
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicou que a Petrobras descumpriu sua ordem e não desocupou completamente a plataforma da companhia que pegou fogo na segunda-feira no campo de Cherne, na Bacia de Campos, deixando diversos feridos.
Segundo documento no site da autarquia datado da véspera, a desocupação seria necessária, pois não havia garantia que novos acidentes graves não possam ocorrer, a partir das degradações causadas pela explosão e incêndios iniciais.
A agência frisou ainda a necessidade de “se resguardar a vida humana em primeiro lugar”.
Nesta quinta-feira, a plataforma permanece sem ser completamente esvaziada, disse à Reuters uma fonte a par das discussões, enfatizando riscos de desocupar a plataforma, como a perspectiva da unidade ficar sem iluminação.
Procurada nesta quinta-feira, a Petrobras não respondeu imediatamente a pedidos de comentários. Na véspera, a empresa havia informado à imprensa que as condições de segurança da unidade estavam mantidas.
Já a ANP respondeu à Reuters por email que está avaliando resposta que recebeu da Petrobras sobre a questão da desocupação da plataforma e que ainda não foi aplicada nenhuma multa.
No dia do incêndio, na última segunda-feira, a ANP notificou a Petrobras para que desocupasse a plataforma até as 15h do dia 22. Já no dia 22, a ANP constatou o descumprimento pela Petrobras e deu novo prazo para a desocupação para 11h do dia 23, determinando ainda que a petroleira provesse contingência para a falta de iluminação de emergência de modo a preservar a navegabilidade, segundo o documento publicado na internet.
A agência explicou no documento que a Petrobras teria defendido anteriormente a permanência de 64 pessoas na unidade, para atividades como resposta à emergência e hotelaria, além de instrumentistas e técnicos de telecomunicações.
“A Petrobras alega que desabitar a plataforma traria outros riscos, como a falta de iluminação de emergência pela parada do gerador a diesel (dentre outros)”, disse a agência no documento.
A ANP disse ainda que não se tinha evidências do funcionamento, disponibilidade e integridade de sistemas críticos de segurança e que não havia comunicação efetiva entre a PCH-I e o meio externo.
O número de feridos com o incêndio, segundo a ANP, teria passado de 14 para 17, sendo três em estado grave.
A plataforma chamada PCH-1, localizada a cerca de 130 km da costa de Macaé, no Rio de Janeiro, já não produz petróleo desde 2020.
A ANP declarou que embora a plataforma não estivesse produzindo petróleo ou gás natural de poços interligados a ela, ainda estava em operação, e recebia gás natural de outra plataforma para a geração de energia para ela e para uma outra.
O documento da ANP disse também que a Petrobras ainda não sabia exatamente o que culminou no vazamento, tampouco o local do vazamento que originou a explosão de nuvem de gás.
Na véspera, a Petrobras informou em nota que haviam cinco feridos internados em observação, com estado de saúde estável, “sem risco até o momento” e que um deles encontrava-se na UTI. Disse ainda que estava prestando “toda a assistência aos feridos” e seguia acompanhando a evolução do quadro de cada paciente.
Além disso, na véspera, a Petrobras afirmou que as condições de segurança da unidade estavam mantidas, com geração de energia e comunicação a bordo, além do funcionamento, disponibilidade e integridade de sistemas críticos de segurança, como detectores de fogo e gás, sistema de combate a incêndio e baleeira, que já teriam sido testados após a ocorrência. Já houve o embarque da Comissão de Investigação do Acidente, segundo a empresa.
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