SLC (SLCE3) pode ser um refúgio na guerra comercial entre EUA e China?

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Apesar das fortes quedas recentes na maioria das ações sob cobertura do JPMorgan, a SLC (SLCE3) tem mostrado resiliência, o que levantou dúvidas entre investidores sobre a possibilidade de a empresa ser considerada uma “aposta” na guerra comercial. No entanto, o banco avalia que esse ainda não é o caso — ao menos por enquanto. Às 12h45 (horário de Brasília), a ação da companhia 1,63%, a R$ 20,49.

Embora, em teoria, a companhia possa se beneficiar de uma demanda maior por grãos chineses, essa não é, na opinião do banco, uma oportunidade direta ou simples.

Primeiro, o Brasil já detém uma participação relevante nas importações de grãos da China, especialmente em soja (cerca de 70%).

Segundo, a commodity mais relevante para os resultados da SLC é o algodão, que tende a ser negativamente impactado por temores de recessão global e pelo viés baixista no mercado de petróleo.

Ainda assim, considerando o elevado nível de posições vendidas na ação, o banco acredita que investidores estejam reavaliando sua percepção de risco e podem começar a reduzir suas apostas contra o papel — o que pode explicar a resiliência recente da empresa na bolsa.

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De forma geral, o JPMorgan reiterou recomendação neutra, pois vê uma ausência de gatilhos de curto prazo, apesar de reconhecer a qualidade da tese de longo prazo. Atualmente, o banco prevê que o papel esteja negociando a um rendimento de fluxo de caixa de 4% para 2026 (considerando que a empresa não deve gerar caixa em 2025.

Brasil pode ampliar exportações de grãos

O JPMorgan comenta que o Brasil tem potencial de ampliar sua fatia nas exportações de grãos para a China. A SLC poderia, em tese, se beneficiar desse aumento de demanda.

Caso as exportações de grãos dos EUA percam competitividade na China por conta de tarifas bilaterais, isso pode levar a um aumento da oferta doméstica nos EUA e a uma queda nos preços da CBOT, desde que esses volumes não sejam redirecionados para outros parceiros comerciais.

Além disso, segundo o relatório, pode abrir espaço para o Brasil ganhar ainda mais participação, assumindo que a China mantenha o ritmo de importações.

Os analistas comentam que pode haver um basis (diferença entre o preço local e o de Chicago) mais elevado por mais tempo no Brasil, com os preços em Chicago caindo e os preços domésticos subindo.

Atualmente, esses bases estão em linha com a média histórica para a soja (cerca de US$ 1/bushel) e próximos à média acrescida de um desvio padrão para o milho (US$ 0,80/bushel), após ajustes de frete.

Por fim, o JPMorgan disse ter observado maior interesse de investidores do setor de proteínas nessa dinâmica, já que o milho é um insumo importante para frigoríficos.

Queda do petróleo pode pressionar preços do algodão

Por outro lado, com a queda dos preços do petróleo, o JPMorgan também espera uma retração nos preços do algodão, devido ao efeito de substituição por tecidos sintéticos. Um cenário de recessão global também tende a reduzir a demanda por algodão.

Vale lembrar que aproximadamente metade dos resultados operacionais da SLC vem do algodão, e preços médios abaixo de 75 centavos por libra podem pressionar as estimativas.

Além disso, uma leve valorização do real frente ao dólar também pesa contra o consenso.

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