Substituta de Glauber em caso de cassação preocupa o governo; entenda

O deputado Glauber Braga enfrenta um processo de cassação na Câmara. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A possível cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) tem gerado preocupação no partido, não apenas pelo contexto político que levaria à perda do mandato, mas também pelo fato de sua suplente ser a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ), conhecida por seu perfil combativo e crítico ao governo federal.

Membros da federação PSOL-Rede e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) temem que, caso assuma a vaga, Heloísa crie embaraços para a bancada e para o governo. “Mesmo isolado dentro do partido, Braga é visto como um quadro com menor potencial de criar problemas para a bancada até por ser menos conhecido nacionalmente do que Heloísa”, disse um dirigente do PSOL à Folha.

A ex-senadora, que já concorreu à Presidência pelo PSOL em 2006, obtendo 7% dos votos, tem histórico de conflitos em todos os partidos pelos quais passou.

Atualmente, ela enfrenta uma disputa interna na Rede com a ala ligada à ministra Marina Silva (Meio Ambiente). No último fim de semana, a legenda elegeu Paulo Lamac, apoiado por Heloísa, como porta-voz, enquanto Giovanni Mockus, aliado de Marina, ficou de fora.

Caso Heloísa assuma, ela e o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) serão os únicos representantes da Rede na Câmara. Há receio de que a convivência com a ex-senadora leve Gadêlha, que já flerta com um retorno ao PDT, a deixar o partido. Além disso, aliados do governo temem que Heloísa não apoie projetos de interesse da base lulista, dificultando ainda mais as negociações no Congresso.

Heloisa Helena deve substituir Glauber Braga na Câmara. Foto: reprodução

O caráter combativo de Heloísa, no entanto, também é visto por alguns no PSOL como uma possível estratégia para evitar a cassação de Braga.

Eles argumentam que desavenças antigas entre ela e a família do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), poderiam ser usadas para convencer a oposição a barrar o processo. Lira é considerado o principal articulador da cassação do psolista, que já o chamou de “bandido” em diversas ocasiões.

“Glauber tem minha total e irrestrita solidariedade, é um processo escandaloso de dosimetria completamente desproporcional. Glauber é um homem honrado, tem meu apoio incondicional”, disse Heloísa à Folha, sem comentar os receios de seus colegas.

Guerra com os partidos

Heloísa Helena foi expulsa do PT em 2003 após votar contra a reforma da Previdência no primeiro governo Lula. Em 2004, ajudou a fundar o PSOL, do qual saiu em 2015 por discordar do afrouxamento das críticas ao partido durante o impeachment de Dilma Rousseff.

Na Rede, ela já protagonizou embates internos, incluindo a derrubada da pré-candidatura de Túlio Gadêlha à Prefeitura de Recife em 2022.

A ex-senadora mudou seu domicílio eleitoral de Alagoas para o Rio de Janeiro em 2022, após duas derrotas consecutivas em seu estado natal.

Na eleição para deputada federal, recebeu 38.161 votos e ficou como primeira suplente da federação PSOL-Rede. Em 2023, candidatou-se a vereadora no Rio, mas não se elegeu, em uma campanha que consumiu R$ 1,9 milhão do fundo eleitoral – a mais cara da sigla no estado.

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