
Os bancões iniciam a sua temporada de balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25) na próxima quarta-feira (30), com a divulgação dos resultados do Santander (SANB11) antes da abertura do mercado.
Conforme ressalta a XP, a temporada de resultados do 1T25 deve refletir um ambiente operacional mais brando – mas ainda resiliente – após um forte 4T24.
Os analistas Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães espera que as taxas de juros altas, mas estáveis, o primeiro impacto da Resolução 4.966 em todo o trimestre e a sazonalidade típica do primeiro trimestre diminuam a originação de crédito e aumentem a inadimplência.
Ainda assim, os spreads (diferença entre as taxas de juros que um banco paga para captar recursos e as taxas que ele cobra ao emprestar dinheiro) sólidos, o bom desempenho de seguros e o disciplinado controle dos custos deverão manter os resultados globalmente em linha com os intervalos sugeridos pelos guidances.
A XP espera ainda que os bancos incumbentes apresentem tendências encorajadoras na margem financeira (NII) com clientes, ofuscando a pressão sobre a margem financeira (NII) com mercado. Enquanto isso, o crédito consignado para o setor privado continua sendo o tema estratégico de 2025.
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O Bradesco BBI não espera grandes surpresas para o mercado de capitais, “especialmente porque não houve grandes mudanças no ambiente de negócios”.
“Esperamos que as discussões entre os bancos se concentrem nas novas mudanças contábeis e no novo crédito consignado privado, enquanto os resultados devem ser impactados pelo crescimento sazonalmente mais fraco da carteira de crédito”, apontam os analistas do banco.
Os impactos das Alterações Contábeis da Resolução CMN nº4966/21 (com atenção total às despesas com provisões e alterações em baixas contábeis) e as expectativas relacionadas ao novo crédito consignado privado também são vistos como pontos de atenção por parte dos analistas.
“Em relação às expectativas de lucro líquido, o primeiro trimestre, geralmente, mostra um desempenho sazonalmente mais fraco, com expansão mais lenta da carteira de crédito, enquanto a inadimplência tende a se deteriorar”, avalia.
Para o Safra, os grandes bancos devem manter a mesma aversão ao risco e tom cauteloso, tendo em vista o cenário macroeconômico e de taxa Selic elevada. Entre os incumbentes, a equipe de analistas do banco manteve o Itaú Unibanco (ITUB4) como “top pick” e aponta que o “momentum” positivo para o lucro deve continuar.
Confira as visões para os bancões brasileiros no 1T25:
Santander (SANB11): divulgação em 30 de abril – antes da abertura dos mercados
Para a XP, o 1T do Santander tende a ser sazonalmente mais fraco e avalia que, para todo o ano de 2025, o cenário macro mais difícil deve impactar o crescimento da carteira de crédito.
Assim, projeta queda sequencial de 0,5% na base trimestral na carteira total. Mesmo com spreads estáveis, a expectativa é de margem financeira com clientes praticamente estável frente o 4T24, enquanto a de mercado deve cair com o impacto dos juros, com queda estimada de R$ 200 milhões.
Combinando os efeitos, projeta baixa de 2,5% frente o 4T24 no NII (mas +5,4% frente o 1T24); já as receitas com tarifas devem crescer 8,8% ano a ano. Em qualidade de crédito, a XP espera alta de 10 pontos-base (bps) no índice de inadimplência (NPL) para o Santander, elevando provisões em 1% trimestralmente, para R$ 6,1 bilhões. A projeção é de lucro recorrente deve ser de R$ 3,6 bilhões (-6,0% na comparação trimestral, +19,9% anualmente), com ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio) de 16,2% (-130 bps trimestre a trimestre), interrompendo a sequência de alta de rentabilidade.
O Bradesco BBI espera que as provisões mais altas sejam compensadas por despesas menores. “Esperamos que o Santander Brasil apresente um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, com ROAE de 16,4%, visto que as maiores despesas com provisões, devido às novas regras contábeis, podem ser compensadas por despesas menores, refletindo o diferimento das despesas com comissões”, aponta a equipe de análise.
A Genial Investimentos também ressalta que, após quatro trimestres consecutivos de avanço no ROE, o Santander deve registrar uma leve retração de -0,29 ponto percentual (pp) no 1T25, interrompendo a sequência positiva de rentabilidade. Assim como o BBI, o Santander projeta um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões.
