FIT BH, 30 anos: veja dicas da nova edição

O 16º FIT BH acontece de 20 a 30 de junho e traz o tema “Teatro: Patrimônio Cultural – Pontes de Memória”

Equipe Culturadoria

Antes de mais nada, é necessário pontuar: a cada edição, as atrações do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua, o FIT BH, são escolhidas por um time curatorial bastante competente. Para esta, que marca os 30 anos de vida da iniciativa, os integrantes são: o ator, diretor e dramaturgo Assis Benevenuto, a atriz e crítica teatral Soraya Martins e a atriz, performer, professora e gestora cultural Tina Dias. Ou seja, a grade foi estruturada a partir das escolhas de pessoas com reconhecida expertise.

Sendo assim, só de estarem ali, na grade, já significa que as atrações passaram por um crivo rigoroso. E, certamente, vão render ótimas experiências ao público, gerando reflexões ao mesmo tempo que podem divertir. Ainda assim, como nem sempre é possível assistir a todos os espetáculos – são 23 espetáculos, em 53 apresentações -, apontamos, aqui, algumas apostas da equipe do Culturadoria para o FIT BH 2024. Confira!

“As Cores da América Latina” | Panorando Cia e Produtora (AM)

Vencedor do Prêmio Shell de Teatro, “As Cores da América Latina” chega ao FIT BH 2024 prometendo atrair muita gente. O espetáculo passeia por três manifestações latino-americanas: a Fiesta de la Tirana (Chile), Huaconada (Peru) e Cavalo-Marinho (Brasil), colocadas em interseção com a dança e o teatro. Em cena, cores vibrantes e seis máscaras de “Fofão”, que é um personagem do Carnaval Maranhense. Aliás, a obra apresenta, de forma não-linear, a história do “último Fofão” como metáfora ao esquecimento que recai sobre tradições latino-americanas. Duração: 45 Minutos. Classificação etária: Livre. (Abaixo, foto de Judah Levy/Panorando)

Quando. Domingo, 23/6, às 17h30
Onde. Praça Geralda Damata Pimentel ( R. Versília, s/nº – Pampulha)
Quanto. Gratuito

“Azira’I” | Sarau Cultura Brasileira (RJ)

Solo autobiográfico que trata da relação entre Zahy Tentehar e sua mãe, Azira’i Tentehar, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão. No palco, ela alterna cenas em português e em Ze’eng eté. Assim, leva para a cena o debate sobre os processos de aculturamento aos quais foram submetidas. Foi indicado ao Prêmio Shell 2023 em quatro categorias – atriz, iluminação, dramaturgia e cenário, sendo vencedora na categoria Melhor Atriz e Melhor Iluminação. E no Prêmio APTR nas categorias – espetáculo, direção, iluminação e jovem talento – atriz. Duração: 90 minutos. Classificação: 12 anos.

"Azira'i" é um solo autobiográfico que trata da relação entre Zahy Tentehar e sua mãe, Azira'i Tentehar, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão (Leo Aversa/Divulgação)
“Azira’i” é um solo autobiográfico que trata da relação entre Zahy Tentehar e sua mãe, Azira’i Tentehar, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão (Leo Aversa/Divulgação)

Quando. Domingo (30), às 15h e às 18h (Acessibilidade em Libras)
Onde. Neste FIT BH, apresenta-se no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

“Bagunça” – Marina Viana & Coletivo Bagunça

Um arqueólogo/fotógrafo freelancer de uma revista estrangeira recebe a ajuda de um gari brasileiro na busca por uma “Juca Caixa”. Trata-se de uma jukebox ancestral que, através da música, pode revelar muita coisa. Ou seja, que tipo de música toca hoje nos bares da região leste de BH? E, tal qual, na região leste de São Paulo? Na favela da Maré, na periferia de Belém do Pará, bem como no interior de Goiás, no sertão baiano? Que tipo de música toca, hoje, a alma do povo brasileiro? O público do FIT BH vai, pois, refletir junto. Duração: 120 minutos. Classificação etária: Livre.

“Bagunça” dirigido por Marina Viana, é um dos títulos arrolados na Mostra Local (Bruno Peixoto/Divulgação)
“Bagunça” dirigido por Marina Viana, é um dos títulos arrolados na Mostra Local (Bruno Peixoto/Divulgação)

Quando. Quarta-feira (26) e quinta (27), às 20h
Onde. O espetáculo é itinerante, mas tem início no entorno do Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto).
Quanto. Gratuito.

“CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos” (SP)

Nesta atração do FIT BH, as irmãs Maria dos Prazeres e Maria das Dores lidam com o encarceramento dos homens da família. Mais recentemente, o do filho de uma delas, Gabriel. Nas comunidades, as mulheres tentam romper o ciclo que as aprisiona em existências sem futuro. Mas os saberes ancestrais permaneceram vivos nos corpos que fizeram a travessia do Atlântico. Assim, Iansã segue inspirando fabulações para que filhos e filhas experimentem a liberdade. O título refere-se às mulheres que transmutam as energias de violência e morte. Duração: 120 minutos. Classificação etária: 12 anos. (abaixo, foto do espetáculo: Tiggaz/Divulgação)

Quando. Quinta-feira (27), às 21h, e sexta (28), às 19h. Sessão do dia 28 com intérprete de Libras
Onde. Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30). Bilheteria do teatro – de quarta a domingo, das 12h às 20h (mediante disponibilidade)

“La Cocina Pública” (Chile)

“La Cocina Pública”, outra atração “gringa” do FIT BH, é apresentada como “uma jornada interativa que celebra o poder da comida como um meio de conexão e diálogo”. Assim, mistura performance, gastronomia e participação comunitária. Desse modo, explora questões culturais, sociais e de convivência, convidando o público a vivenciar uma fusão de sabores e afetos. Duração: 150 minutos. Classificação etária: Livre.

“La Cocina Pública” envolve performance e gastronomia com participação da plateia  (Adelano/Divulgação)
“La Cocina Pública” envolve performance e gastronomia com participação da plateia (Adelano/Divulgação)

Quando. Sexta (28), sábado (29) e domingo (30), às 17h
Onde. Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado (Rua Leonil Prata, s/nº – Alípio de Melo, Regional Pampulha)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

“Ñuke” | Kimvn Teatro (Chile)

“Ñuke” (“mãe”, em mapuche) traz uma família mapuche cujo filho mais velho é preso por terrorismo. Além disso, vive em uma comunidade constantemente invadida por forças policiais. Assim, a violência que este povo viveu no curso da história do Chile se faz notar na casa (ou ruka) de Carmen, José, Kalén, Pascual e Juana Quinchaleo. Dramaturgia: David Arancibia. Direção: Paula González Seguel. Classificação etária indicativa: 14 anos (menores precisam estar acompanhados por um adulto e munidos de documentos que comprovem parentesco). Duração: 60 minutos.

“Ñuke” aborda, com a presença em cena de intérpretes indígenas, a violência sofrida pelo povo Mapuche durante a ditadura chilena.(Danilo Espinoza Guerra/Divulgação)
“Ñuke” aborda, com a presença em cena de intérpretes indígenas, a violência sofrida pelo povo Mapuche durante a ditadura chilena.(Danilo Espinoza Guerra/Divulgação)

Após a sessão, haverá bate-papo com os artistas (duração: 20 min). Em tempo: para o FIT BH, o local conta com um bar com opção de venda de bebidas e salgados.

Onde: Cerbambu – Centro de Referência do Bambu (Ravena/Sabará). Acesso APENAS por meio do transporte (gratuito). Não há área de estacionamento no espaço.
Ponto de encontro do ônibus: Rua Januária, 68, Centro (em frente à Funarte MG).
Horários de saída: 22/6, sábado, às 17h30
23/6, domingo, às 16h30
24/6, segunda, às 17h
Previsão de retorno (*)
22 e 24/6, sábado e segunda, às 22h30
23/6, domingo, às 21h30
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

“O Fim é uma Outra Coisa” – Zora Santos (SP)

Pesquisadora da culinária afro-mineira e cozinheira, Zora conduz o público do FIT BH a uma viagem de sabores, cheiros e sons. Um encontro performático em torno do ato de cozinhar e comer junto. Nele, os saberes alquímicos e ancestrais sobre o uso dos alimentos com influências dos povos indígenas e negros são contrastados pelo passado e o presente de um Brasil colonial. Em cena, ervas, facas, um panelão e uma colher de pau.  Direção: Grace Passô e Gabriel Cândido. Duração: 75 minutos. Classificação etária: 18 anos. (Abaixo, foto do espetáculo: Jere Nunes/Divulgação)

Quando. Sexta (21), às 20h; sábado (22), às 19h, e domingo (23), às 19h. A sessão do dia 23 vai contar com intérprete de Libras
Onde. Funarte – Galpão 4 (Rua Januária, 68, Centro)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

“Os Orixás” | Giramundo Teatro de Bonecos (BH)

Essa atração do FIT BH apresenta a gênese do mundo, da terra e do homem, sob a ótica do panteão africano. O espetáculo ressalta a assimilação da cultura Iorubá pelos brasileiros, refletida “em nossa maneira de pensar, na alegria, na culinária, no amor à natureza e na vontade de viver”, nas palavras de Álvaro Apocalypse (1937-2003). A peça é original de 2001 e foi remontada em 2019. Na nova versão, a trilha sonora foi refeita por Sérgio Pererê. Assim, as vozes foram regravadas por cantores e atores negros, como Maurício Tizumba, Djonga, Fabiana Cozza e Júlia Tizumba, além do próprio Pererê. Duração: 60 minutos. Classificação etária: Livre.

