Moro pede a Mendes uma bênção ou água ou um milagre. Por Moisés Mendes

Gilmar Mendes e Sérgio Moro. (Foto: Reprodução)

Essa notícia foi publicada pelos jornais com a maior naturalidade, como se fosse algo absolutamente normal em meio a todas as anormalidades brasileiras.

Diz a notícia que o ex-juiz suspeito Sergio Moro se encontrou com o ministro Gilmar Mendes na terça-feira, um dia antes da retomada do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná sobre o pedido de cassação de seu mandato como senador.

É assim mesmo? Pode ser? Não há nada que impeça uma visita como essa. Mas Keila Mellman, a consultora de etiqueta criada por Ilana Klapan, diria que não é de bom tom.

Mendes e Moro se desentendem sobre tudo que diz respeito à Lava-Jato. Na última declaração sobre a República de Curitiba, em entrevista à TV Brasil, Mendes disse que “a Lava-Jato terminou como uma verdadeira organização criminosa”.

Alguém imagina algum chefe do PCC pedindo uma audiência a um ministro do STF? Pois o chefe da organização criminosa de Curitiba foi ao STF falar com o ministro, para pedir, mesmo que só com o olhar, alguma ajuda que possa salvá-lo, ou a bênção ou um copo de água.

Agora, só falta o autoproclamado véio da Havan pedir duas audiências. Uma para conversar com Alexandre de Moraes sobre periquitos e outra só para tomar cafezinho com Lula. Duvidam?

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INTRIGA
Bela Megale, no Globo, fez uma intriga com um detalhe vazado da conversa de Moro e Mendes:

“Moro tentou se desvincular do ex-chefe da força-tarefa, o ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol, cassado ano passado”.

Como se desvincular? Moro falou mal de Dallagnol? Só estava na sala, ouvindo a conversa, o senador Wellington Fagundes (PL-MT), que levou o ex-juiz ao encontro do ministro.

Deltan Dallagnol. (Foto: Reprodução)

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PARA TUDO
Foi interrompido de novo, por pedido de vista, o julgamento das ações contra Sergio Moro no TRE do Paraná.

O placar está em 1 a 1. O pedido de vista funciona mais ou menos como a atitude do jogador que cai em campo para ganhar tempo.

Ele não sabe se, depois da parada, vai ganhar ou perder, mas sabe que parando o jogo algo pode acontecer mais adiante,

Assim funciona a Justiça. Mais ou menos com os jogadores que caem sob a alegação de que precisam cair.

Só que na Justiça quem faz isso muitas vezes são os próprios juízes, que estão há meses lidando com o processo.

Parece meio esdrúxulo, mas é normal. Assim como no jornalismo ficaram normais manchetes como essas, do Estadão e do Globo:

Essa é a do Estadão:

“Desembargador indicado por Lula vota por cassação de Moro, empata julgamento e sessão é suspensa”

E essa é a do Globo:

“Juiz indicado por Lula diverge de relator e vota pela cassação de Moro: investiu mais recursos”

O interessante é que a manchete do Globo não tinha esse detalhe do juiz indicado por Lula, na primeira versão, mas depois o jornal decidiu copiar o Estadão. As chefias se entendem numa hora dessas.

Vamos imaginar o que seria do jornalismo se todas as manchetes tivessem esse tipo de informação, que tem um objetivo, um só: tentar desqualificar o desembargador José Rodrigo Sade logo no título.

Se o juiz foi indicado por Lula para o TRE, só poderia votar contra Sergio Moro. O Estadão e o Globo raciocinam pela lógica do próprio Moro, que tomava todas decisões contra Lula, porque eram contra Lula.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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