
O sindicalista José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se pronunciou nesta quarta-feira (23) sobre a operação da Polícia Federal que apura fraudes bilionárias no INSS.
Vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades investigadas, ele afirmou esperar que a PF apure “toda a sacanagem que tem” no Instituto Nacional do Seguro Social.
A Operação Sem Desconto, realizada pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um suposto esquema de descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS, que teria causado um prejuízo estimado em R$ 7,99 bilhões entre 2019 e 2024.
Segundo a investigação, os valores eram debitados diretamente da folha de pagamento, com base em autorizações falsas ou sem o consentimento dos beneficiários. Frei Chico, que integra a diretoria do Sindnapi desde o ano passado, negou qualquer irregularidade cometida pela entidade e afirmou estar tranquilo quanto às investigações.
“Eu espero que a Polícia Federal investigue de fato toda a sacanagem que tem. Agora, o nosso sindicato, eu tenho certeza que nós não devemos m* nenhuma”, declarou ao Estadão. Ele ainda reforçou que o Sindnapi já passou por auditorias e que atua com regularidade.
O Sindnapi, com sede em São Paulo, divulgou duas notas após a operação. Em uma delas, a entidade saiu em defesa de Frei Chico, destacando sua longa trajetória no movimento sindical desde os anos 1960, especialmente durante o regime militar, quando atuou como metalúrgico no ABC Paulista.
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A Polícia Federal investiga o envolvimento de 11 entidades no esquema fraudulento de descontos indevidos em benefícios do INSS. Além do Sindnapi, também são alvos da operação a Contag, que mantém acordo desde 1994; a Ambec e a Conafer, com vínculos iniciados em 2017; a AAPB, que passou a atuar em 2021; a AAPPS Universo, a Unaspub, a APDAP Prev (anteriormente chamada Acolher), a ABCB/Amar Brasil e a CAAP, todas com contratos firmados em 2022; e a AAPEN, que até 2023 era conhecida como ABSP.
As fraudes se davam por meio de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, que permitiam descontos em folha. Segundo o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, a maioria das autorizações era fraudada. A conclusão veio após entrevistas com cerca de 1.300 aposentados e pensionistas, dos quais quase 100% negaram ter autorizado os descontos ou disseram acreditar que eram obrigatórios.
Com o avanço das investigações, seis servidores públicos foram afastados, incluindo o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Ele pediu demissão após ordem direta de Lula, de acordo com a Coluna do Estadão. Um policial federal, cujo nome não foi divulgado, também foi afastado sob suspeita de envolvimento no esquema.
A Polícia Federal abriu 12 inquéritos para apurar a atuação das entidades e dos servidores públicos. Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, falsificação de documento, violação de sigilo funcional, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
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