“Os Orixás” apresenta a gênese do mundo, da terra e do homem, sob a ótica
do panteão africano (Marcelo Gandra/Divulgação)
“Os Orixás” apresenta a gênese do mundo, da terra e do homem, sob a ótica
do panteão africano (Marcelo Gandra/Divulgação)

Quando. Segunda (24), às 21h, e terça (25), às 15h
Onde. Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 311, Praça 7)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

“Papers!” – Xarxa Teatre (Espanha)

A cada edição, o espetáculo que marca a abertura oficial do FIT BH é um acontecimento. Nesta, não deve ser diferente. A tarefa foi delegada ao Xarxa Teatre, que traz “Papers!”. O espetáculo de rua gira em torno de um grupo de imigrantes que chega a um país. No entanto, as esperanças logo são frustradas pelas normas e papéis que a sociedade lhes atribui. Em cena, há espaço para o drama, mas também para o sarcasmo e o humor. Duração: 60 minutos. Classificação etária: Livre.

"Papers!": montagem performativa e imagética transita entre o absurdo, o inimaginável e o real (Jose P. Gil/Divulgação)
“Papers!”: montagem performativa e imagética transita entre o absurdo, o inimaginável e o real (Jose P. Gil/Divulgação)

Quando. Quinta-feira, 20/6, às 19h30
Onde. Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro).
Quanto. Gratuito.

“Poeira” | Grupo Ninho de Teatro (CE)

O grupo Ninho de Teatro tem 14 anos de atuação no interior do Ceará. “Poeira” documenta a sabedoria de mestres e mestras populares. São nomes como Dona Maria do Horto, Zulene Galdino, Raimundo Aniceto, João Aves de Jesus, Dona Edite, Naninha, Soledade, Alzira e Izabel. Os integrantes do grupo passamos a conviver com eles em suas casas, recolheram material cênico e construíram a representação a partir de suas falas. Duração: 80 minutos. Classificação etária: 18 anos. (abaixo, foto do espetáculo: Samuel Mendes Jr./Divulgação)

Quando. Sexta (28) e sábado (29), às 19h; domingo (30), às 18h. Sessão dia 29/6, sábado, com intérprete de Libras
Onde. Funarte – Galpão 3 (Rua Januária, 68, Centro)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

“Vestido de Noiva” | Grupo Oficcina Multimédia (BH)

Adaptação da célebre obra de Nelson Rodrigues sob a batuta de Ione de Medeiros, já fez duas temporadas vitoriosas em BH, e, agora, entra na grade do FIT BH. Após ser atropelada por um carro, Alaíde é hospitalizada em estado de choque. Na mesa de cirurgia, os sonhos e desejos mais inconfessáveis vêm à tona. Quem vai ajudá-la nesse processo é a enigmática Madame Clessi. Duração: 90 minutos. Classificação etária: 14 anos. (abaixo, foto de Netun Lima/Divulgação)

Quando. Domingo (23), às 20h30
Onde. CCBB BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários)
Quanto. R$ 10 a R$ 20 (durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla; depois, R$ 15 a R$ 30).

Bônus: “Elefanteatro”

O cortejo do “Elefanteatro”, do grupo Pigmalião Escultura Que Mexe, é um programa imperdível para a criançada – mas vai, igualmente, divertir também os adultos. É lindo. Impressiona demais! O elefante, como é possível ver na foto abaixo, é uma estrutura móvel construída a partir de itens que seriam descartados. No sábado, dia 29, 10h30, no Centro Cultural São Bernardo. Gratuito.

Foto de um dos cortejos do "Elefanteatro", do Grupo Pigmalião Escultura Que Mexe: fofo, impressionante e imperdível (Dudu Macedo/Divulgação)
Foto de um dos cortejos do “Elefanteatro”, do Grupo Pigmalião Escultura Que Mexe: fofo, impressionante e imperdível (Dudu Macedo/Divulgação)

Projetos especiais

A 16ª edição do FIT BH vai promover várias ações gratuitas de formação e reflexão. Estão previstas as oficinas “Workshop Palestra sobre Produção, Gestão, Carreira” com Heloísa Marina (UFMG) e Simone Sigale (Coletivo Mulheres da Quebrada); a “Oficina de dramaturgia”, com Gabriel Cândido (SP), e a oficina “Focada em atuação (memória, arquivo, ancestralidade)” com Tieta Macau (MA). Será oferecida também residência artística com o diretor, ator e dramaturgo Vinícius de Souza.

Também será oferecida experiência ao público para presenciar os bastidores da criação de um espetáculo. Em “Desmontagem: espetáculo local com Prelúdio à Ismael Ivo (BH), os artistas propõem à plateia uma apresentação performática que desvela o processo criativo de um trabalho teatral.

Serviço geral

Festival Internacional de Teatro Palco & Rua – FIT BH – 2024

Quando. 20 a 30 de junho de 2024
Quanto. Espetáculos de palco e espaços alternativos – ingressos disponíveis na pré-venda promocional: R$20 (inteira)e R$10 (meia-entrada). A partir de 15/7: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
Programação gratuita – espetáculos de rua + residência artística + oficinas + rodas de conversa + lançamento de livro
Programação no Portal Belo Horizonte

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