
O governo dos Estados Unidos pediu à Universidade de Harvard registros de valores recebidos de fontes internacionais na última década alegando “divulgações incompletas e imprecisas”. A medida é um novo passo da escalada de um conflito entre Trump e a instituição em meio a protestos no campus na última quinta-feira.
As alegações foram feitas em uma carta enviada ao presidente de Harvard, Alan Garber, na última quinta-feira (17), sem descrever quais seriam, exatamente, as inconsistências. Os dados seriam referentes a bolsas, contratos e doações de fontes estrangeiras que devem ser apresentados semestralmente ao governo.
Pela legislação americana, instituições de ensino superior que recebem assistência financeira federal devem divulgar doações e contratos de fontes estrangeiras com valor igual ou superior a US$ 250 mil anualmente ao Departamento de Educação.
- Leia também: Cortes de Trump em Harvard afetam de viagem espacial a pesquisa sobre tuberculose
- Leita também: Trump ameaça retirar isenção fiscal da Harvard e exige pedido de desculpas
“Como beneficiária de financiamento federal, a Universidade de Harvard deve ser transparente sobre suas relações com fontes e governos estrangeiros. Infelizmente, nossa análise indicou que Harvard não foi totalmente transparente ou completa em suas divulgações, o que é inaceitável e ilegal”, disse a Secretária de Educação dos EUA, Linda McMahon.
A secretária afirmou que o pedido é “o primeiro passo do governo Trump para garantir que Harvard não esteja sendo manipulada ou obedecendo ordens de entidades estrangeiras”. A universidade tem 30 dias para enviar nove demandas estipuladas pela secretária.
Histórico
Na última semana, o governo Trump impôs uma série de retaliações após a universidade afirmar que não cumpriria exigências sobre reformas de governança, fim dos programas de diversidade, equidade e inclusão e admissão e contratação.
Um grupo de cerca de 100 pessoas protestou na escadaria da biblioteca do campus na quinta-feira exigindo que medidas exigidas pelo governo não sejam cumpridas pela instituição, publicou a CNN. Um grupo de professores de Harvard já processa a administração federal sob a alegação de explorar o Título VI da Lei dos Direitos Civis para “coagir universidades a minar a liberdade de expressão e a investigação acadêmica em favor das preferências políticas ou de políticas de governo”.
Trump tem usado protestos de estudantes pró-Palestina ocorridos desde o ataque do Hamas à Israel em 7 de outubro e as respostas do estado judeu em Gaza como justificativa para impor suas mudanças. Na última segunda-feira (14), a universidade afirmou que não “negociaria sua independência ou seus direitos constitucionais” depois de o governo ameaçar um corte de US$ 9 bilhões em financiamento.
“Nem Harvard nem qualquer outra universidade privada pode se permitir ser dominada pelo governo federal”, disseram os advogados da instituição em uma carta enviada ao Departamento de Educação.
Mais tarde na semana, o presidente ameaçou dificultar o acesso a documentos necessários para a entrada de estudantes estrangeiros na universidade e anunciou um corte de US$ 13 bilhões de verbas federais.
Sob Trump, Universidades como Priceton, Cornell e Northwestern viram contratos de pesquisa sendo cancelados. Após o cancelamento de R$ 400 milhões em verbas federais, a Universidade de Columbia acatou a exigências do governo para reaver parte dos valores.
(Com Bloomberg)
The post Governo dos EUA exige dados sobre recebimentos estrangeiros de Harvard appeared first on InfoMoney.