Casa Branca de Trump diz que Covid-19 começou em laboratório na China

Funcionários da equipe de Emergências de Saúde de Wuhan, na China, realizam uma inspeção no mercado de Huanan. Foto: Divulgação

O governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, atualizou na última sexta-feira (18) o site oficial da Casa Branca com uma nova versão sobre as origens da Covid-19. A página afirma que a hipótese de vazamento de laboratório em Wuhan, na China, é a mais provável para explicar o surgimento do coronavírus.

A mudança representa uma ruptura com a posição anterior, mantida durante o governo Joe Biden, que seguia a maioria dos estudos científicos e sustentava que o vírus passou de animais para humanos — possivelmente no mercado municipal de Wuhan.

Na nova versão do site, intitulada “Lab Leak — A Verdade sobre as Origens da Covid-19”, a Casa Branca afirma que a narrativa da origem natural foi favorecida politicamente pela gestão anterior, e que teria sido usada para “ocultar” a teoria do vazamento.

O portal também critica diretamente o infectologista Anthony Fauci, ex-assessor médico da Casa Branca, por se basear em apenas um estudo para sustentar a origem natural do vírus. Segundo o texto, o artigo “A Origem Proximal do SARS-CoV-2” teria sido utilizado para desacreditar a hipótese de falha laboratorial, com incentivo de Fauci.

“A publicação foi motivada pelo dr. Fauci para promover a narrativa preferida de que a Covid-19 se originou naturalmente”, afirma o novo site.

A página traz ainda um mapa que mostra a proximidade de cerca de 7 quilômetros entre o laboratório de Wuhan e o mercado de frutos do mar onde os primeiros casos foram registrados.

A mudança no discurso oficial dos EUA ocorre mesmo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantendo uma posição inconclusiva sobre a origem da pandemia. Em 2021, a OMS descartou um vazamento em laboratório, mas voltou atrás no ano seguinte ao afirmar que não recebeu dados suficientes da China para concluir a investigação.

O mercado de frutos do mar de Huanan, em Wuhan, é suspeito de ter sido um ponto de disseminação do vírus da Covid-19. Foto: Divulgação

Estudos recentes, incluindo pesquisas com amostras coletadas no mercado de Huanan, apontam que as amostras que testaram positivo para o vírus também continham material genético de animais selvagens, reforçando a hipótese de transmissão animal-humano.

Em janeiro de 2025, a CIA (Agência Central de Inteligência) dos Estados Unidos chegou a divulgar um relatório que sustentava a hipótese de vazamento de laboratório, mas classificou a confiança na informação como baixa — ou seja, sem evidências conclusivas.

Apesar das alegações mais recentes, não há consenso científico de que o coronavírus tenha escapado de um laboratório. A hipótese mais aceita entre os especialistas continua sendo a de que a Covid-19 surgiu de forma natural, embora faltem dados definitivos sobre como a transmissão ocorreu.

O novo site também traz críticas ao governo chinês, destacando que os mecanismos de supervisão de pesquisas de alto risco no país são frágeis e mal regulamentados. A retórica se intensifica em um momento de tensões comerciais entre EUA e China, impulsionadas pela política protecionista de Trump.

“Os mecanismos governamentais atuais (da China) para supervisionar essa perigosa pesquisa de ganho de função são incompletos e carecem de aplicabilidade global”, diz a Casa Branca.

A teoria do vazamento de laboratório (ou lab leak) sustenta que o vírus teria sido acidentalmente liberado de um laboratório onde pesquisas com coronavírus eram conduzidas. Apesar de popular entre grupos conservadores, ela ainda carece de provas científicas robustas.

A mudança promovida pelo governo Trump reacende o debate global sobre as origens da pandemia, que já matou milhões de pessoas em todo o mundo e segue sendo objeto de investigações internacionais e disputas políticas.

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