Kamala une ativistas, governadores e procuradores em “resistência e luta contra Trump”

Donald Trump, reeleito presidente nos EUA, e Kamala Harris, derrotada no pleito, durante debate eleitoral. Foto: reprodução

Após a reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, movimentos progressistas e lideranças democratas nos estados já intensificaram a mobilização para combater políticas federais que consideram ameaçadoras aos direitos civis e ambientais. Em discurso de reconhecimento da derrota, a vice-presidente Kamala Harris enfatizou a necessidade de “lutar”, expressão que repetiu quase 20 vezes, indicando o tom da oposição que se forma em torno das decisões do novo governo.

Trump foi reeleito com maioria tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral, e a vitória se estende ao controle do Senado, o que lhe possibilita influenciar a Suprema Corte e potencialmente desequilibrar a Câmara dos Deputados a seu favor. Diante desse cenário, segundo Jamil Chade, do Uol, governadores de estados como Nova York, Califórnia e Nova Jersey reforçam a criação de barreiras para proteger os direitos locais.

Em Nova York, por exemplo, a governadora Kathy Hochul anunciou a criação de uma força-tarefa chamada Empire State Freedom Initiative, destinada a proteger os nova-iorquinos de ameaças regulatórias federais. A procuradora-geral do estado, Letitia James, esteve ao lado de Hochul e afirmou seu compromisso em barrar medidas que possam retroceder os direitos civis.

Uma das principais frentes é a proteção ao direito ao aborto, que foi recentemente assegurada na Constituição Estadual, além de um fundo de apoio aos provedores de aborto, com US$ 100 milhões, tornando o acesso ao procedimento mais acessível e seguro.

Outra área em destaque é a questão ambiental. Como copresidente da Aliança Climática dos EUA, Hochul reafirmou a permanência de Nova York na coalizão de 24 governadores que representam 60% da economia nacional, comprometida em reduzir emissões de gases do efeito estufa conforme o Acordo de Paris. Em comunicado, a iniciativa declarou que enfrentará “quaisquer ameaças futuras à ação climática”, com o intuito de promover energia limpa, criar empregos e monitorar o avanço climático.

Kathy Hochul, governadora de Nova York. Foto: reprodução

Nova York não está sozinha nessa resistência. Na Califórnia, o governador Gavin Newsom iniciou uma sessão especial com os deputados estaduais para aprovar medidas de defesa aos direitos civis, liberdade reprodutiva, proteção ambiental e apoio a famílias de imigrantes. Newsom destacou que a “deportação em massa”, mencionada como política de Trump, enfrentará obstáculos legais e logísticos no estado.

Rob Bonta, procurador-geral da Califórnia, explicou que sua equipe tem analisado centenas de ações judiciais movidas pelo estado durante o primeiro mandato de Trump, preparando-se para novos embates jurídicos. “Vamos nos aliar a procuradores-gerais democratas de todo o país para barrar ações que consideramos ameaçadoras aos nossos valores”, afirmou Bonta.

Voltando para a Costa Leste, o governador de Nova Jersey, Phil Murphy, também anunciou uma “operação de guerra” para resistir ao governo Trump. Em declaração à imprensa, ele garantiu que seu estado lutará contra políticas federais que violem os valores da população local.

Movimentos sociais e organizações de direitos civis também intensificaram suas ações para apoiar grupos vulneráveis. Segundo Jamil Chade, organizações pró-direitos humanos abriram linhas de apoio para LGBTQI+, afroamericanos e outras minorias em resposta ao clima de apreensão gerado pela eleição.

Uma ativista, que preferiu não ser identificada, afirmou que, ao contrário de 2016, “desta vez estávamos preparados para agir caso ele fosse eleito”.

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