Pesquisadores e profissionais da palhaçaria negra trabalham ancestralidade, memória e antirracismo por meio do legado de Benjamim de Oliveira
Entrar em cena com o objetivo de se tornar um projeto cultural representativo. Esse é o propósito do “Benja em Mim – 1° Círculo de Pesquisa em Palhaçaria Negra”. Assim, a iniciativa se dedica à recuperação do acervo de obras daquele que é tido como o primeiro palhaço negro do Brasil com visibilidade, ou seja, o mineiro Benjamim de Oliveira (1870 – 1954). Desse modo, idealizado e coordenado por Mariele Cristina Conceição, a palhaça Mar, o projeto visa a formação circense, mas, tal qual, a difusão da memória deste ícone. Sendo assim, cumpre ressaltar que os trabalhos desenvolvidos terão acessibilidade em libras, e incluem a qualificação, difusão e valorização da palhaçaria negra.
Nessa primeira edição, o Benja em Min vai promover a transcrição de sete obras de Benjamim de Oliveira (NR. Em sites e publicações sobre o artista, é possível encontrar o nome dele tanto com “n” no final quanto com o “m”, ou seja, Benjamin e Benjamim). Tal qual, a iniciativa realizará nove círculos de pesquisa sobre as peças dele, revitalizadas. E, ainda, quatro consultorias de pesquisa virtuais, bem como duas oficinas que serão dadas em escolas municipais de Belo Horizonte.
Benjamim de Oliveira
Benjamim de Oliveira nasceu em 1870, na fazenda dos Guardas, na atual cidade de Pará de Minas, filho de pessoas escravizadas. Aos 12 anos, foge com o Circo Sotero e, assim, percorre o sertão mineiro com a companhia. Desse modo, tornou-se um artista completo e diferenciado no fazer teatral – porém, sempre fiel ao picadeiro. Ou seja, um multiartista: palhaço, ginasta, acrobata, músico, cantor, dançarino, ator, autor de músicas e peças teatrais e diretor de companhia.
De acordo com a idealizadora do Benja em Mim, Mariele Cristina, o projeto emerge empunhando a bandeira da defesa do protagonismo da palhaçaria negra. “Nesta edição, focamos em pessoas negras, periféricas, da palhaçaria em Belo Horizonte. Mas houve a chamada pública e vieram profissionais de outros estados para compor a equipe”. No cômputo geral, ela diz: “À medida que vamos rompendo o racismo, temos consciência da imensidão de (artistas) circenses que existem e lutam dia a dia para se produzir em meio a invisibilidade. Assim, Benjamim está em Mim, em nós”.
Parcerias
Grande parte da pesquisa das obras e acervo histórico foi realizada no Museu Histórico de Pará de Minas (Muspam), cidade onde o artista nasceu, e que guarda 14 obras de Benjamim de Oliveira. A web TV Matracas, com programas protagonizados por pessoas do continente africano e do Brasil, também acolhe o projeto.
Mariele Cristina Conceição comenta que o trabalho tem permitido movimento, reflexões, redes e continuidade do fazer. “Desse modo, já encontramos, nas peças de Benjamim, referências ao Jongo (dança brasileira de origem africana que é praticada ao som de tambores, como o caxambu), a personalidades negras. Assim, é muita honra dar mais um passo na caminhada deste movimento Sankofa (lembrança da história afro-americana e afro-brasileira), em meio a tantas iniciativas potentes protagonizadas por pessoas negras”.
Ela se refere a iniciativas como o Quilombo Benjamim, concebido por Wildson França; bem como o enredo da Escola de Samba do Salgueiro ou, do mesmo modo, os festivais em memória a Benjamim realizados em Pará de Minas, articulados em parceria com o Circolino. Tal qual, a Mostra Benjamim, organizada pela Cia. Burlantins e Napele Produções. E, ainda, o projeto “Na Lona de Benjamim”, do Coletivo Catapum, e uma montagem de Benjamim com projeto de Vinicio Queiroz.
Serviço
Confira a programação (gratuita)
Círculos de pesquisa no YouTube, sempre às quartas-feiras, às 21h
Dia 24 de abril. Neste dia, Jojô Vieira e Hislany Midon comentam a obra “Greve Num Convento”.
Dia 8 de maio. A obra “O Grito Nacional” será comentada por Chico Vinicius, o Palhaço Peleja.
Dia 22 de maio. A obra “A Ilha das Maravilhas” tem apresentação de Alef Costa, o Palhaço Temporário.
Dia 12 de junho, aniversário de nascimento de Benjamim de Oliveira. Marcus Carvalho, o Palhaço Pinga, comenta a obra “O Chico e O Diabo”. Também nesta data, Elisângela Souza, a Palhaça Penicilina Pau de Enchente, ministra oficina de formação para estudantes de escola pública de Belo Horizonte.
Dia 26 de junho. Alexis Sandro, o Palhaço Sapeco comenta a obra “O Punhal de Ouro”.
Dia 3 de julho. Wendell Guilherme, o Palhaço Caracol comentará a obra “Os Irmãos Jogadores”.
O apresentador destas rodas será Vinicio Queiroz, o Palhaço Chouriço. Já a intérprete de libras, Carol Mezanto.
Consultorias de Pesquisa
No YouTube, sempre às terças-feiras, às 21h. Dias 16/4, 14/5 e 18/6. Temáticas a definir.
As consultorias de Pesquisas são de Carlindo Fausto Antônio, poeta e dramaturgo. Atualmente, Fausto é docente da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (UniLab). A instituição, pública e Federal, está localizada no Recôncavo Baiano.
Serviço
O link de acesso ao banco de dados, onde ficarão as peças, os Círculos de Pesquisa e o Grupo de Whatsapp é: https://linktr.ee/benjaemmim . O Projeto Benja em Mim conta com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
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