
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, disse, em entrevista ao Estadão, que a eleição de 2026 não será definida pelo eixo tradicional entre direita e esquerda, mas por uma disputa mais profunda entre democracia e autoritarismo. “A grande disputa de 2026 será entre democratas e autocratas, não entre direita e esquerda”, afirmou.
Confira alguns trechos:
Ao projetar o cenário para 2026, o senhor enxerga a disputa eleitoral se desenhando novamente entre Lula e um nome da direita ou acredita que a divisão hoje se dá por outros eixos, diante da descredibilização da política tradicional e do fortalecimento de nomes fora da política?
A nossa divisão atual não é entre direita e esquerda. O governo do presidente Lula não é um governo de esquerda, é um governo de centro. Os princípios que norteiam o governo dão conta disso. Mais do que os princípios, a composição política do governo é o maior indicativo disso. É um governo de frente ampla. Forças políticas distintas e díspares — que outrora, inclusive, eram conflitantes, com posições diferentes — se uniram, se associaram para evitar a ruptura da democracia brasileira.
O melhor exemplo disso é a aliança entre o presidente Lula e Geraldo Alckmin, que, no passado, foram adversários. Isso é o diagnóstico de um governo de centro, com forças de centro para o governo. É um governo que tem o PT, mas também tem o MDB, o PSD, participação do Progressistas, participação dos Republicanos.
Por isso, o grande desafio da eleição de 2026 está entre aqueles que defendem a democracia como o melhor regime político, ou seja, que defendem os valores dos últimos 200 anos, de um lado, e os autocratas, que querem romper com esses valores, de outro.
A grande disputa de 2026 será entre democratas e autocratas, não entre direita e esquerda. Em torno disso, eu não vejo, no campo democrático, uma alternativa que tenha sido assinalada até agora que não seja o nome do presidente Lula.
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Essa dinâmica (de 2026) é potencializada por uma transformação da polarização política, que sempre existiu nas democracias e, até certo ponto, pode ser saudável. Na sua avaliação, em que momento essa polarização deu lugar à radicalização?
Como muito bem foi dito por você, polarização é característica da democracia. Direita, esquerda, posições mais liberais, posições mais conservadoras, uma presença maior do Estado na economia, uma presença maior do mercado, isso são temas para o debate político.
Polarizar entre esses temas faz parte. Não há polarização quando uns defendem a democracia e o Estado de Direito, e outros defendem a ruptura disso, como vimos que aconteceu. Não há polarização quando uns defendem saúde pública — como ocorreu na pandemia — e vacina, e outros defendem que não precisa de vacina diante de uma pandemia.
A nossa oposição aqui, hegemonicamente, defende a anistia para crimes que cometeram contra o Estado Democrático de Direito, sobretudo no 8 de janeiro, mas também na quadra que começa no dia 30 de outubro de 2022 e termina no 8 de janeiro de 2023.
Aquilo ali foi um movimento organizado para derrubar a democracia brasileira. Então, em relação a esses valores, não pode haver polarização. Quem comete crime contra o Estado Democrático de Direito, como está previsto no Código Penal, deve responder por isso, deve ser responsabilizado por esses crimes.
Eu acho que, a partir de 2013, foi criado um ambiente no Brasil que fez acender um movimento político com uma clara posição antagonista, avessa à democracia brasileira.
Essa posição se reflete em questionar boa parte do texto constitucional de 1988. Essa posição se reflete em posturas negacionistas sobre a existência de ditaduras no Brasil, sobretudo a última, de 1964 até 1985. E essa posição se reflete em ações concretas para romper com a democracia brasileira, como vimos mais recentemente. (…)
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