
Mesmo internado na UTI após uma cirurgia de 12 horas no abdômen, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguirá acompanhando e endossando a nova versão do projeto de lei que propõe anistia a investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (17) pelo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ).
Segundo o parlamentar, o ex-presidente continua ativo politicamente e está se comunicando com aliados por meio de mensagens de WhatsApp. “A palavra final será dele. Quando o texto estiver pronto, levo para ele aprovar. Se não puder visitá-lo no hospital, mando por mensagem ou falo com a Michelle [Bolsonaro]”, afirmou Sóstenes à Folha de S. Paulo.
O projeto de anistia continua sendo reformulado por técnicos a pedido do próprio Bolsonaro. A orientação do ex-presidente é que o texto seja “mais enxuto”, numa tentativa de reduzir resistências na Câmara e viabilizar sua tramitação. A nova versão deve ser apresentada na próxima semana.
Estratégia e resistências
De acordo com aliados, a simplificação do projeto é uma tentativa de afastar a percepção de que ele abriria brechas para beneficiar o próprio Bolsonaro e outros réus acusados de liderar a trama golpista. A versão atual do relatório inclui anistia para atos passados e futuros, o que gerou forte reação contrária no STF e no governo Lula (PT).
A avaliação de interlocutores de Bolsonaro é que, mesmo que ele não seja contemplado diretamente, a aprovação do projeto poderia enfraquecer as acusações que enfrenta no Supremo. O ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado e, segundo investigações, teria incentivado ou tolerado a ação de seus apoiadores em 8 de Janeiro de 2023.
Urgência protocolada, mas pauta indefinida
Na segunda-feira (14), o PL protocolou o requerimento de urgência com 262 assinaturas — cinco a mais do que o mínimo necessário para que a proposta possa ser votada diretamente em plenário. A decisão final sobre a inclusão da matéria na pauta, no entanto, cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Motta, que tem adotado postura cautelosa, afirmou na terça-feira (15) que não tomará a decisão de forma isolada e que a discussão será levada ao colégio de líderes partidários. A estratégia busca dividir responsabilidades e evitar desgaste político. “Democracia é discutir com o Colégio de Líderes. Ninguém decide nada sozinho. É preciso responsabilidade com o cargo que ocupamos”, escreveu nas redes sociais.
Nos bastidores, aliados de Motta esperam que o governo Lula atue para retirar o apoio de deputados da base ao projeto. A movimentação do Planalto, nesse caso, seria determinante para barrar o avanço da proposta na Câmara.
Recuperação no hospital
Bolsonaro está internado no hospital DF Star, em Brasília, desde domingo (13), após ser transferido de Natal (RN), onde passou mal durante uma viagem para participar de um evento político. Ele se submeteu a uma cirurgia considerada de grande porte para tratar uma obstrução intestinal e passou para a UTI após o procedimento.
De acordo com boletim médico divulgado nesta quarta-feira, o ex-presidente apresenta boa evolução clínica, mas ainda não há previsão de alta. A equipe médica mantém a restrição a visitas, e ele deve permanecer em recuperação no hospital por pelo menos duas semanas, com restrições por até três meses no pós-operatório.
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