Como age o “tribunal do PCC”, acusado de executar suspeito de matar aluna da USP

Esteliano José Madureira era o principal suspeito da morte de Bruna. Foto: reprodução

O corpo de Esteliano José Madureira, de 43 anos, foi encontrado com sinais de tortura na zona sul de São Paulo, em um caso que pode estar ligado ao chamado “tribunal do crime” do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele era o principal suspeito do assassinato da estudante Bruna da Silva, aluna de mestrado da Universidade de São Paulo (USP).

Para o delegado da Polícia Civil, Rogério Thomaz, a forma como o corpo foi encontrado, amarrado, envolto em lona e com mais de dez perfurações, indica possível execução ordenada por integrantes da facção criminosa.

Segundo as investigações, o “tribunal do PCC” impõe penas a pessoas que cometem crimes considerados “inaceitáveis” pela facção, como são em casos de estupro. A vítima é sequestrada, amordaçada e levada para cativeiros, onde ocorre uma espécie de julgamento por membros do grupo, incluindo líderes presos que participam por videochamada.

A autorização para execução só é dada após deliberação da cúpula. A facção segue um código interno, conhecido como “cartilha de condução”, que prevê punições que variam de suspensão à exclusão, sendo esta última o assassinato.

Esteliano foi identificado como suspeito após imagens de câmeras de segurança o flagrarem perseguindo e atacando a estudante Bruna. Ele morava em uma comunidade localizada a cerca de 300 metros do local onde o corpo da jovem foi encontrado.

Bruna de Oliveira da Silva foi assassinada na zona leste de SP. Foto: reprodução

O crime de Esteliano

Bruna desapareceu em 13 de abril após sair da casa do namorado, no Butantã, zona oeste da capital paulista. A caminho de casa, na zona leste, ela parou para carregar o celular em uma banca de jornal e enviou uma mensagem pedindo dinheiro para pegar um carro por aplicativo. Foi o último contato. Minutos depois, desapareceu.

Vídeos mostram a estudante no terminal de ônibus de Itaquera e, posteriormente, sendo seguida e atacada por um homem. As imagens foram cruciais para a investigação da polícia.

Formada em turismo pela USP, Bruna havia iniciado recentemente o mestrado em Mudança Social e Participação Política. Seu trabalho acadêmico era voltado a causas sociais, com foco em populações em situação de rua. Ela era mãe de um menino de 7 anos e enfrentou a maternidade ainda na graduação, com apoio da mãe, Simone da Silva.

“Morreu como ela mais temia, como eu mais temia. Que peguem essa pessoa, porque essa pessoa está solta e vai matar mais”, disse Simone, emocionada, após reconhecer o corpo da filha no Instituto Médico Legal.

Amigos ressaltam o engajamento social de Bruna e seu compromisso com a luta contra a violência de gênero. “Ela se revoltava muito, se sensibilizava com casos de violência contra as mulheres. É triste ter se tornado mais uma vítima. Cabe a nós continuarmos o legado dela”, afirmou Karina Ribeiro Amorim.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Adicionar aos favoritos o Link permanente.