
O Itaú revisou para baixo sua estimativa para a inflação neste ano e vê viés de baixa para o crescimento econômico, em meio às elevadas incertezas no cenário global com a guerra comercial dos Estados Unidos.
O banco projeta agora inflação de 5,5% este ano, de 5,7% antes, em revisão que incorpora a expectativa de corte nos preços da gasolina nas refinarias e os efeitos da queda de preços de commodities metálicas sobre a inflação de bens industriais.
“Os riscos permanecem assimétricos, com viés de baixa — reflexo de uma possível nova queda nos preços do petróleo e de commodities metálicas se a desaceleração global for mais intensa — enquanto os riscos de alta estão concentrados nos preços domésticos de commodities agrícolas, diante do aumento das exportações resultante da guerra comercial entre Estados Unidos e China”, explicou o Itaú em análise divulgada nesta quarta-feira.
Para 2026, a projeção para a alta do IPCA também foi reduzida, a 4,4% de 4,5%, refletindo uma inércia inflacionária mais baixa.

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PIB
Em relação à economia, o banco manteve a estimativa de crescimento do PIB em 2025 em 2,2%, mas com viés de baixa. Para 2026 foi mantida a projeção em 1,5%, com riscos considerados equilibrados.
“O recuo da projeção do PIB global e dos preços das commodities foi compensado pelo efeito positivo do novo crédito consignado privado. Com isso, apesar da manutenção da projeção, destacamos o viés de baixa, diante do elevado risco de desaceleração da atividade mundial”, explicou.
O Itaú calcula ainda um crescimento do PIB no primeiro trimestre de 1,6% sobre os três meses anteriores, destacando a resiliência da economia e um bom desempenho do setor agropecuário, mas com crescimento positivo em todos os setores.
“A guerra comercial e seu impacto sobre o crescimento global corrobora nossa expectativa de desaceleração mais clara na segunda metade do ano”, disse o Itaú.
Câmbio e Selic
Em relação ao câmbio, o banco manteve a projeção de que o dólar ficará em R$5,75 em 2025 e 2026, citando “a expressiva incerteza em relação ao cenário global”.
O Itaú também manteve a projeção de que a taxa básica de juros Selic terminará este ano em 15,25%, após duas altas de 0,5 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Banco Central.
“Mas com menor convicção sobre a segunda (alta) — cuja implementação depende da evolução do cenário internacional e seu impacto sobre a taxa de câmbio e os preços de commodities”, alertou.
Para o Itaú, o Brasil enfrenta dois canais principais de impacto em relação à elevada incerteza do cenário global com as tarifas comerciais no centro das discussões.
“O canal direto, via comércio, tende a ser limitado, dado o reduzido grau de abertura comercial da economia brasileira”, disse. “O canal indireto, via desaceleração global, queda nos preços de commodities e fluxos financeiros em ambiente de aversão ao risco, que pode ser mais relevante.”
“Nosso cenário base considera algum grau de alívio externo, com negociação das tarifas, mas vemos riscos relevantes de escalada da guerra comercial, com retaliação e consequente recessão global, o que nos leva a adotar uma postura cautelosa nas projeções”, completou.
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