Motorista de app morto em tiroteio em aeroporto de SP gravou vídeo dentro de ambulância; assista

O motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, que morreu após se baleado em um tiroteio no Aeroporto Internacional de São Paulo, gravou um vídeo e enviou para a esposa enquanto ainda estava sendo socorrido. Na gravação, ele contou que tinha levado um tiro e estava na ambulância (assista abaixo). O alvo do ataque foi o delator do PCC Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que também faleceu.

O vídeo é bem curto e foi enviado para Simone Novais, esposa de Celso. Em entrevista à TV Globo, ela falou sobre a gravação. “Ele fala assim: ‘levei um tiro, estou na ambulância. Aí, depois do vídeo, eu liguei em seguida. No que eu liguei, já deu caixa postal, né?”, relatou ela.

Simone disse que só foi entender o que tinha acontecido, de fato, ao conversar com um amigo do marido, que também estava no aeroporto e presenciou o tiroteio.

“Aí, o amigo dele que estava acompanhando ele na ambulância me ligou e falou o que tinha acontecido: ‘Teve um tiroteio aqui no aeroporto e eu estou na ambulância. Ele foi baleado e está perdendo muito sangue. Aí, ele falou estou indo para o hospital geral e eu já desliguei e falei que estava indo para lá também. Aí, quando eu cheguei lá, ele já estava em cirurgia. Eu já não vi mais ele vivo. Fiquei com ele o tempo todo na UTI, me deixaram ficar lá, mas aí já não acordou mais”, lamentou.

Celso estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Guarulhos, mas faleceu no sábado (9). Além da esposa, com quem foi casado por 21 anos, ele deixou três filhos. Ele não tinha nenhuma ligação com o alvo do atentado.

No domingo, Simone comentou em uma postagem sobre o marido nas redes sociais. “Meu amor foi embora. Vou cuidar dos nossos filhos, amor”, escreveu ela.

O enterro do corpo do motorista de aplicativo está previsto para ocorrer na manhã desta segunda-feira (11), no Cemitério Memorial Vertical Guarulhos, na Grande São Paulo.

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Outros feridos

Um funcionário terceirizado do Aeroporto Internacional de São Paulo ficou em observação no hospital, após ter sua mão atingida durante o ataque, mas já recebeu alta médica.

Uma mulher, de 28 anos, também estava sendo observada pelos médicos, e também teve alta hospitalar. Ela foi atingida por um tiro de raspão no abdômen.

Ataque contra o delator do PCC

O atentado contra Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, delator do PCC, ocorreu na última sexta-feira (8). Conforme a polícia, ele foi atingido por quatro tiros de fuzil no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um no flanco direito (região localizada entre a cintura e a costela).

Gritzbach, que delatou esquemas do PCC na Capital e também a ação de policiais corruptos, era réu em um processo por lavagem de dinheiro da facção criminosa. Ele teria atuado para lavar R$ 30 milhões provenientes do tráfico de drogas e, no momento em que foi morto, portava uma mala com mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor.

O homem sabia que sua cabeça estava a prêmio e já tinha entregado ao Ministério Público de São Paulo um áudio onde dois interlocutores negociavam a morte dele por R$ 3 milhões.

A gravação foi feita pelo próprio empresário. Ele estava em seu escritório com um policial civil amigo quando o agente recebeu uma ligação de uma pessoa ligada a uma das empresas de ônibus de São Paulo suspeita de integrar a facção criminosa.

O policial deixou o telefone em viva voz para que o empresário escutasse e o autor da ligação pergunta ao policial se “3″ estava bom (referindo-se aos R$ 3 milhões) e se o passarinho (Gritzbach)  já estava voando (saindo de casa).  A ligação é encerrada momentos depois.

Sem que o policial soubesse, Vinicius gravou essa ligação em seu próprio telefone e a apresentou ao MP pedindo reforço de sua escolta.

Por enquanto, o atentado segue em investigação, mas nenhum suspeito foi preso. O corpo de Gritzbach foi enterrado no domingo (10) no Cemitério Parque Morumby, na Zona Sul de São Paulo.

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