigências de um programa de energia civil e produziu estoques com um nível de pureza físsil próximo ao exigido em ogivas.

Trump, que restabeleceu uma campanha de “pressão máxima” sobre Teerã desde fevereiro, abandonou um pacto nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências mundiais em 2018, durante seu primeiro mandato, e restabeleceu sanções severas à República Islâmica.

Desde então, o programa nuclear do Irã avançou, inclusive com o enriquecimento de urânio a 60% de pureza físsil, um avanço técnico em relação aos níveis necessários para uma bomba.

Israel, o aliado mais próximo de Washington no Oriente Médio, considera o programa nuclear do Irã uma ameaça existencial e há muito tempo ameaça atacar o Irã se a diplomacia não conseguir conter suas ambições nucleares.

A influência de Teerã no Oriente Médio foi severamente enfraquecida nos últimos 18 meses, com seus aliados regionais — conhecidos como “Eixo da Resistência” — desmantelados ou gravemente danificados desde o início da guerra entre Hamas e Israel em Gaza e a queda de Bashar al-Assad na Síria em dezembro.

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