China divulga medidas “históricas” para estabilizar setor imobiliário

Prédios inacabados em Shijiazhuang, China 01/02/2024. REUTERS/Tingshu Wang/File Photo

Pequim/Hong Kong (Reuters) – A China anunciou medidas “históricas” nesta sexta-feira (17) para estabilizar seu setor imobiliário atingido pela crise, com o banco central viabilizando 1 trilhão de yuans (US$ 138 bilhões) em financiamento extra e flexibilizando as regras de hipotecas e os governos locais se preparando para comprar “alguns” apartamentos.

Os investidores esperam que as medidas marquem o início de uma intervenção governamental mais decisiva para compensar a diminuição da demanda por apartamentos novos e antigos, para desacelerar a queda dos preços e para reduzir um estoque crescente de casas não vendidas.

Analistas vêm pedindo há tempos que o governo intervenha com suas próprias compras para sustentar um setor que, em seu auge, foi responsável por 1/5 do PIB e continua sendo um grande obstáculo para a segunda maior economia do mundo.

Desde que o mercado imobiliário começou a cair vertiginosamente em 2021, várias incorporadoras deram calote, deixando dezenas de canteiros de obras ociosos e minando a confiança no que, durante décadas, foi o instrumento de poupança preferido da população chinesa.

“Passo ousado”

O Jornal Imobiliário da China, uma publicação gerenciada pelo Ministério da Habitação, disse que as “políticas pesadas” marcaram “um momento histórico significativo” para o setor.

“É um passo ousado”, disse Raymond Yeung, economista chefe do ANZ, sobre as medidas.

“O maior problema é se o programa de compras do governo induzirá a demanda do setor privado. A liquidação de estoques aumentará o fluxo de caixa para as incorporadoras e ajudará sua estabilidade financeira, mas não abordará a confiança do setor privado.”

Depois que as ondas de medidas de apoio nos últimos dois anos falharam em estabelecer um piso para o setor imobiliário, o Ministério da Habitação da China disse que os governos locais podem instruir as empresas estatais a comprar “algumas” casas a preços “razoáveis”.

Os veículos de financiamento municipais, culpados pelo que Pequim chama de “dívida oculta”, não terão permissão para comprar.

As casas serão usadas para fornecer moradias a preços acessíveis, disse o vice-primeiro-ministro He Lifeng, sem fornecer um cronograma ou uma meta para as compras.

Ele também disse que os governos locais, que já têm cerca de 9 trilhões de dólares em dívidas, podem recomprar os terrenos vendidos aos incorporadores e prometeu que as autoridades “lutarão arduamente” para concluir os projetos paralisados.

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