Candidatos tentam isolar Marçal em debate “morno” e quase sem bate-boca

Debate entre os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, no SBT (Foto: Reprodução/YouTube)

O sétimo debate da campanha eleitoral de São Paulo em 2024, promovido por SBT, Terra e Rádio Nova Brasil FM, nesta sexta-feira (20), foi um contraponto à série de ofensas, xingamentos e troca de acusações entre os principais candidatos que marcaram os encontros anteriores.

Desta vez, diante de regras mais rígidas e após um “puxão de orelhas” do mediador, o apresentador Cesar Filho, os principais concorrentes a governar a maior cidade do Brasil evitaram ataques pessoais e tentaram se concentrar em propostas.

Desde o início do debate, foi perceptível que Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) tentaram “isolar” Pablo Marçal (PRTB), evitando perguntas e embates diretos com o influenciador.

O candidato do PRTB, por sua vez, tentou vestir um figurino “paz e amor”, mostrando uma versão mais comedida e moderada, até então inédita na campanha em São Paulo.

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“Perdão” e “jogo do tigrinho”

Em sua primeira participação no programa, quando interagia com Tabata Amaral, Marçal disse que teve de adotar um comportamento mais agressivo nos debates anteriores para “expor” os adversários.

“Quero aproveitar a oportunidade e pedir perdão a todo eleitor paulistano”, disse Marçal. “A campanha começa para valer agora. A minha tentativa até o último debate foi expor o caráter de cada um”, prosseguiu o candidato.

“Não adianta ouvir propostas de 10 candidatos sendo que eles não são viáveis espiritualmente”, disse o influenciador.

“Em todos os debates, eu nunca fui palhaço. Eu sempre respondi aos palhaços. A Tabata, que parece a moça mais comportada de todas, acabou de ceder esse espaço”, completou Marçal, após ser comparado pela adversária ao “jogo do tigrinho”.

“Pablo Marçal é como o jogo do tigrinho: promessas fáceis que podem até atrair quem está desiludido, mas que lascam com a vida da maioria das pessoas”, afirmou a parlamentar.

“Quanta gente não fez os cursos dele, em que ele promete tudo isso e agora o processam? O que ele fez em Angola é de partir o coração. Os processos que ele responde, os golpes que ele deu na quadrilha”, prosseguiu a candidata.

Apesar das críticas à Tabata, Marçal tentou demonstrar um comportamento mais comedido e até elogiou a candidata do PSB por ter apresentado o projeto do Pé-de-Meia – programa de incentivo financeiro-educacional voltado a estudantes matriculados no ensino médio público beneficiários do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

“Parabéns por você ter dado o pontapé inicial e ao governo federal, que banca isso”, disse o candidato do PRTB.

Críticas a Nunes

Ao contrário dos debates anteriores, nos quais se referiu a Ricardo Nunes como “bananinha”, Marçal fez críticas ao prefeito, mas procurou evitar ofensas diretas.

Em determinado momento, o candidato do PRTB disse que Nunes “tem um BO em relação a briga de família, violência doméstica, e está envolvido com mais de 100 pessoas na máfia da creche na Polícia Federal”.

Em outro debate nesta semana, organizado pela RedeTV!, na terça-feira (17), Marçal acusou Nunes de agredir sua esposa, Regina Carnovale Nunes. Horas depois, ela publicou um vídeo em sua conta no Instagram negando que tenha sido vítima de violência por parte do marido.

Em fevereiro de 2011, Regina teria registrado um boletim de ocorrência contra Nunes, que era vereador na época, na 6ª Delegacia da Mulher, na zona sul de São Paulo. Em 2020, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, a esposa do atual prefeito disse não se lembrar de ter feito o BO. Nunes sempre negou que tenha agredido Regina.

Boulos, por sua vez, acusou o prefeito de São Paulo, candidato à reeleição, de mudar de postura em relação à defesa da vacinação obrigatória na capital paulista.

O psolista criticou duramente a gestão de Nunes em São Paulo e afirmou que o prefeito muda de opinião para agradar aliados.

“A postura do Ricardo Nunes varia de acordo com a eleição. Ele teve oportunidade em 3 anos e meio não fez. Só agora começou a inaugurar placas, obras que ele não vai conseguir terminar”, disse Boulos.

