
Demora em agir em relação ao escândalo dos descontos derrubaram Lupi – Foto: Lula Marques/Agência Brasil/Especial
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão nesta sexta-feira, 2 de maio, nove dias após a megaoperação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) que revelou um esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios pagos pelo INSS. Embora não tenha sido citado nas investigações, Lupi foi pressionado por aliados do Planalto e perdeu força política.
A decisão foi comunicada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já nomeou Gilberto Waller Júnior, atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro. Ele também é filiado ao PDT.
O escândalo envolve o desconto de mensalidades associativas não autorizadas em aposentadorias e pensões, entre 2019 e 2024. Segundo a Polícia Federal, os valores descontados somam R$ 6,3 bilhões, embora ainda não se saiba o quanto foi, de fato, desviado de forma ilegal. As entidades sindicais e associativas envolvidas cobravam valores sem consentimento dos beneficiários, alegando uma suposta filiação inexistente.

A repercussão da investigação gerou desgaste político ao ministro. Interlocutores do governo apontam que ele não tomou providências eficazes para coibir as fraudes, mesmo após alertas internos. Com isso, a avaliação no Planalto foi de que sua permanência no cargo se tornava insustentável.
Em nota divulgada nas redes sociais, Lupi disse que deixou o cargo com a “certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso”. Ele também declarou que as apurações sempre tiveram o apoio do ministério e dos órgãos de controle do governo federal.
Enquanto isso, a oposição no Congresso reuniu as assinaturas necessárias para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar o caso. O escândalo já é tratado como uma das principais crises enfrentadas pela atual gestão na área social.
A operação que levou à queda de Lupi foi autorizada pela Justiça do Distrito Federal e envolveu centenas de policiais federais e auditores da CGU. O foco da apuração é um esquema nacional de descontos associativos não autorizados que afetou milhares de aposentados e pensionistas em todo o País.
Com a saída de Lupi, o governo busca conter o desgaste e dar uma resposta à base parlamentar e à sociedade diante da fragilidade revelada na proteção dos dados e dos direitos de quem depende do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade.
Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, +
— Carlos Lupi 🇧🇷🌹 (@CarlosLupiPDT) May 2, 2025