O deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) recusou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério das Comunicações. Em nota, ele agradeceu a confiança, pediu “desculpas” por não aceitar o cargo e disse que seguirá como líder do União Brasil na Câmara. A decisão foi motivada por disputas internas no partido.
Pedro Lucas afirmou que sua permanência na liderança da bancada é a melhor forma de contribuir com o governo. “Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados”, declarou. Ele também destacou que a liderança permite “dialogar com diferentes forças políticas” e “construir consensos”.
O União Brasil enfrenta divisões internas entre alas governistas e oposicionistas. Pedro Lucas é aliado do presidente do partido, Antonio Rueda, que é visto como opositor ao governo. A saída do deputado para o ministério poderia abrir espaço para que a ala bolsonarista assumisse o comando da bancada na Câmara.
A liderança do União Brasil é estratégica porque influencia na distribuição de emendas e na condução de votações. Com a permanência de Pedro Lucas, aliados de Rueda mantêm controle sobre a bancada. Deputados próximos ao parlamentar vinham alertando há dias que ele recusaria o ministério para não perder a liderança.
O partido também enfrenta tensões com o Planalto. Parte da bancada apoiou o requerimento de urgência para o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, o que irritou o governo. A nomeação de ministros de partidos aliados é uma das estratégias de Lula para tentar manter apoio no Congresso.
A indicação de Pedro Lucas chegou a ser confirmada por Gleisi Hoffmann após reunião no dia 10. No entanto, o próprio deputado usou as redes sociais no dia seguinte para dizer que ainda não havia decidido. Desde então, ele já comunicava a colegas que ficaria na Câmara.
Outro fator de pressão foi o risco de o deputado Juscelino Filho, ex-ministro denunciado pela PGR, retornar à Câmara e disputar a liderança com apoio do senador Davi Alcolumbre. Juscelino e Pedro Lucas são do mesmo partido e estado, mas pertencem a grupos rivais no Maranhão.
Na nota divulgada nesta terça-feira (22), Pedro Lucas reafirmou seu “compromisso com a democracia” e disse que continuará atuando no Parlamento “com firmeza”, defendendo o diálogo e o respeito às diferenças.
Recebi com respeito e senso de responsabilidade o convite do presidente Lula para integrar o governo federal. Agradeço a confiança em meu nome e ressalto que, conforme alinhado com o próprio presidente, qualquer definição será construída coletivamente, em diálogo com a bancada do…
— Pedro Lucas Fernandes (@depPedroLucasF) April 11, 2025
Leia a íntegra da nota:
Com espírito de responsabilidade e profundo respeito pela democracia brasileira, venho a público agradecer ao presidente Lula pelo honroso convite para assumir o Ministério das Comunicações. A confiança depositada em meu nome me tocou de maneira especial e jamais será esquecida.
Reflito diariamente sobre o papel que a política deve exercer: servir ao povo com compromisso, equilíbrio e coragem.
Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados. A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil.
Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.
Seguirei lutando pelo bem-estar de todos os brasileiros, especialmente daqueles que mais precisam. Continuarei atuando com firmeza no Parlamento, buscando consensos, defendendo a boa política e acreditando que o respeito às diferenças é o que fortalece nossa democracia.
PEDRO LUCAS FERNANDES (MA) Líder do União Brasil na Câmara dos Deputados Brasília, 22 de abril de 2025. UNIÃO NA CÂMARA.
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