
A Polícia Federal (PF) investiga a advogada Renata Pimentel, filha do desembargador Sideni Soncini Pimentel, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), por supostamente ter comprado uma caminhonete de R$ 217 mil com dinheiro de propina oriundo da venda de decisões judiciais.
Segundo relatório da PF, a aquisição do veículo teria sido uma forma de repassar valores ilícitos ao magistrado. A caminhonete, de acordo com os investigadores, foi paga com R$ 213 mil em espécie, e quitada pela filha do desembargador. A advogada também teria afirmado que “comprou o carro para o pai”.
A defesa de Sideni Pimentel, representada pelo advogado Pierpaolo Bottini, nega qualquer envolvimento em irregularidades. Segundo ele, o desembargador não tinha conhecimento sobre a compra da caminhonete e todas as suas decisões judiciais “foram fundamentadas”. Afirmou ainda que Pimentel jamais atuou em processos envolvendo familiares e nunca recebeu vantagem indevida.
“A defesa apresentou um parecer técnico contábil com a origem lícita de todas as receitas do desembargador”, disse Bottini, destacando que o magistrado já prestou depoimento à PF.
O caso está no centro da Operação Ultima Ratio, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2024. O desembargador Sideni Pimentel está afastado das funções desde então.

Em uma representação de 281 páginas enviada ao ministro Cristiano Zanin, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), a PF detalha um esquema milionário de venda de sentenças envolvendo propriedades rurais. De acordo com a investigação, Renata Pimentel teria recebido R$ 920 mil em propinas para repassar ao pai.
Os autos da PF incluem trocas de mensagens entre a advogada, o pai e funcionários da concessionária e do banco. Em uma delas, Renata afirma: “Comprei essa camionete para você.”
Em outra conversa, ela informa à gerente bancária que deseja quitar o financiamento com R$ 213 mil em dinheiro vivo. A gerente, no entanto, explica que pagamentos em espécie acima de R$ 10 mil não são permitidos pelo Banco Central, e que o valor teria que ser depositado em conta antes de ser debitado.
“Aqui no tribunal tenho muito problema, porque vem muita gente com dinheiro em espécie para pagar boleto e a gente não pode”, alertou a funcionária.
Preocupada, Renata consultou o contador sobre como justificar o depósito. Ele orientou a declarar o valor como “empréstimo do sócio para a empresa”.
A decisão de apresentar ou não denúncia formal contra o desembargador caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR). A PF afirma já ter reunido provas suficientes para sustentar as acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes relacionados ao esquema de venda de sentenças.
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