Musical “Viva o Povo Brasileiro” encerra turnê em BH

O musical Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé) encerra a primeira fase de sua turnê nacional em Belo Horizonte. As apresentações ocorrem nos dias 16 e 17 de maio, às 20h, no Sesc Palladium. A montagem é uma adaptação teatral do romance Viva o Povo Brasileiro, escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado em 1984. A obra venceu prêmios como o Camões de Literatura e o Jabuti. O espetáculo tem 180 minutos de duração, sem intervalo.

O espetáculo conta com direção de André Paes Leme, músicas originais de Chico César e direção musical de João Milet Meirelles, integrante do BaianaSystem. O elenco reúne nomes como Maurício Tizumba e Júlia Tizumba, além de Alexandre Dantas, Cris Meirelles, Hiane, Hugo Germano, Jackson Costa, Ju Colombo, Jesus Jadh e Sara Hana. A montagem recebeu o Prêmio Shell de Melhor Ator para Maurício Tizumba e foi indicada em categorias como Direção, Música Original e Figurino. Também recebeu indicações ao Prêmio APCA e ao Prêmio APTR.

A dramaturgia utiliza trechos literais do romance de Ubaldo, articulados com 30 músicas compostas por Chico César. O trabalho é resultado de uma pesquisa de doutorado desenvolvida por André Paes Leme na Universidade de Lisboa, que investiga adaptações teatrais de obras literárias. Ele já dirigiu outras montagens com base em clássicos da literatura brasileira.

Trama abrange quatro séculos da história brasileira

O espetáculo percorre 400 anos da história do Brasil, de 1647 a 1977, tendo como cenário a ilha de Itaparica, na Bahia. A narrativa acompanha uma alma que deseja ser brasileira. Ela reencarna em três personagens centrais: Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé. Cada um representa uma época distinta e atua como símbolo das camadas invisibilizadas da história nacional.

Capiroba é enforcado por colonizadores portugueses em 1640, após liderar uma resistência. Sua filha, Vu, dá origem a uma linhagem de mulheres marcadas pela luta. Em 1809, a alma reencarna como um Alferes, morto precocemente ao tentar defender a ilha. Por fim, assume o corpo de Maria Dafé, personagem central da trama. Dafé é filha de Vevé (Naê), tataraneta de Vu, e neta adotiva de Leléo, um negro liberto e rico que a educa. Aos 12 anos, Dafé presencia o assassinato da mãe e transforma o trauma em força.

Segundo o diretor, o musical adapta cerca de um terço do livro. No entanto, mantém o foco nos temas centrais: ancestralidade, espiritualidade e resistência à escravidão. O texto também enfatiza a presença feminina, especialmente através da heroína Maria Dafé.

Chico César, responsável pelas músicas, afirma que sua composição partiu da sonoridade da palavra escrita por João Ubaldo. Ele utilizou elementos da música negra brasileira e baiana, com destaque para as conexões culturais de Salvador e Itaparica. João Milet Meirelles, por sua vez, buscou uma sonoridade que une tradição e contemporaneidade. No palco, o musical conta com três músicos e dez atores que atuam também como instrumentistas.

Estrutura colaborativa e coro de novos artistas

Além do elenco principal, o espetáculo conta com um coro formado por estudantes e atores iniciantes. Essa escolha visa reforçar a dimensão coletiva da obra. A encenação combina interpretação, canto e performance instrumental dos artistas. A construção do musical envolveu processos de experimentação, segundo Meirelles. Os arranjos incluem sanfona, piano, cordas e percussão.

Chico César e João Meirelles já trabalharam com a produtora Sarau em outras montagens, como Suassuna – O Auto do Reino do Sol e A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa. Para Chico, o trabalho retoma suas raízes musicais e se alinha com o legado de João Ubaldo. Para João, a trilha sonora propõe um olhar para o futuro, mantendo referências tradicionais.

O espetáculo propõe uma leitura crítica da história do Brasil a partir de personagens marginalizados. Através da trajetória da alma que deseja ser brasileira, a peça traz à tona reflexões sobre identidade, luta e memória coletiva.

Serviço

Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)

  • 16 e 17 de maio (sexta e sábado)
  • 20h
  • Sesc Palladium – Grande Teatro

Ingressos pelo Sympla ou bilheteria do teatro:

PLATEIA I – Inteira R$ 100,00 – Meia entrada R$ 50,00; PLATEIA II – Inteira R$ 80,00 – Meia entrada R$ 40,00; PLATEIA III – Inteira R$ 60,00 – Meia entrada R$ 30,00

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