Os analistas da casa ressaltam que o primeiro trimestre costuma ser, sazonalmente, um período de menor atividade econômica e com menos dias úteis, o que deve limitar a geração de resultados. Neste cenário, a rentabilidade do Santander deve ser pressionada por outros dois principais fatores: (i) o aumento das provisões com a adoção da Resolução nº 4.966; e (ii) a piora do NII Mercado, impactado pela alta da Selic.
” Apesar dessas pressões, o ROE deve se manter relativamente estável, uma vez que a implementação da 4.966 reduziu a base de capital regulatório em cerca de R$ 2,5 bilhões, suavizando o impacto da menor geração de rentabilidade. Vale destacar, no entanto, que esse alívio é apenas técnico e não reflete uma melhora estrutural de ROE, pois implica consumo de capital (Basileia) — o que pode restringir a expansão de crédito”, avalia a equipe da Genial.
A projeção média LSEG com analistas de mercado é de lucro de R$ 3,765 bilhões.
Bradesco (BBDC4): divulgação em 7 de maio, após o fechamento dos mercados
A visão geral do mercado é um 1T levemente positivo para o Bradesco. Para a XP Investimentos, o bom desempenho observado no fim de 2024 deve se manter, principalmente nos segmentos de PMEs (Pequenas e Médias Empresas) e Pessoa Física. Já Grandes Empresas devem seguir mais fracas, com desaceleração no ritmo de crescimento.
“Anualmente, o crescimento deve superar o guidance por base comparativa mais fácil, mas tende a convergir ao longo do ano. O NII com clientes deve crescer dois dígitos, impulsionado por menor custo de financiamento (funding)”, aponta a XP. Por outro lado, o NII de mercado tende a ser prejudicado pelos juros mais altos.
Apesar da sazonalidade negativa típica do 1T, a XP vê que o melhor resultado em seguros deve compensar parcialmente, enquanto provisões seguem sob controle e custo de risco deve seguir estável. O Bradesco estima lucro líquido de R$5,3 bilhões e ROAE de 13,0%. “Apesar do cenário macro menos favorável poder atrasar o turnaround, seguimos construtivos com a trajetória de recuperação gradual do ROE”, avalia a XP.
Na mesma linha, a Genial Investimentos ressalta que a reestruturação deve avançar, mas o ROE sustentável ainda requer tempo.
A equipe de análise projeta um lucro líquido de R$ 5,42 bilhões no 1T25 para o banco, praticamente estável em relação ao 4T24 (+0,3% frente o 4T24), mas com bom avanço de 28,7% anualmente, refletindo uma base de comparação fraca no início de 2024. O trimestre tende a ser sazonalmente mais fraco, o que limita avanços sequenciais mais significativos — a estimativa é de um ROE de 13,4%, ainda abaixo do custo de capital da instituição.
“O Bradesco segue avançando em sua reestruturação, com fechamento de agências, foco na segmentação do público de alta renda, digitalização do segmento massificado e busca por maior eficiência operacional. A estratégia continua voltada à melhoria da rentabilidade, mesmo que isso implique em um crescimento mais contido da carteira de crédito ao longo de 2025. Ainda assim, o cenário macroeconômico segue desafiador”, aponta.
Para a Genial, uma recuperação mais sólida do ROE só deve se materializar em 2026, quando o banco poderá, enfim, superar seu custo de capital de forma sustentável, ao menos em alguns trimestres.
A projeção média LSEG com analistas de mercado é de lucro de R$ 5,466 bilhões.
Itaú (ITUB4): divulgação em 8 de maio, após o fechamento dos mercados
Queridinha dos analistas entre os bancões, o Itaú deve seguir apresentando bons números no 1T, ainda que sem tanto brilho.
“Esperamos leve avanço no lucro do Itaú apesar da sazonalidade negativa do 1T. Tradicionalmente, o período é marcado por menor crescimento da carteira PF e ligeira piora na qualidade de crédito. Para 2025, além disso, esperamos impacto relevante do câmbio na carteira em moeda estrangeira e efeito negativo no crédito consignado do INSS por conta do teto de juros. Ainda assim, mantemos uma visão positiva para o lucro do banco neste ano, aponta a XP Investimentos.
