
A Ucrânia convocou seu embaixador no Vaticano após o Papa Francisco sugerir “levantar uma bandeira branca e negociar” o fim da guerra com a Rússia. Kiev ainda pediu que Visvaldas Kulbokas, o representante do país, preste esclarecimentos.
O Ministério das Relações Exteriores ucraniano afirmou que o país está “decepcionado” com a declaração do pontífice. “A Ucrânia está decepcionada com as palavras do pontífice sobre a ‘bandeira branca’ e a necessidade de ‘mostrar coragem e negociar’ com o agressor”, diz a pasta em nota.
“O chefe da Santa Sé deveria ter enviado sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de unir forças imediatamente para garantir a vitória do bem sobre o mal, e apelar ao agressor, não à vítima”, prossegue.
A diplomacia ucraniana ainda afirma que Francisco tenta “legalizar a lei do mais forte” e “continua ignorando o direito internacional”.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, também criticou a fala do Papa e disse “não entender” seu pedido. “Penso que algumas coisas só podem ser compreendidas se as virmos com os nossos próprios olhos”, afirmou.

A declaração do Papa Francisco foi feita no início de fevereiro em entrevista à rádio suíça RTS e divulgada neste sábado (9).
“Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar. A palavra ‘negociar’ é uma palavra corajosa. Quando você vê que está derrotado, que as coisas não vão bem, precisa ter a coragem de negociar. Dá vergonha, mas com quantas mortes isso vai terminar? Hoje, por exemplo, na guerra da Ucrânia, há muitos que querem atuar como mediadores. A Turquia se ofereceu para isso. E outros. Não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem”, afirmou na ocasião.