Dia de fúria no day trade: após 78 operações seguidas, ela passou mal e mudou postura

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No episódio 63 do GainDelas, no canal GainCast, Thamara Di Lauro compartilhou em detalhes sua trajetória no mercado financeiro, marcada por recomeços, perdas, mudanças de mentalidade e disciplina extrema.

Dentista por formação e trader por escolha, ela contou como trocou uma carreira consolidada pela rotina intensa do day trade, enfrentando frustrações financeiras, reconstrução emocional e a descoberta de que a consistência no mercado vai muito além de técnica.

Outra renda

Thamara trouxe um olhar clínico sobre o erro de muitos iniciantes que é acreditar que podem largar o trabalho CLT e, em poucos meses, viver do mercado. “Prega-se muito isso. Não é assim. Quando se chega na frente da tela, se depara com suas dores, com seus dilemas”, destaca.

Thamara acredita que operar com a pressão de precisar ganhar é um dos maiores inimigos do trader. “Tudo o que você não pode é ir para o mercado com essa pressão de ter que fazer dinheiro. A pressão de ter que fazer dinheiro, vai ter que fazer não querer perder dinheiro. E é nesse momento que sua mente não vai te ajudar a trabalhar no mercado”, explica.

Ela defende que, para construir consistência, o ideal é que o trader tenha uma fonte de renda. “No meu caso, a odontologia é que me ajudou a segurar as pontas enquanto eu ainda não fazia dinheiro no mercado. Então, por um bom tempo, eu banquei o mercado”, conta.

Transição de carreira

Sua transição de carreira foi gradual. Começou a operar em 2020, após conhecer o mercado em 2019. Durante um ano, dividiu a rotina entre o consultório e os gráficos, marcada por frustração e aprendizados. “Eu já tinha sucesso numa área profissional. Quando eu cheguei no mercado, eu achei que eu também ia conseguir fazer acontecer muito fácil. E não é assim”, argumenta.

A decisão de seguir no trading veio mesmo quando tudo indicava o contrário. “Meu pai chegou pra mim em casa e falou assim: ‘filha, você não precisa disso, volta pra sua clínica’”. Apesar das perdas constantes no início, Thamara insistiu em seguir no mercado.

Ela chegou a investir uma reserva financeira que havia separado para abrir franquias odontológicas. “Ou eu vou investir em franquias de clínicas odontológicas ou eu vou investir no mercado”, lembra. Aquela reserva durou 6 meses, e segundo ela, não era um valor tão pequeno assim pra durar só aquele tempo.

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A virada

O ponto de inflexão veio num “dia de fúria”. Após realizar 78 operações em um único pregão, saiu da frente da tela passando mal. “Ali eu falei: agora eu vou estudar a parte mental. Eu quero entender o que acontece com a mente de um trader quando ele está num dia de fúria”, relata.

A busca por respostas levou Thamara à neurociência, à programação neurolinguística (PNL) e ao estudo de padrões de comportamento. “Eu entendi que não vou mudar o meu comportamento. Mas vou cortar os gatilhos que geram essas emoções na frente da tela”, conta.

Técnica validada, mentalidade fortalecida

Após testar diversas metodologias de trading, ela encontrou uma que fazia sentido. “Eu queria uma coisa que me falasse o porquê. Eu consegui entender o que eu estava fazendo na frente da tela. Não existe virada de chave. Existe virar uma chave todos os dias”, diz.

O ajuste final veio no gerenciamento. “Inicialmente eu tinha um gerenciamento que não era adequado para o meu perfil. Eu trabalhava com risco-retorno negativo, e isso me afetava. Hoje, meu gerenciamento é um para um ou maior”, afirma.

Propósito, rotina e consistência

Hoje, Thamara opera todos os dias e compartilha seu conhecimento com outros traders. Seu método se apoia na construção de hábitos fora da tela. “Um trader consistente nasce fora da tela. Eu só consegui ser consistente depois que me tornei consistente na vida”, explica.

Para reforçar essa mentalidade, criou um desafio pessoal: treinar 366 dias consecutivos. “Hoje faz 443 dias que eu treino todos os dias. Eu estou repetindo pra minha mente: eu estou no comando”, diz.

E para quem busca o “segredo” do sucesso no trading, ela deixa um recado direto: “Não é o que você precisa fazer, é quem você precisa se tornar. Porque a mesma pessoa não vai ter um resultado diferente, só uma pessoa transformada que vai ter”.

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