O índice de inadimplência entre 15 e 90 dias pode crescer marginalmente, mas o NPL acima de 90 dias de PF e PMEs pode melhorar, com leve aumento das provisões. A margem com clientes deve ficar estável trimestralmente, com cerca de R$4 00 milhões a menos por conta de menos dias úteis no trimestre. Por outro lado, efeitos positivos vêm da margem sobre passivos e retorno sobre capital. A XP projeta lucro líquido de R$ 11,1 bilhões (+13,2% ano ano, +1,6% trimestre a trimestre), com ROAE de 22,3% (+10 bps na base trimestral).
O Bradesco BBI também espera lucro de R$ 11,1 bilhões, refletindo principalmente uma expansão de margem mais lenta no 1T25 devido ao menor número de dias corridos, sem grandes surpresas nas demais linhas. “Por sua vez, esperamos que as tarifas e despesas operacionais sigam as tendências sazonais”, apontam os analistas.
A Genial vê o Itaú registrando o melhor resultado entre os bancos incumbentes no 1T25. Na visão dos analistas, o banco segue blindado frente à nova resolução 4966, sendo o único grande player sem impactos visíveis no capital ou no resultado nesta virada para o novo modelo de provisões por perdas esperadas.
“Como de costume, o 1T tende a ser mais fraco em termos sazonais, o que deve pesar sobre a performance de tarifas e seguros, além de um NII com crescimento mais moderado. Ainda assim, o Itaú deve manter sua consistência”, avalia.
A equipe segue construtiva para 2025, com o banco entregando lucros em crescimento de dois dígitos, com destaque para sua rentabilidade acima dos pares e balanço sólido. “Enxergamos também um bom potencial de médio prazo no Super App One Itaú, que já começa a mostrar tração e tende a se consolidar como uma alavanca relevante de crescimento e monetização, por meio de ofertas mais customizadas e uma visão mais integrada do cliente”, destaca.
A projeção média LSEG com analistas de mercado é de lucro de R$ 11 bilhões.
Banco do Brasil (BBAS3): divulgação em 12 de maio, após o fechamento dos mercados
A XP espera um início de ano morno para o Banco do Brasil. Para os analistas, embora a carteira total de crédito tenha acelerado ao longo de 2024, a projeção é de estabilidade no 1T25 (-0,3% na base trimestral). Ainda assim, isso representaria um crescimento de 12% anualmente, superando o teto do guidance (+5,5%/+9,5% anualmente). Em relação ao NII, o ambiente de juros mais altos deve melhorar os retornos, mas o custo de financiamento também deve subir. Esses fatores combinados devem resultar em um NII estável.
A inadimplência deve continuar pressionado pelo setor Agro, levando também a maiores provisões. A casa projeta um lucro líquido de R$ 9,5 bilhões (+2,0% na base anual e -1,0% trimestralmente), implicando um ROAE de 20,9% (-40 bps trimestre a trimestre). “De forma geral, embora a primeira metade do ano deva continuar pressionada, esperamos uma melhora ao longo de 2025, permitindo que o lucro líquido feche dentro do guidance (cerca de R$ 39,4 bilhões)”, avalia o banco.
Já o BBI espera um lucro bem menor, de R$ 8,7 bilhões (queda de 9,0% no trimestre e 6,2% em relação ao ano anterior), com ROAE de 18,6%, refletindo provisões mais altas, já que a inadimplência rural continua pressionada, enquanto a receita líquida de juros pode ser prejudicada por receitas com floating menores, devido a depósitos sazonalmente mais fracos.
O banco estatal, na visão dos analistas do Safra, deve mostrar margens de crédito pressionadas por custos de financiamento mais altos e volumes menores. “Ainda assim, prevemos um poder de lucro mais forte relacionado à margem não creditícia (resultados de tesouraria)”, acrescentaram, calculando um lucro líquido de R$ 9,253 bilhões para o trimestre.
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Em relação à inadimplência, eles estimam pressão sequencial de tendências mais fracas de qualidade de ativos no segmento de agronegócio. As provisões líquidas totais devem ficar em torno de R$ 10,14 bilhões. Também veem NII e receitas estáveis.
A projeção média LSEG com analistas de mercado é de lucro de R$ 9,32 bilhões.
(com Reuters)
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