História e Tradições da cultura Indígena Brasileira

A cultura indígena brasileira é vasta e diversificada, ao contrário do que o senso comum pode sugerir. Historiadores estimam que, no início do século XVI, havia quatro principais agrupamentos linguísticos entre os povos indígenas: tupi-guarani, jê, caribe e aruaque. Até o ano de 1500, os indígenas eram os únicos habitantes do território que hoje chamamos de Brasil.

No entanto, com a chegada dos portugueses, essas populações foram forçadas a abandonar muitos de seus costumes, incluindo suas pinturas corporais, enfeites feitos com materiais naturais e até mesmo suas práticas culturais, como conflitos territoriais e modos de subsistência. A organização social dos povos indígenas era marcada pelo coletivismo, sem estruturas de política formal, Estado ou governo, e sem o uso de moeda ou trocas mercantis convencionais. Suas religiões eram politeístas, baseadas em elementos da natureza, e não havia escrita sistematizada.

A religião indígena, baseada em conjuntos de mitos sobre seres espirituais, era variada, entretanto era comum a crença em entidades espirituais que habitavam o mundo material. Também se acreditava em potências espirituais encarnadas por animais e na existência de pessoas que poderiam estabelecer contato com o mundo espiritual (pajés), sendo homem ou mulher. Tupã era o ser sobrenatural supremo que controlava a natureza e, como é comum nas religiões a identificação dos seus deuses com os seus povos, era representado pela figura de um índio poderoso.

Além desse deus, existia a figura mística do Abaçaí, que, para alguns povos, tratava-se um espírito maléfico que perturbava a vida dos índios. Os povos Tupinambá desenvolveram mitos de criação do mundo e acreditavam em sua possível destruição futura, por meio de dilúvios que matariam todos. Eles também acreditavam em entidades como Maire-Monan, que teria ensinado a agricultura à humanidade para que esta pudesse alimentar-se melhor.

Os pajés, que são as pessoas que podem entrar em contato com as entidades espirituais, utilizam a sabedoria aprendida com os espíritos para aconselhar as pessoas e fazer rituais de cura. Os rituais, chamados pajelanças, poderiam ser feitos em festividades, como forma de agradecimento e de pedido, e para efetuar curas medicinais. Eles envolviam, em alguns casos, música e dança. Era comum o pajé utilizar-se da inalação de grandes quantidades de fumaça de tabaco para que, em transe narcótico, pudesse fazer contato com os espíritos.

Os índios utilizam adornos corporais e pinturas com materiais extraídos da natureza, como a tintura de urucum, os colares de peças naturais, e os botoques e adornos feitos com base na arte plumária (que utiliza plumas e penas de aves). Há uma importante simbologia por trás dos adornos e das pinturas corporais, que podem identificar o sexo, a idade, a aldeia e a posição social do índio.

Também é comum a produção de artesanatos para ornamento, de utensílios, como cestas de palha e cuias, e, nas tribos antigas, de arcos, flechas e lanças utilizadas para a caça e para a guerra.

A visão europeia sobre os povos indígenas foi historicamente etnocêntrica, considerando seus modos de vida como inferiores por não apresentarem elementos que, para os europeus, eram símbolos de civilização e progresso. No entanto, a antropologia e sociologia contemporâneas já desmistificaram essa percepção preconceituosa, estabelecendo que as diferenças culturais são uma riqueza que deve ser respeitada e valorizada.

A valorização e o respeito pela cultura indígena são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, que reconhece a diversidade como uma fonte de riqueza e sabedoria. Com informações Brasil Escola.

Foto: Jerônimo Gonzalez/Acervo Funa

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