PETR4: sob expectativa de mais dividendo e troca ou não de CEO, Petrobras sobe

Petrobras

Quem tem ações da Petrobras (PETR4) vive um dilema nesta segunda-feira (8): vou receber mais dividendos e/ou o atual CEO da petroleira vai seguir ou não no comando da empresa? Se por um lado, os dividendos adicionais são positivos, a troca de CEO pesa negativamente.

Ou seja, isso impacta diretamente na decisão de compra ou venda do papel.

Dessa forma, enquanto esperam por alguma definição, já que a reunião em que esses temas poderiam ser “deliberados”, neste domingo (7), não ocorreu –, investidores adotam cautela nesta segunda-feira (8), reduzindo o volume negociado de PETR4 na B3.

Por volta das 13h30, as ações da Petrobras (PETR4) oscilavam perto da estabilidade, acelerando os ganhos, no meio da tarde, com alta de 0,45%, com os papéis cotados a R$ 38,27. Na máxima do dia, PETR4 foi aos R$ 38,38 e, na mínima, aos R$ 37,73.

O que chamava a atenção, no início da tarde, era o baixo volume, reduzindo a volatilidade do papel, com cerca de 20 mil negócios, bem abaixo de Vale (VALE3), com quase 70 mil negócios (geralmente, PETR4 ou é a mais negociada ou fica parelha com VALE3).

Já o volume negociado, até o momento é de R$ 488 milhões, com projeção de chegar aos R$ 872 milhões, ao final do pregão. Como referência, na sexta passada (3), o volume terminou com R$ 2,4 bilhões e, na quinta (4) – quando a ação teve um desempenho em “V” no pregão, o volume atingiu R$ 6,3 bilhões.

Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, o movimento de lateralização é típico de compasso de espera, por parte dos investidores, enquanto aguardam “sinais de um direcionamento dos negócios”.

“Com a iminência de uma possível alteração no comando da empresa, é natural que o grande investidor prefira não se expor a riscos nesse cenário, até porque existem vários rumores quanto ao nome do possível escolhido e sua forma de condução do negócio”, disse Lima.

Ações da Petrobras: novo CEO?

A baixa volatilidade de Petrobras contrasta muito com a alta do Ibovespa, que sobe 1,3%, aos 128,5 mil pontos. Neste contexto, Álvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, em nota, reforçou que os investidores seguirão acompanhando com atenção a situação na Petrobras, nesta segunda.

“Acreditamos que, se Prates deixar o cargo, as ações reagiriam negativamente, pois redefiniria a tese de investimentos e, mais uma vez, levantaria dúvidas entre os investidores sobre capex, dividendos e política de preços. Ainda vemos isso como especulação até agora”, escreveu o Bradesco BBI, em relatório.

João Abdouni, analista da Levante, avaliou que a Petrobras pode manter Prates como CEO, “ao menos por enquanto, devido ao ruído da troca”. No mais, entende que o petista histórico Aloizio Mercadante, atualmente no BNDES, possa ser indicado como presidente do Conselho da Petrobras, como forma de conciliar os pleitos da estatal com os do governo, especialmente o Ministério de Minas e Energia – onde está o epicentro da crise.

Além disso, Bandeira chama a atenção também para a defasagem em torno dos 17% nos preços dos combustíveis da empresa, o que pode elevar as incertezas dos investidores.

Nesta segunda-feira, o preço do petróleo recua, com um pouco de realização, mas segue acima dos US$ 90 dólares. Semana passada, a commodity superou os US$ 91, indo à máxima do ano.

Ademais, nesta segunda-feira, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deverá se reunir (às 18 horas, de Brasília) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando pode ser batido o martelo sobre o futuro da Petrobras.

Ao mesmo tempo em que se monitoram se Prates continuará na presidência da Petrobras, os investidores aguardam novidades a respeito dos dividendos extraordinários, que estão retidos pela empresa.

Mais Dividendos?

A favor dos acionistas, que não vão se queixar de mais dividendos, está o fiscal.

Hoje, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, admitiu que a distribuição de dividendos da Petrobras e de outras empresas estatais é importante para o governo federal na busca pelo equilíbrio fiscal.

“Não acho que deva haver nenhum tratamento dissonante ao que a regra já prevê”, disse Durigan, que substituiu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento em São Paulo, nesta manhã, exatamente por conta da agenda com Lula, que deve deliberar o assunto hoje em Brasília.

Durigan acrescentou que a distribuição de dividendos, seja da Petrobras ou de bancos públicos, deve seguir as regras colocadas, de mercado, e respeitar a posição do acionista controlador.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

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