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Um levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou um crescimento no número de mulheres à frente de empreendimentos. De acordo com a pesquisa, no terceiro trimestre de 2022, havia mais de dez milhões de mulheres donas de negócios no Brasil, o maior registro de empreendedoras da história. Isso equivale a 34,4% dos negócios do país sendo liderados por mulheres.
Para as mulheres que estão iniciando em diferentes ramos do empreendedorismo, a empresária, psicóloga e palestrante Fernanda Aoki afirma que o maior desafio é a organização. Segundo ela, é preciso saber gerenciar o tempo entre família, afazeres pessoais, finanças e o próprio negócio.
“A gente precisa ter agenda para tudo. Isso significa saber o que é prioridade em cada momento. Quando eu estou com a minha família, eu estou ali de verdade. Quando eu estou no trabalho, estou 100% presente. E para conseguir viver assim, a agenda precisa refletir as nossas prioridades”, explica.
A profissional também faz um alerta sobre o idealismo. Ela afirma que, muitas vezes, as pessoas se atraem pela ideia do negócio, por um produto específico ou até mesmo pela própria expertise.
“O problema é que essa paixão, quando não é bem equilibrada, pode nos cegar para o que realmente sustenta um negócio: a gestão. Se apaixonar demais apenas pela parte criativa ou técnica e esquecer que estamos lidando com uma empresa pode ser um grande risco. A falta de conhecimento em administração, a ausência de planejamento financeiro, a desorganização do fluxo de caixa — tudo isso pode comprometer o futuro do negócio logo nos primeiros passos”, reforça.
Outro ponto que merece atenção, segundo Fernanda, é a gestão de pessoas. Quando a empreendedora não sabe liderar, alguns erros simples podem ser cometidos, como misturar assuntos pessoais com profissionais. “É muito importante aprender sobre administração, desenvolver habilidades de liderança e ter disciplina, pois são pilares fundamentais para quem quer empreender com sucesso”, orienta.
Síndrome da impostora: um desafio comum
De acordo com a psicóloga, a síndrome da impostora é um sentimento de que tudo o que se faz nunca é suficiente e, na maioria das vezes, nasce de um lugar muito exigente e perfeccionista que é socialmente cobrado das mulheres.
“Acreditamos que precisamos ser perfeitas o tempo todo. Que não podemos errar. Que não há espaço para falhas. Criamos, dentro de nós, um ideal inalcançável de perfeição — e quando o erro aparece (e ele sempre aparece, porque somos humanas), nos sentimos incapazes, como se nada daquilo que construímos tivesse valor”, detalha.
Nesses casos, Fernanda explica que é preciso entender que errar faz parte do caminho e não é sinal de incapacidade.
“O que precisamos compreender — especialmente quando estamos nos primeiros anos de um negócio — é que somos seres inteiros em constante aprendizado. Errar faz parte do caminho. Errar não é sinal de incapacidade. Errar te torna aprendiz”.
Mercado de trabalho tem se transformado, mas desafios ainda existem
Em muitas empresas, mulheres ainda ganham menos apenas por serem mulheres, conforme ressalta a profissional. “Em muitos espaços, a gente precisa se esforçar o dobro para ser ouvida, para ser considerada. Mas eu acredito que o mercado tem se transformado”, pondera.
Segundo Fernanda, as empresas têm percebido que as mulheres possuem “um jeito diferente de liderar, de ser firme, de ser dinâmica, o que não diminui em nada a competência — só mostra um novo jeito de fazer”.
Dentro desse contexto, Fernanda acredita que o posicionamento é essencial, pois ele gera autoridade. “Eu penso que a melhor forma de lidar com o preconceito é não ser fisgada por ele. O preconceito fala muito mais sobre o outro do que sobre você. Preconceito se vence com qualidade, com conteúdo, com entrega, com alta performance”, conclui a empresária.