O ex-diretor financeiro da Americanas, Fábio da Silva Abrate, abriu um bar na Rocinha, no Rio de Janeiro, após enfrentar dificuldades para conseguir emprego depois de deixar a varejista. Ele é um dos delatores no caso do escândalo contábil que levou à denúncia do Ministério Público Federal. O estabelecimento, chamado Brasa Boteco, foi inaugurado em janeiro de 2024 e é resultado de uma sociedade familiar.
Abrate contou que, após sair da Americanas em 2023, tentou seguir com uma consultoria e teve uma breve passagem pela rede de moda Zinzane. Segundo ele, o impacto da crise na empresa afetou sua imagem no mercado e dificultou novas oportunidades.
O ex-executivo iniciou o negócio ao lado do pai, que detinha 20% da sociedade, e de um gerente morador da Rocinha, com 10%. Após seis meses, ele comprou a parte do gerente e passou a dividir o negócio apenas com o pai. Na delação, Abrate afirmou que o faturamento do bar gira entre R$ 120 mil e R$ 130 mil, mas ainda não gera lucro.
A decisão de empreender surgiu da percepção de que sua recolocação como executivo seria difícil. Em nota à Folha, ele explicou que viu na Rocinha um mercado promissor para um espaço que oferecesse dignidade, bom atendimento e preços acessíveis, além de transmitir jogos de futebol e ter música ao vivo. “Essa fórmula não se via nos restaurantes que já estavam presentes na região”, disse.
Sobre a Zinzane, Abrate relatou que foi convidado para colaborar com a empresa após outro ex-funcionário da Americanas ser contratado. A proposta inicial era inferior a R$ 50 mil mensais, valor que ele considerou baixo, mas aceitou prestar serviços por R$ 25 mil.
No entanto, a operação Disclosure da Polícia Federal, deflagrada no fim de junho de 2024, levou ao seu afastamento da Zinzane. Segundo ele, o início do trabalho ocorreu na segunda quinzena daquele mês, e a operação da PF ocorreu no dia 27.
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