Mercado corta projeções para petróleo: quais são as melhores ações para esse cenário?

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China tem pressionado fortemente os preços do petróleo desde o dia 2 de abril — o chamado “Dia da Libertação” —, alimentando temores de uma recessão global e de uma desaceleração na demanda por energia. O cenário tem atingido em cheio as petroleiras brasileiras, que enfrentam um abril especialmente negativo, com o petróleo WTI e o Brent sendo negociados abaixo dos US$ 70.

Mesmo com alguns sinais de progresso nas negociações de um acordo comercial entre EUA e China nas últimas sessões, a commodity continuou em queda. Segundo a Reuters, vários membros da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) sugerirão que o grupo acelere o aumento da produção de petróleo pelo segundo mês consecutivo em junho.

O aumento no volume de produção da Opep+, aliado à demanda global mais fraca, resultou em um grande excedente, pressiona os preços para baixo.

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Os estrategistas de commodities do JPMorgan preveem uma trajetória de queda para os preços do petróleo nos próximos anos como consequência disso, estimando uma média de US$ 66 por barril em 2025 e US$ 58 o barril em 2026. Com isso, o banco reduziu suas estimativas para todas as empresas de óleo e gás, ajustando-as a um novo cenário de preços mais baixos. Como resultado, os preços-alvo caíram entre 1,5% e 16,7%. Agora o banco considera preços de US$ 65 o barril para o restante de 2025 e também para 2026.

Diante disso, os preços das ações e as avaliações das empresas do setor sofreram — em muitos casos, mais do que os fundamentos justificariam. Sendo assim, na avaliação do JPMorgan, isso cria oportunidades seletivas, especialmente entre os produtores de baixo custo.

Nesse cenário, o JPMorgan destaca sua preferência por Petrobras (PETR4) e PRIO (PRIO3), com recomendação de compra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 43,50 e R$ 50. Ambas as petroleiras oferecem altos rendimentos (yields) de fluxo de caixa livre, margens resilientes e avaliações atrativas, mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador.

De forma geral, em um cenário estressado com o Brent a US$ 50 o barril, as empresas mais resilientes (com FCF, fluxo de caixa livre, positivo) seriam PRIO, Petrobras, Ecopetrol (EC) e também a Repsol Sinopec. Os nomes argentinos, de modo geral, estão em fase de ramp-up (reestruturação) da produção e não devem gerar FCF – as empresas mencionam a faixa de US$ 45 a 50 por barril como um limite crítico para possivelmente revisar seus planos de perfuração.

Segundo o JPMorgan, a Pampa se destaca como um nome defensivo por seu foco em gás e pelo fato de ter 70% de seus volumes de Recebíveis de Ativos (RdA) hedgeados até o início de 2026. Nesse contexto, a GPRK também possui volumes relevantes hedgeados em 2025, mas pode enfrentar números mais fracos dependendo do cenário de preços para 2026.

O Bradesco BBI, por sua vez, continua a preferir os players brasileiros offshore (operações de exploração e produção de petróleo que são realizadas em ambientes marítimos) de ciclo longo (especialmente Petrobras e PRIO) em relação aos de ciclo curto onshore (perações realizadas em terra firme), tendo em vista uma reserva de rendimento de fluxo de caixa (FCFE) muito mais forte para os próximos dois anos. O rendimento médio de FCFE para ambos os players brasileiros em 2025 e 2026 é de 15%, contra -10% para os piores players, YPF e Vista, que estão investindo pesado para crescer.

Além disso, o BBI removeu a previsão de um pagamento extraordinário de dividendos para a Petrobras este ano, pois o considera altamente questionável no cenário atual. Ainda assim, após a liquidação das ações, o rendimento base dos dividendos ainda está somando 12,3%.

As principais escolhas do BBI para o setor continuam sendo Vibra (VBBR3, com preço-alvo de R$ 30), PRIO (com preço-alvo de R$ 49) e Petrobras (com preço-alvo de US$ 14 por ADR). O banco recomenda que os investidores adicionem a distribuição de combustíveis brasileiras e invistam em nomes de petróleo com cautela, em bases relativas.

O BBI reduziu suas estimativas para o petróleo Brent em 2025, 2026 e 2027 para US$ 67, US$ 64 e US$ 65, respectivamente, de US$ 76, US$ 73 e US$ 68. O PIB dos EUA, a produção do Cazaquistão e a contagem de sondas do Permiano serão os principais dados que afetarão os preços do petróleo a serem monitorados, conforme relatório.

Já a Nord destaca que o anúncio da Opep+ sobre a antecipação do plano de aumento da produção de petróleo, aliado às incertezas em relação à demanda por conta da guerra comercial, exerceu pressão sobre o preço da commodity.

A Nord vê a PRIO como uma das petroleiras mais sólidas no setor. Apesar dos impactos na produção decorrentes da demora na obtenção de anuências e licenças junto ao Ibama, a petrolífera apresenta um baixo custo de produção.

Adicionalmente, segundo a Nord, o início da produção no campo de Wahoo, que deverá adicionar aproximadamente 40 mil barris por dia, tende a impulsionar o crescimento a partir de 2025.

Com isso, a PRIO projeta alcançar uma produção diária de 170 mil barris nos próximos dois anos, frente aos atuais 108 mil barris por dia. Essa expansão sustenta a estimativa de um crescimento superior a 50% no Ebitda até 2027.

Diante da perspectiva de crescimento consistente dos resultados e da recente desvalorização das ações, PRIO3 está sendo negociada a um múltiplo de 5 vezes lucro e 3 vezes Ebitda projetado para 2027 — patamar que configura uma oportunidade atrativa para investidores com horizonte de longo prazo, na avaliação da Nord.

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