“Esses dias eu vi o Nunes dizendo que errou ao defender a vacinação obrigatória. Para agradar aliados políticos, ele diz que não defende mais e fica mudando de posição”, complementou Boulos, citando uma entrevista recente do emedebista.

Como vice-prefeito de São Paulo durante o governo de Bruno Covas (PSDB) – que morreu em 2021 –, Nunes defendia a decisão de prefeitura de obrigar os paulistanos a se vacinarem contra a Covid-19, no auge da pandemia. Na entrevista mencionada por Boulos, o agora prefeito diz que mudou de ideia.

“O nível está tão bom e você vai querer baixar?”, rebateu Nunes ao responder ao deputado do PSOL.

“Sou eu o prefeito que tornou São Paulo a capital mundial da vacina”, prosseguiu Nunes. “O que eu falei é que precisamos corrigir o que a gente erra, que foi a questão do passaporte [da vacina], ter que apresentar para ir a uma igreja ou a um restaurante”, concluiu.

Ricardo Nunes tem como cabo eleitoral na eleição deste ano o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um opositor declarado da obrigatoriedade da vacinação. Quando estava no governo federal, Bolsonaro criticou a gestão Covas em São Paulo pelas medidas de combate à Covid-19.

“A culpa é sempre do agressor”

No último bloco do debate Pablo Marçal subiu um pouco o tom e falou sobre a agressão de que foi vítima no domingo (15), quando levou uma cadeirada de José Luiz Datena.

Na ocasião, em pleno debate da TV Cultura, Datena partiu para cima de Marçal após o empresário e influenciador ter acusado o tucano de assediar sexualmente uma ex-funcionária da TV Bandeirantes. O caso foi arquivado pelo Ministério Público.

Depois da agressão, Datena foi expulso do debate, e Marçal, levado diretamente para o hospital.

“Aqui no nosso debate tem dois homens que são agressores, cada um na sua modalidade. Não falei o nome, então não tem direito de resposta”, afirmou Marçal, referindo-se a Datena e Nunes, mas sem mencioná-los.

“A gente não aguenta mais homens fracos que nãm conseguem combater ideias e partem para a agressão. Eu sou um símbolo de alguém [que foi vítima] de quem não consegue debater ideias e vai para cima”, prosseguiu Marçal.

“A culpa é minha? A culpa é da mulher que está usando saia curta? A culpa é de quem? A culpa é sempre do agressor. E nós vamos combater isso, veementemente”, concluiu o candidato do PRTB.

Maratona de debates

Apenas nesta semana, foram realizados três debates entre os candidatos a governar a maior cidade do Brasil. No domingo (15), o encontro promovido TV Cultura foi marcado pela cadeirada que José Luiz Datena (PSDB) acertou em Pablo Marçal (PRTB) durante o programa – o tucano foi expulso, enquanto o adversário seguiu diretamente para o hospital.

Na terça-feira (17), foi a vez de os candidatos se encontrarem na RedeTV!, em debate promovido em parceria com o UOL.

Após o encontro no SBT, nesta sexta, ainda estão programados mais quatro debates na campanha eleitoral em São Paulo. Se todos forem, de fato, realizados, o primeiro turno da disputa municipal terminará com 11 debates realizados.

Na semana que vem, o primeiro encontro está marcado para segunda-feira (23), nos estúdios do canal Flow (no YouTube). No sábado (28), o debate será na TV Record.

Na semana seguinte, a última antes do primeiro turno, haverá debates de Folha/UOL (no dia 30) e da TV Globo (3 de outubro). A eleição acontece no dia 6.

Veja quando serão os próximos debates em São Paulo:

1º turno

  • Flow Podcast/ Flow News: 23 de setembro, às 19h
  • TV Record: 28 de setembro, às 21h
  • UOL/Folha de S.Paulo: 30 de setembro, às 10h
  • TV Globo: 3 de outubro, às 22h

2º turno

  • TV Bandeirantes: 14 de outubro, às 22h15
  • UOL/RedeTV!: 17 de outubro, às 9h30
  • UOL/Folha de S.Paulo: 21 de outubro, às 10h
  • TV Globo: 25 de outubro, às 22h

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