A assustadora e patética moda dos bebês reborn. Por Nathalí

Bebês reborn que imitam recém-nascidos. Foto: Reprodução/Internet

Triste no que a falta do que fazer pode transformar uma pessoa: agora temos vivendo no mesmo mundo que nós – no mesmo país, inclusive – os “pais” e “mães” de bebês reborns, bonecas realistas tratadas como bebês por pessoas que parecem não ter muito em que depositar sua energia.

Eles ninam a boneca. Eles banham a boneca. Eles fazem festinhas de aniversário para a boneca. Eles se reúnem para que seus “filhos” brinquem juntos – as bonecas.

Dizem que algumas até “amamentam” a boneca.

Não julgo, ainda que isso seja completamente digno dos mais duros julgamentos, minha indignação é verdadeiramente triste.

Para falar além do óbvio – que gente desocupada cuida de boneca enquanto as crianças de verdade trabalham na rua ou vivem em orfanatos – é preciso observar sociedade, sobretudo a geração millenial – a minha geração, a geração dos jovens adultos – e que são o público principal dos bebês reborns.

Nós, millenials, vimos nossos pais terem família e casa própria antes dos trinta. Muito antes, às vezes.

Agora a vida é mais difícil. Parece distante para uma pessoa comum de 30 anos ter condições financeiras e emocionais para criarem um filho de verdade, simplesmente porque vivemos no neoliberalismo, esse sistema onde mal se sobrevive.

Tutora leva seu bebê Reborn “Bento” ao hospital. Foto: Reprodução/Redes sociais

Vejo nas pessoas que aderem a essa moda bizarra – meu deus, que aparência perturbadora dessas bonecas – um medo latente da maternidade, como as mães e pais de pet e de samambaia, mas agora a coisa ficou realmente mais sinistra.

Em tempos incertos como os nossos, as necessidades sociais dos jovens adultos vêm sendo supridas por animais, plantas e agora brinquedos.

Para além do medo, salta aos olhos a fetichização da maternidade/paternidade, emulando um vínculo tão importante com a ajuda de um objeto inanimado. Nada reforçaria mais a romantização da maternidade, quase nunca mostrada por influenciadores como “maternidade real” do que bebês reborns.

Isso não é assustador pra você? Assustador e triste, digo mais uma vez.

Foi também na geração millenial o boom dos transtornos mentais, que, não tratados, geram também aberrações como estas.

Somados à excessiva exposição nas redes sociais – e as duas coisas estão intimamente ligadas -, esses transtornos podem ser parte da explicação dessa palhaçada.

De toda sorte, grande parte da culpa é deles, eles mesmos, os influenciadores, que agora usam brinquedos pra romantizar a maternidade e ganhar seguidores em um país em que a imbecilidade tem fãs.

A história contará o estrago que a moda dos influencers fez na sociedade. E neste dia, eu espero ainda estar aqui.

Confira os posts de tutores de bebê reborn:

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