
Notícias sobre fusões e aquisições voltam a rondar o setor de papel e celulose. Segundo a Reuters, a Suzano (SUZB3) e as asiáticas Royal Golden Eagle (RGE) e Asia Pulp & Paper Co (APP) são as empresas finalistas no processo de venda dos negócios internacionais de papel tissue da Kimberly-Clark, avaliado em cerca de US$ 4 bilhões, equivalentes a R$ 22,68 bilhões.
As empresas estão realizando a due diligence do negócio e devem apresentar propostas vinculantes até meados de maio, aponta a agência. A unidade, que foi colocada à venda pela Kimberly-Clark como parte de uma reestruturação iniciada no ano passado, gera cerca de US$ 500 milhões em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O Bradesco BBI vê uma baixa probabilidade da transação se concretizar, especialmente considerando as recentes considerações do Brazil Investment Forum — onde a administração da companhia reforçou ainda mais a disciplina na alocação de capital diante das incertezas macroeconômicas em curso.
A Genial Investimentos, por sua vez, avalia que a operação representa uma avenida estratégica para a Suzano diversificar sua pegada geográfica e ingressar em nichos premium – fluff e celulose solúvel.
“Apesar do histórico de insucesso na oferta total de US$ 15 bilhões pela IP em 2023, este desdobramento fragmentado pode ser mais palatável do ponto de vista regulatório e financeiro”, comenta Genial.
O sucesso, porém, segundo a Genial, dependeria de sinergias reais nos ativos legados, da destinação de capital e do controle de riscos tarifários nos EUA.
A Genial reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 72.
Já o Bank of America (BofA) não vê essa potencial transação de forma tão favorável quanto outras opções — como aquisições menores nas áreas de papel para embalagens ou papel cartão —, já que ela ofereceria pouca diversificação em relação à celulose e envolveria ativos significativamente menos rentáveis.
Além disso, o BofA pontua que uma possível transação poderia gerar certa pressão no balanço patrimonial — o que difere de outros alvos potenciais.
Segundo o banco americano, os principais benefícios de um possível acordo poderiam ser a adição de capacidade de produção de fluff, que tem uma dinâmica diferente da celulose para papel e está mais protegida da “ameaça” do crescimento da capacidade integrada de papel na China.
Além disso, conforme os analistas da casa, sem grandes acréscimos de capacidade de fluff no curto prazo, o mercado está mais protegido do que a celulose para papel. Uma potencial aquisição também expandiria a presença da Suzano ou da CMPC nos EUA.
“Embora talvez haja espaço para a substituição de fibra por fibra para liberar valor nesses ativos, esses ganhos provavelmente seriam graduais e de longo prazo, dada a provável necessidade de investir nos ativos e a resistência dos clientes em mudar o fornecimento dos produtos”, comenta BofA. Com isso, o banco acredita que o mercado provavelmente hesitaria em precificar quaisquer sinergias a princípio.
O Bank of America manteve recomendações de compra para Suzano e CMPC, visto que ambas são negociadas com descontos significativos em relação aos múltiplos históricos de 5,5 vezes e 6,0 vezes para o Valor da Firma (EV)/Ebitda de 2025. Ao mesmo tempo, o banco projeta que ambas gerarão rendimentos de fluxo de caixa livre atrativos de 10% e 14% em 2025, respectivamente.
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