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A estudante Lívia Goulart Belmiro, de 16 anos, morreu em 9 de abril, vítima de uma infecção generalizada após complicações de uma apendicite aguda não diagnosticada. A jovem procurou ajuda oito vezes em unidades de saúde de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, mas não recebeu o diagnóstico adequado.
Dos oito atendimentos médicos registrados, sete ocorreram na UPA Liberty Dick Conter, conhecida como UPA Caçapava, e um na UBS Santo Operário. A sequência de visitas se deu entre os dias 12 e 31 de março. Em várias ocasiões, Lívia apresentou sintomas como dor abdominal, vômito e mal-estar persistente, mas, segundo os registros, recebeu apenas medicamentos como dipirona e ibuprofeno.
O caso mobilizou autoridades e comoveu a cidade. A mãe da adolescente, Jaqueline Goulart, moradora do bairro Mathias Velho, desabafou nas redes sociais dois dias após a morte da filha. “Não consigo nem descrever o tamanho da minha dor. Vivi dias pavorosos com minha filha. Tudo porque o nosso sistema de saúde é um fiasco”, escreveu Jaqueline.
Ministério Público investiga caso de negligência médica em Canoas
Na quarta-feira, 16 de abril, o vereador Ezequiel Vargas Rodrigues (PL) protocolou uma denúncia no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). A ação foi registrada sob o número 01506.001.208/2025. O parlamentar também entregou documentos à Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Canoas, incluindo datas, horários e relatórios médicos fornecidos pela família.
No prontuário de 31 de março, consta que a jovem se queixava de “dor nas costas à esquerda e vômito há três semanas sem melhora”, o que demonstra a gravidade do quadro clínico não resolvido. Somente em 3 de abril, quando conseguiu um leito no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), uma tomografia confirmou o diagnóstico de apendicite. Lívia passou por duas cirurgias, mas não resistiu e faleceu seis dias depois.
O MP-RS informou que o caso está sob responsabilidade da Promotoria Criminal de Canoas, onde será conduzida a investigação sobre possível negligência médica.
Prefeitura de Canoas abre sindicância
Em nota enviada no sábado (19), a Prefeitura de Canoas lamentou a morte da adolescente e afirmou que será instaurado um processo de sindicância para apurar os atendimentos prestados a Lívia.
“A Prefeitura de Canoas lamenta profundamente o ocorrido e informa que será aberto um processo de sindicância para averiguar os fatos, para que situações similares não se repitam.”
Lívia era estudante da Escola Estadual Guilherme de Almeida e sonhava em ser professora. Seu caso reacende o debate sobre a eficiência no atendimento de emergências médicas e a necessidade de diagnóstico precoce em situações aparentemente simples, como a apendicite.