Taxas curtas dos DIs têm baixas, e longas sobem com Focus e discurso de Galípolo

Real e moedas

As taxas dos DIs com prazos longos fecharam a terça-feira pós-feriado em alta, influenciadas pelo discurso duro do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em relação à inflação e por certa realização de lucros após recuos mais recentes.

Na ponta curta da curva a termo as taxas encerraram com baixas leves, após economistas do mercado passarem a projetar inflação menor este ano, conforme o boletim Focus, e em meio à queda firme do dólar ante o real.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,72%, ante o ajuste de 14,742% da sessão de quinta-feira passada, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,185%, em baixa de 3 pontos-base ante o ajuste de 14,211%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,35%, ante 14,28% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,44%, em alta de 9 pontos-base ante 14,355%.

Na volta do feriado prolongado no Brasil, o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou que a mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação em 2025 cedeu de 5,65% para 5,57%. No caso de 2026, permaneceu em 4,50%.

A queda da projeção para este ano foi influenciada, conforme profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias, pela guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos, que para muitos analistas tende a reduzir o crescimento global, impactando a inflação.

“O Focus saiu e fez preço na ponta curta, até porque as projeções foram corrigidas por conta de tudo o que está acontecendo no exterior”, comentou à tarde Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.

A perspectiva de uma inflação de curto prazo menor pesou sobre as taxas na ponta curta, a despeito do discurso “mais conservador” de Galípolo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, avaliou Oliveira.

Aos parlamentares, Galípolo afirmou que a economia brasileira “mostra um dinamismo excepcional” e voltou a destacar a desancoragem das expectativas de inflação.

Em relação à taxa básica Selic, hoje em 14,25% ao ano, Galípolo afirmou que o BC está “migrando para um patamar que ele tenha alguma segurança de que está num patamar restritivo”. “E a gente está tateando agora esse ajuste, se a gente está num patamar restritivo suficiente”, acrescentou.

Operador de um banco de investimentos ouvido pela Reuters afirmou que os comentários de Galípolo foram considerados duros, o que fez “sumir a venda” de taxas no mercado de DIs. Isso levou, segundo ele, à alta dos prêmios na ponta longa da curva, em movimento influenciado ainda pela realização de lucros após os recuos recentes.

Após marcar a taxa mínima de 14,31% (-5 pontos-base ante o ajuste anterior) às 9h58 — antes da participação de Galípolo na CAE –, o DI para janeiro de 2033 atingiu a máxima de 14,51% (+16 pontos-base) às 14h30, já após o fim da audiência no Senado.

O avanço das taxas futuras nesta terça-feira, visto entre os contratos a partir de janeiro de 2028, ocorreu a despeito de no exterior os rendimentos dos Treasuries longos estarem em baixa, em meio a temores de que a guerra comercial desencadeada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, poderá levar a uma desaceleração econômica.

Às 16h39, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 1 ponto-base, a 4,393%. Já o retorno do título de 30 anos recuava 3 pontos-base, a 4,882%.

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