Como o governo Lula recuperou indústria automotiva após o fechamento da Ford

Carro é produzido em fábrica da Volkswagen. Foto: reprodução

Há três anos, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a Ford decidiu encerrar suas operações no Brasil, causando uma onda de pessimismo na indústria automotiva nacional, ampliando o cenário por um ambiente já adverso moldado pela pandemia de Covid-19, inflação em alta e juros crescentes.

Porém, nos três anos seguintes e com a chegada do governo Lula (PT), o setor testemunhou uma série de desafios, incluindo cortes de produção, paralisações e escassez global de semicondutores até chegar em um cenário de crescimento com investimentos bilionários de onze empresas do setor.

A saída da Ford parecia apenas o prenúncio de uma série de dificuldades enfrentadas pelas montadoras no Brasil. A conjuntura macroeconômica desfavorável, combinada com os impactos persistentes da pandemia, criou um ambiente de incerteza e volatilidade.

O aumento da taxa básica de juros, que disparou de 2% para 9,25% ao longo de 2021, tornou o crédito mais caro, afetando diretamente as vendas de veículos. No pico, a taxa ficou em 13,75% entre agosto de 2022 e junho de 2023.

“Juros mais altos representam crédito mais caro, dificultando principalmente a compra de bens de maior valor agregado, como os carros”, observou André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, em entrevista ao G1.

Crédito na imagem

No entanto, entre o fim de 2023 e o início de 2024, o otimismo voltou para a indústria automotiva brasileira. Grandes montadoras anunciaram investimentos históricos que totalizam R$ 125 bilhões até 2033, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“Estamos em um processo de estabilidade econômica, com um panorama muito melhor para o segundo semestre”, afirmou Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da JATO do Brasil.

Com os investimentos em curso e a melhora gradual do cenário econômico, a indústria automotiva brasileira agora vislumbra um horizonte promissor. A expectativa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) é de um crescimento de 12% nas vendas de automóveis e comerciais leves em 2024, totalizando 2,44 milhões de emplacamentos.

“A estabilidade política traz confiança para o empresário. Tanto é que a estabilidade política foi citada em revisões de notas de crédito do Brasil por agências internacionais classificadoras de risco”, relembrou Galhardo.

Os programas governamentais, como o Nova Indústria Brasil e o Mobilidade Verde e Inovação, desempenham um papel crucial na revitalização do setor. O Nova Indústria Brasil prevê R$ 300 bilhões em financiamentos para a indústria até 2026, enquanto o Mover visa frotas mais limpas e produção de novas tecnologias.

“O Mover traz mecanismos inteligentes para o futuro da indústria automotiva e, principalmente, garante previsibilidade, que é o que as empresas querem”, destacou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

Segundo o governo Lula, a criação do Mover impulsionou ao menos 11 montadoras anunciaram investimentos. São elas:

  • Stellantis – R$ 30 bilhões (2025/2030)
  • Volkswagen – R$ 16 bilhões (2022/2028)
  • Toyota – R$ 11 bilhões (2024/2030)
  • GWM – R$ 10 bilhões (2023/2032)
  • General Motors – R$ 17 bilhões (2021/2028)
  • Hyundai – R$ 5,45 bilhões (até 2032)
  • Renault – R$ 5,1 bilhões (2021/2027)
  • CAOA – R$ 4,5 bilhões (2021/2028)
  • BYD – R$ 5,5 bilhões (2024/2030)
  • Nissan – R$ 2,8 bilhões (2023/2025)
  • BMW – R$ 500 milhões

Apesar do clima otimista, persistem desafios a serem enfrentados. O acesso a empréstimos mais baratos ainda é um obstáculo para muitos consumidores, e a recente queda da taxa básica de juros do país pode levar algum tempo para ser plenamente refletida nas condições de crédito ao consumidor.

“O repasse da queda da Selic aos juros na ponta tem um período de defasagem, que leva de três a seis meses para ser sentido pela população”, explicou Galhardo.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Adicionar aos favoritos o Link permanente.