
Em um desdobramento das investigações sobre os recentes acontecimentos em Brasília, a Polícia Federal revelou um áudio enviado pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, ao general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
Nesse áudio, Cid encoraja movimentos dos militares para reforçar a presença de manifestantes em frente aos quartéis militares e instiga o deslocamento até a Praça dos Três Poderes, onde estão localizadas as sedes da presidência da República, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a oitiva do general Freire Gomes no Supremo Tribunal Federal (STF), policiais federais revelaram que interceptaram o áudio de Cid, incentivando a importância da publicação da nota “Às instituições e ao povo brasileiro” para estimular “a manutenção e intensificação” da presença de manifestantes em frente aos quartéis militares e o deslocamento para o Congresso, STF e Praça dos Três Poderes.

O áudio, datado de 11 de novembro de 2022, foi enviado antes dos incidentes que resultaram na invasão e ataques golpistas nas sedes dos Três Poderes. Freire Gomes, confrontado com a informação, defendeu que a nota publicada no mesmo dia pelos comandantes das Forças Armadas tinha o propósito de direcionar os protestos para o âmbito do Poder Legislativo, em vez de concentrá-los em frente aos quartéis militares.
Durante a oitiva, o general admitiu ter recebido de Mauro Cid um áudio informando que as manifestações em Brasília seriam financiadas por empresários do agronegócio, enviado por meio do aplicativo UNA. O ex-comandante do Exército afirmou que Cid compartilhou a informação de forma espontânea, sem solicitação prévia.
Freire Gomes também esclareceu que não ordenou a retirada dos manifestantes em frente ao Quartel-General do Exército por falta de uma ordem judicial nesse sentido.